Kit a pretos ilustres adapta carta que fez Vasco se insurgir contra racismo
Com o objetivo de valorizar cada vez mais o episódio onde se insurgiu contra o racismo em 1924 — se recusando a excluir jogadores negros, operários e analfabetos de sua equipe — o Vasco segue realizando ações em comemoração ao aniversário de 97 anos da chamada "Resposta Histórica". E uma das mais interessantes foi um kit enviado a personalidades pretas — não necessariamente vascaínas — contendo, entre outros itens, uma adaptação da carta da Amea (Associação Metropolitana de Esportes Athleticos) à profissão do presenteado.
Paulinho da Viola [foto], por exemplo, foi um dos agraciados. Ao receber o kit, ele já se deparou na tampa do produto com uma carta adaptada aos músicos, insinuando que o sambista seria excluído da associação pela "manutenção de profissionais sem condições sociais apropriadas para o convívio artístico, de cor negra ou parda, provavelmente analfabetos, o que atenta contra as expectativas da sociedade brasileira". Ao fim do texto, há a pergunta: "Você achou absurdo? Abra a caixa".
Ao abrir o produto, o artista se deparou com uma segunda carta, que se inicia da seguinte forma: "Receber uma carta como essa é um soco na boca do estômago. O racismo está enraizado em nossa sociedade de forma violenta e as raízes são antigas, muito antigas e que, infelizmente, perduram até os dias atuais. Há séculos, busca-se uma resposta para absurdos como estes. Mas houve um clube que ousou responder". E em seguida é explicado ao presenteado o posicionamento do Vasco em relação às exigências da Amea para exclusão dos jogadores negros e operários. No fim, é solicitado ao agraciado que ele abra o envelope.
No envelope encontrado no kit, há uma réplica da "Resposta Histórica" e uma terceira carta, que faz um balanço sobre os efeitos da lendária decisão vascaína bem como destaca o outro quesito de impedimento ao Vasco na época. O fato de não possuir um estádio, o que motivou os sócios do clube a construírem posteriormente São Januário, que se tornaria o maior estádio da América do Sul no período.
Abaixo de todos estes itens, a personalidade negra ainda ganha uma réplica da camisa do time de 1924, que ficou conhecido como os "Camisas Negras".
A ação foi idealizada em conjunto entre os departamentos de Marketing, Relações Públicas e Responsabilidade Social.
Além de Paulinho da Viola, já tornou-se público que o sambista Nelson Sargento e o jornalista Pedro Moreno foram agraciados com o kit. Outras personalidades pretas espalhadas pelo Brasil receberão nos próximos dias, mas o UOL Esporte conseguiu apurar algumas delas: as cantoras Iza e Teresa Cristina e as atrizes Taís Araújo e Camila Pitanga.
Réplica da camisa de Barbosa será relançada
As ações da "Resposta Histórica" são uma continuidade às homenagens ao ex-goleiro Barbosa, que se estivesse vivo teria completado 100 anos no último dia 27 e que, curiosamente, faleceu no dia 7 de abril, mesma data do ato antirracista do Vasco de 1924.
O clube já havia feito um mosaico no setor social de São Januário com a frase "Barbosa 100" no dia de seu aniversário que perdurou até o 7 de abril, quando a mensagem mudou para "CRVG 1924", em alusão ao feito. Uma faixa também foi produzida com a frase "Já lutei por negros e operários", retirada de uma música da torcida.
Há, porém, mais ações a serem realizadas, e uma delas é o relançamento da réplica da camisa que Barbosa atuava no Vasco da Gama. O prazo ainda não foi divulgado.
Nesta semana, o clube lançou uma camisa chamada "All Black", em parceria com a Kappa, alusiva à luta racial do clube.
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