Captado por análise do Vasco, Galarza quer ficar: "será um grande passo"
Sem dinheiro para grandes contratações, o Vasco tem investido na base e colhido alguns frutos por conta disso. Além dos títulos da Copa do Brasil, da Supercopa e do Campeonato Carioca da categoria sub-20 conquistados na temporada passada, jogadores passaram a ser mais aproveitados no profissional e uma parcela deles já começa a dar resposta, dentre eles o jovem paraguaio Matías Galarza, de 19 anos, oriundo do trabalho de captação cruz-maltino.
Ainda que a contratação de estrangeiros para as categorias inferiores no Brasil não seja tão comum, o Vasco tem deslocado funcionários do setor de análise para avaliar torneios importantes no continente. E foi assim que, observando o Sul-Americano sub-17, o meia da seleção paraguaia chamou a atenção do clube.
"Matías veio através de um processo de observação do Sul-Americano sub-17, onde a gente acompanhou todas as partidas. Foi um projeto organizado pela Análise de Mercado e Captação, que é coordenado pelo Alexandre Falbo. Quando chegou para nós a possibilidade dele vir, a gente já tinha previamente uma análise. E o que mais chamou atenção foi realmente essa atitude dele em campo, um jogador de qualidade, de simplificar as jogadas, de dar fluidez ao meio de campo e, principalmente, o estilo dele pressionar, de não desistir das jogadas, de estar sempre incomodando o portador da bola quando ele está marcando. A capacidade dele de ser um motorzinho ali do meio de campo", declarou ao UOL Esporte o coordenador de análise de mercado do clube, Witor Bastos.
A possibilidade de trazer Matías Galarza surgiu ano passado por meio do primo de Messi, o ex-atacante argentino Maxi Biancucchi, que jogou no Flamengo entre 2007 e 2009 e que tornou-se empresário do jovem. Quem intermediou o negócio junto ao Vasco foi o agente brasileiro Régis Marques.
Estabeleceu-se, então, um acordo com o Olímpia (PAR), detentor de seus direitos econômicos: um empréstimo até janeiro de 2022 com uma opção de compra pré-fixada. A reportagem apurou que o valor é de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,6 milhões) por 60% dos direitos.
Apesar de estar focado em sua nova fase no profissional, Matías Galarza admite que tem o desejo de permanecer no Vasco após o término do vínculo atual.
"Estou focado agora no que está se passando, no profissional, estou mais focado nisso. Creio que se chegar essa opção [de compra], será um grande passo na minha carreira permanecer num clube tão grande como o Vasco, mas agora estou mais focado no que estou fazendo, no melhor para o clube, em tratar de melhorar meu jogo, ganhar partidas... Não estou muito metido nisso [na negociação]", declarou o jovem ao UOL Esporte.
Diretor-executivo de futebol do profissional e responsável por negociar os contratos, Alexandre Pássaro, porém, pregou cautela, ressaltando que não há a necessidade de acelerar o processo de compra faltando ainda bastante tempo para o término do empréstimo.
"Ele está emprestado com opção de compra, e opção de compra se exerce no último dia da opção. Se eu tenho a opção até determinada data, não tem por que eu antecipar isso. A não ser que se tenha um desconto, aí são outros quinhentos. No caso do Matías, por exemplo, ele já tem salários estipulados para frente, já está combinado quanto ele vai ganhar caso o Vasco adquira o atleta, então temos que esperar a dinâmica, não podemos ser ansiosos de fazer qualquer movimento agora sem que o Vasco tenha qualquer benefício em fazê-lo", disse Pássaro.
"Estamos muito felizes com o desempenho dele. Queremos dar os parabéns para o departamento de base, que conseguiu captar o Matías já numa idade avançada para a base, acreditou nele, trouxe e tem rendido bons frutos para o Vasco", acrescentou.
Vasco precisou tranquilizar família com a Covid-19
No período da negociação, Matías Galarza se interessou prontamente com a possibilidade de se transferir para o Vasco, mas sua família, inicialmente, teve receio por conta do coronavírus e os assustadores números de mortes e casos de Covid-19 no Brasil. Coube ao Cruz-Maltino, então, explicar detalhadamente aos parentes todos os rígidos protocolos de segurança aplicados pelo clube desde o início da pandemia, até porque — até hoje — o jovem mora em São Januário, na "Pousada do Almirante", dedicada aos garotos oriundos de outros estados ou países.
"Sair tão cedo do meu país não foi tão fácil. Tive que consultar meus familiares, era uma experiência nova para mim, ainda mais com a situação da pandemia. Na metade do ano passado o Brasil era um dos primeiros países em quantidade de mortes e casos, não era uma decisão fácil [atualmente o país lidera o número de mortes diárias no mundo]. Porém, eu e minha família concordamos que seria um grande passo na minha carreira representar um clube tão grande como o Vasco, e eu sabia que vinha para o sub-20 com grandes objetivos de ser campeão da Copa do Brasil, Supercopa...Eu sabia que a primeira oportunidade seria semear no sub-20 com claros objetivos, e sempre tive confiança de que em algum momento chegaria a oportunidade [de subir para o profissional]", destacou Galarza.
Departamento também ajuda o profissional
O departamento de análise e captação do Vasco — que ajudou na vinda de Matías Galarza — também tem auxiliado Alexandre Pássaro no processo de reformulação do elenco profissional. O diretor-executivo elogiou e dimensionou o trabalho do setor:
"Queria aproveitar esse gancho para dizer que este departamento, que é o mesmo que aprovou o Matías, só nesse último período de relatório de jogadores tem mais de 250 nomes em um mês. Ou seja, uma quantidade gigantesca para uns cinco estarem aqui. É um trabalho muito grande, absurdo, e quero aproveitar até para agradecer ao Witor [Bastos], que tem nos ajudado muito. É o que tenho dito: nós não vamos trazer ou descartar qualquer jogador sem qualquer processo de análise".
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