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O que o Fluminense pode enfrentar pelo caminho no grupo da Libertadores

Roger Machado, técnico do Fluminense, conversa com o elenco  - Mailson Santana / Fluminense FC
Roger Machado, técnico do Fluminense, conversa com o elenco Imagem: Mailson Santana / Fluminense FC

Alexandre Araújo e Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

10/04/2021 04h00

"Agora é guerra, começou a Liberta para a gente". Foi com essa mensagem à torcida que o atacante Fred encerrou a participação na transmissão da FluTV no sorteio da fase de grupos, ontem (9). A frase resume um pouco do sentimento do clube neste retorno à competição, após oito anos, e o desejo de conquistar a taça ainda inédita. No caminho tricolor, já há dois adversários definidos: River Plate, da Argentina, e o Independiente Santa Fe, da Colômbia.

O clube das Laranjeiras aguarda ainda o vencedor do duelo entre Junior Barranquilla, também da Colômbia, e Bolívar, da Bolívia. Na última quinta-feira, o Bolívar venceu por 2 a 1, em casa. O jogo de volta será na próxima quinta.

Para entender um pouco melhor os percalços que podem surgir à frente da equipe do técnico Roger Machado, o UOL Esporte tenta mostrar as situações dos outros integrantes do Grupo D da competição continental.

Um ponto que foi considerado positivo pela cúpula tricolor, logo após o sorteio, foi a logística. Com adversários na Colômbia, Argentina e a possibilidade da Bolívia, o presidente Mário Bittencourt indicou que as viagens podem ser um obstáculo a menos nesta maratona do Flu.

Apontado como um dos favoritos, o River Plate também se encontra em meio a jogos importantes e ainda busca adaptação após saídas e chegadas ao elenco.

"Para o River, esta Libertadores está em uma circunstância em que luta pela classificação à segunda rodada da Copa da Liga Argentina, que é o torneio mais importante deste momento na Argentina. E tendo avançado para as oitavas de final da Copa da Argentina, quando vai enfrentar o Boca. Agora, continuar nas competições não implica que esteja em seu melhor nível. Não está, por exemplo, no nível daquele jogo contra o Palmeiras, no Allianz Parque [na Libertadores do ano passado]. Ainda não se acostumou com a ausência de Ignacio Fernández, que foi para o Atlético-MG", disse Nico Berardo, do jornal argentino Olé.

"O River vai ter que aproveitar suas variações. E há a possibilidade de ser campeão na liga local, o que não conseguiu nos últimos torneios. Gallardo diz que é a possibilidade de vencer este torneio local de uma vez por todas, e também tem a necessidade de tentar avançar no grupo porque seu objetivo é ganhar a Libertadores, algo que escapou em 2019 e 2020", completou.

Outro adversário já certo, o Santa Fé passou por mudanças no estilo de jogo nos últimos anos, com a chegada do técnico Harold Rivera e, segundo Sebastián Bejarano, da rádio colombiana El Vbar Caracol, apresenta um dos melhores níveis de futebol no país.

"O Santa Fé é um time muito organizado desde quando o Harold Rivera chegou. Era um time com muito cruzamento e pouca posse e ele mudou isso sem perder a essência dos jogadores, que vão bem no jogo aéreo, manejam bem a bola parada. No ataque, os gols estão mais na parte da criação. Tem volantes muito bons na primeira linha e que podem jogar no chamado 'box-to-box'. Tem uma defesa muito sólida. Vale lembrar que o Rivera chegou em 2019, quando o Santa Fe estava perto do descenso, fazia um torneio ruim, e mudou o cenário. Hoje o Santa Fe tem algumas das melhores atuações do futebol colombiano", conta.

Em relação ao Junior Barranquilla, que ainda briga para chegar à fase de grupos, Bejarano lembra que há no elenco um velho conhecido dos brasileiros: o atacante Miguel Borja, que atuou no Palmeiras.

"Junior tem um futebol bem mais vertical, volantes extremos, com muita chegada pelo centro. Tem um 9 que atuou no Brasil, que é o Borja, e um jogador como o Teo Gutierrez, que foi um dos melhores da América nos tempos de River Plate. Sem dúvida um dos melhores da liga colombiana. A defesa ainda não encaixou bem a dupla central, está mudando bastante. O ataque é muito solvente, enquanto o setor defensivo tem alguns buracos. Não é uma equipe que deslumbra, mas os times colombianos que vão disputar a Libertadores estão em um nível bem parelho", aponta.

No caso do Bolívar, que venceu o primeiro duelo com o Barranquilla, a Libertadores se transformou em um dos objetivos a curto prazo do clube, que montou um projeto para o centenário, que acontece daqui a cinco anos.

"O Bolívar está concentrado em conseguir uma vaga na fase de grupos da Libertadores e, por isso, vai apresentar uma equipe alternativa para o torneio local, onde, na segunda-feira, encara o Independiente Petrolero. O Bolívar tem um projeto de cinco anos, quando completa o centenário, de conquistar a Libertadores e obter o tricampeonato do Campeonato Boliviano, algo que ainda não conseguiu. Foram feitas contratações de alguns jogadores bolivianos jovens, que se aliam a estrangeiros. Eles estão implementando um novo modelo de gestão e esperam chegar à fase de grupos, mas sabem que é uma demanda maior, mais difícil", aponta Edsy Gisbert, da revista Cábala de Bolivia.

Priorizar?

Durante participação na transmissão do sorteio pela FluTV, o técnico Roger Machado foi questionado sobre priorizar competições em meio ao apertado calendário desta temporada. O treinador afirmou que o objetivo será sempre o "jogo seguinte", mas indicou que vai aguardar o caminhar dos torneios.

"A gente costuma sempre priorizar o jogo seguinte. Mas o certo é que vamos com força máxima, com aqueles atletas que estiverem em melhores condições sempre. Não dá para, antecipadamente, falarmos que vamos em uma direção ou outra porque não sabemos que direção vamos tomar. É bem saudável ir passo a passo. Você faz um planejamento macro, mas isso vai mudando, como, por exemplo, foi no Estadual. Começamos com o sub-23, com o planejamento pré-determinado, mas com a flexibilidade que tivemos de dar o recesso para alguns e outros voltarem antes"

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