Caso Borré mostra como mercado usa Brasil para inflar ofertas até na crise
Rafael Santos Borré chegou a ser tratado como reforço do Grêmio nos últimos dias. Os números inflados — salário de US$ 2,5 milhões (R$ 14 milhões) por ano e luvas de US$ 6 milhões (R$ 33,8 milhões) — saltaram aos olhos no futebol brasileiro. A situação, entretanto, desandou, e o clube anunciou a desistência do negócio depois de sentir "hesitação do jogador".
A sensação gremista ao fim das tratativas pela contratação do atleta foi a mesma de outros clubes que o procuraram recentemente, como Palmeiras e São Paulo: o colombiano tentou se aproveitar do mercado brasileiro, o principal da América do Sul na visão de agentes, para ser valorizado no mercado da bola. Não obstante a crise financeira e a retração na movimentação dos clubes nacionais causada pela pandemia.
O atacante deixa a negociação com o Tricolor gaúcho mais valorizado, sobretudo pelos números propostos. Os gremistas, inclusive, só apresentaram tal oferta por causa dos valores oferecidos pelo Palmeiras no passado. Ele já havia recusado um projeto com US$ 2 milhões (R$ 11,27 milhões) de salários e US$ 4,8 milhões (R$ 27 milhões) de luvas na Academia de Futebol.
Os números sobem a cada procura, e a tendência é que o próximo interessado, mesmo do exterior, apresente um pacote ainda mais recheado para contar com o centroavante de 25 anos. Com contrato até junho com o River Plate (ARG), o colombiano não deve ficar no clube, mas sonha com uma proposta sedutora da Europa, que ainda não apareceu. No caso alviverde, as idas e vindas ao longo das tratativas acabaram por desgastar o negócio, em um filme muito parecido com o do Grêmio.
A postura do estafe de Rafael Santos Borré é vista em todo o Brasil neste mercado da bola e também com outros nomes. Recentemente, as diretorias de Palmeiras e São Paulo viram a divulgação de notícias sobre uma possível volta de Diego Costa ao país como uma tentativa de valorização do centroavante no mercado.
Com um pedido salarial que supera os R$ 2 milhões por mês, o brasileiro naturalizado espanhol está fora dos padrões financeiros de qualquer clube do país, inclusive os mais organizados e com poder de investimento na janela. Mesmo que tenha conversado com a dupla paulista, Diego Costa foi descartado por ambos. Ele segue com o futuro indefinido desde a sua saída do Atlético de Madri.
O próprio São Paulo foi utilizado na Colômbia pelo estafe de outro atacante: Duvan Vergara. O atleta do América de Cali foi colocado em pauta no Tricolor paulista durante boa parte do mercado. Entretanto, houve apenas uma consulta por parte do clube neste período, sem a existência de proposta.
O valor pedido pelos colombianos para a liberação do atleta, algo que nem sequer foi discutido pelos são-paulinos, também é visto como algo acima da realidade do clube. A especulação exagerada no noticiário da Colômbia também foi vista como uma tentativa de valorização do jogador, que permanece em seu time.
Recentemente, o mesmo São Paulo viu os dirigentes do Nacional (URU) utilizarem outros clubes para valorizar o meio-campista Gabriel Neves, um pedido de Hernan Crespo no mercado da bola.
O departamento de futebol tricolor conversou com a cúpula uruguaia e tentou um acordo pelo atleta. Em meio às tratativas, viu o presidente do Nacional apontar o Inter e o Palmeiras como interessados no volante. A ação dos uruguaios, contudo, foi desmentida por dirigentes do Colorado e do Verdão. Ambos negaram interesse pelo jogador de 23 anos.
A postura adotada pelo Nacional fez o São Paulo desistir de um acordo neste momento pela contratação do atleta. O presidente Julio Casares havia enviado uma proposta de US$ 2,5 milhões parcelados para contar com o atleta. Os uruguaios chegaram a dar o aval para o valor, mas recuaram na sequência, alegando outros interessados. Diante da descoberta do blefe, o Tricolor paulista recuou nas negociações.
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