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Cury critica Cruzeiro e diz que clube pode só retomar força em 15 anos

Projeto de clube-empresa é também visto no Cruzeiro como alternativa para problemas financeiros do clube - Divulgação/Cruzeiro
Projeto de clube-empresa é também visto no Cruzeiro como alternativa para problemas financeiros do clube Imagem: Divulgação/Cruzeiro

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

17/04/2021 04h00

O empresário André Cury, um dos mais influentes no mundo do futebol, é credor nos dois maiores clubes de Minas Gerais e tem quantias consideráveis a receber tanto do Atlético-MG quanto do Cruzeiro. Conhecedor de detalhes do mercado da bola, o agente fez críticas ao modelo de gestão adotado pela Raposa, que por anos contratou vários jogadores sem ter como pagar pelas aquisições.

"Falando do Cruzeiro, um pouco, o problema não é só da gestão do Wagner [Pires de Sá]. A gestão anterior ao Wagner, quando ao presidente era o Gilvan [de Pinho Tavares], também cometeu muitos erros, como contratação cara, jogador que veio e nem jogou, e isso aí vai endividando o clube", comentou em entrevista ao portal esportivo mineiro Superesportes.

Antes de Wagner Pires de Sá tomar posse, o prejuízo acumulado do Cruzeiro, entre 2012 e 2017, atingiu R$ 174,6 milhões no período em que Gilvan de Pinho Tavares presidiu o clube.

"Se não aparecer nenhum tipo de coisa, como colocar ação na bolsa de valores [clube-empresa], porque aí a torcida pode participar, se não aparecer um cara para comprar 50% das ações, ou 51%, porque ninguém vai comprar menos que 51%, acho que vai ser muito difícil a sobrevivência do Cruzeiro. Muito difícil mesmo", comentou.

A gestão Wagner Pires de Sá citada por André Cury, que perdurou entre o fim de 2017 até dezembro de 2019, deixou um rombo estratosférico no Cruzeiro: déficit de R$ 394 milhões, como se o clube tivesse prejuízo de mais de R$ 1 milhão por dia, agravando a vida financeira do clube que já não era saudável. O rombo à época, se comparado ao de 2018, aumentou em mais de 500%.

"Estou falando da sobrevivência, não estou falando de voltar a ganhar títulos. Eu estou falando da sobrevivência. Vai ter que trabalhar muito e, para reestruturar tudo, para voltar a ser competitivo, na minha opinião, vai demorar 15 anos", opinou.

Clube-empresa

O presidente Sérgio Santos Rodrigues é um dos apoiadores do Projeto de Lei (PL) 5516/2019, de autoria do senador por Minas Gerais, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que trata da criação do "Sistema do Futebol Brasileiro, mediante tipificação da Sociedade Anônima do Futebol, estabelecimento de normas de governança, controle e transparência, instituição de meios de financiamento da atividade futebolística e previsão de um sistema tributário transitório".

Enquanto há discussões sobre esse e outros temas similares em Brasília, o Cruzeiro se antecipa para fomentar um projeto de clube-empresa dentro das necessidades atuais do clube.

"Estamos começando uma jornada de cultura clube empresa, por isso esse projeto é importante, não só para o Cruzeiro, mas um projeto de transformação da indústria. Estamos sendo protagonistas da história, é um grande marco para a história do futebol, para essa indústria", garantiu Gustavo Hazan, gerente sênior para o Mercado Esportivo da EY.

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