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De aposta a nome badalado, Babi 'estoura' em quase um ano de Botafogo

Matheus Babi, atacante do Botafogo - Vitor Silva/Botafogo
Matheus Babi, atacante do Botafogo Imagem: Vitor Silva/Botafogo

Alexandre Araújo, Bernardo Gentile e Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

02/04/2021 04h00

De aposta a nome badalado no mercado da bola, Matheus Babi mudou de patamar em quase um ano de Botafogo. Com o clube em meio a uma reformulação e em busca de receitas, o atacante é visto como uma forma de o Alvinegro fazer caixa: a diretoria analisa propostas do rival Fluminense e do Athletico-PR.

Babi, 23 anos, tem os direitos econômicos ligados ao Serra Macaense, com 40% cedidos ao Glorioso, em uma negociação por conta da chamada "taxa de vitrine".

Segundo o UOL Esporte apurou, a oferta do Furacão é mais vantajosa financeiramente, mas o Tricolor carioca busca convencer o jogador a permanecer no Rio de Janeiro, além de ter a Copa Libertadores e um projeto de carreira com valorização salarial como trunfos.

O nome dele ganhou manchetes recentemente por ser alvo de diversos clubes que buscam reforços para o setor ofensivo. A altura, o fato de ser ambidestro e poder jogar também fora da área, além da dificuldade que a posição apresenta no mercado da bola, são fatores que ajudaram para este holofote.

O atacante, com seu chamativo 1,91 m de altura, desembarcou em General Severiano em junho do ano passado, após bom desempenho no Campeonato Carioca pelo Macaé. A boa fase, inclusive, rendeu até plaquinhas — "Hoje tem gol do Babigol" —, em referência à brincadeira da torcida do Flamengo com Gabigol.

Natural do Morro de São Jorge, no Bairro Aroeira, em Macaé, foi no clube que leva o nome da cidade que ele deu os primeiros passos na carreira. Ainda na base, foi observado pelo Grêmio e rumou para Porto Alegre em 2016. Na ocasião, apesar de certo pé atrás da comissão técnica, tinha a confiança da diretoria e respondeu em campo. Deixou o clube após duas temporadas, em meio a mudanças depois de uma alteração na gestão das categorias inferiores do Tricolor gaúcho, movimento que também dispensou outros atletas.

De volta ao Rio de Janeiro, vestiu novamente a camisa do Macaé antes de ir para a America, em 2019. No Mecão atuou com o volante Sandro Silva, que já caminhava para pendurar as chuteiras e, posteriormente, virou um dos gestores da carreira de Babi, com quem chegou a dividir casa — um pouco mais sobre essa relação foi contada pelo UOL Esporte em setembro do ano passado.

O jovem jogador ainda voltaria ao Macaé para a disputa da seletiva do Carioca 2020, que teve início em dezembro de 2019. Se tornou o artilheiro desta fase, com gols importantes para que o Alvianil chegasse à elite do Estadual.

Matheus Babi e Sandro Silva pelo America-RJ - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Matheus Babi e Sandro Silva pelo America-RJ
Imagem: Reprodução Instagram

Apesar das boas atuações, Babi deixou o Macaé durante o torneio. Após uma troca na comissão técnica, com a chegada de Charles Almeida, não escondeu certa insatisfação no clube e foi sacado das últimas rodadas. Ficou afastado um tempo até ter os seus direitos vendidos ao Serra Macaense, clube hoje que detém os direitos do jogador e o emprestou ao Botafogo.

Apesar de ter "estourado" tarde, os gols e o fato de ser uma negociação que não dependia de grande aporte financeiro, o credenciaram para que a diretoria do Glorioso o considerasse uma boa aposta, indo à frente com a negociação. Agora, o clube de General Severiano busca ganhar uma boa quantia e celebra as respostas positivas que o nome do atacante tem tido no mercado.

"Tranquilo", "humilde" e "trabalhador" foram algumas das características apontadas por quem trabalhou com o Babi. Agora, no Botafogo, indicou-se também uma maior preocupação com a parte física, lembrando que tem frequentado a academia antes e depois dos treinos.

Matheus Babi foi apresentado como reforço do Botafogo no início de julho de 2020 - Matheus Babi - Matheus Babi
Matheus Babi foi apresentado como reforço do Botafogo no início de julho de 2020
Imagem: Matheus Babi

Mas nem tudo são flores. No próprio Alvinegro, o camisa 11 viveu momentos complicados, com atuações apagadas e críticas de parte da torcida, enquanto o time descia a ladeira no Brasileirão em uma campanha que culminou com o rebaixamento antecipado à Série B. Pessoas próximas, porém, garantem que Babi soube "absorver a pressão" e "tirar lições" de tudo que aconteceu.

Até aqui, foram 47 jogos disputados com a camisa do Glorioso e 15 gols. O último, na quarta-feira (31), contra o Madureira, pelo Carioca.

Desmotivado x focado?

Em meio às especulações, o presidente Durcesio Mello indicou que Babi estaria "desmotivado" no Botafogo, confirmando que o jogador recebeu propostas do Athletico e Fluminense.

"O jogador está muito desmotivado, não adianta ter jogador desmotivado no time. São vários clubes perguntando sobre ele, mas não tenho poder nenhum de vender. Fluminense e Athletico fizeram propostas", disse, em entrevista à Rádio Bandeirantes.

Após o empate com o Madureira, o atacante afirmou estar alheio aos assuntos relacionados ao mercado da bola e garantiu estar focado no Glorioso. "O extracampo eu deixo para meus empresários resolverem. Enquanto estiver aqui ,vou defender a camisa do Botafogo", assegurou.

"Série B é pequena para Babi"

O nome de Babi esteve, indiretamente, envolvido em uma polêmica recente. Presidente do Serra Macaense, Rodrigo Santos disse não ter "interesse em ver o atleta jogando a Série B" do Brasileiro, afirmando ainda que a "competição é pequena" para o camisa 11.

"O Matheus Babi pertence 100% ao Serra Macaense. O Botafogo tem 40% de vitrine, ou seja, se deixar terminar o contrato no final do ano o clube não terá direito a nada. Eles têm a opção de antecipar a compra do passe. No entanto, a situação econômica deles não permite grandes investimentos. Por isso, já comunicamos ao Botafogo que não temos interesse em ver o atleta jogando a Série B do Campeonato Brasileiro. Nós entendemos que a competição é pequena para o Matheus Babi", disse, em entrevista ao site Torcedores.com.

Posteriormente, o dirigente pediu desculpas ao Alvinegro e à torcida, apontando que as "palavras foram distorcidas". Ele assegurou ainda que o Botafogo está sendo importante para o jogador.

"Quero pedir desculpa, principalmente, para a instituição Botafogo, porque acredito que minhas palavras foram distorcidas da forma como foram apresentadas nos meios de comunicação. Tenho que pedir desculpa também à torcida porque, normalmente, a torcida fica sabendo tudo pela mídia e, na verdade, não foi da forma como aconteceu na entrevista", indicou ao site FogãoNet.

"Enfim, faz parte do processo. Meu clube é jovem, sou um presidente jovem, quero nesse momento dizer que o Botafogo está sendo muito importante na carreira do Babi e para o Serra Macaense. Foi o Botafogo que abriu as portas para o nosso clube e para o projeto Matheus Babi", completou.

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