Goleiros deixam a camisa 1 de lado em busca de marca própria
O escritor uruguaio Eduardo Galeano, em seu livro "Futebol ao Sol e à Sombra", disse que o goleiro leva o número 1 nas costas porque é o primeiro a pagar pela culpa de um gol. No futebol brasileiro, o pecado por uma bola na rede segue sendo dos arqueiros, mas cada vez menos eles ostentam o "1".
Em um reflexo da obrigatoriedade de numeração fixa nos mais variados campeonatos, os goleiros começam a optar por criar sua própria marca. No Brasileirão de 2016, apenas seis titulares não usavam a numeração tradicional. Na última edição do torneio nacional, esse número saltou para 13.
"O futebol como um todo está mudando, e para os goleiros não é diferente. Jogador sempre é um pouco supersticioso, então acabam preferindo um número próprio", opina Éverson, camisa 22 do gol do Atlético-MG.
A numeração é um legado que Éverson traz da época do Santos. Camisa 1 no Ceará, decidiu pegar a "22" quando chegou na Vila Belmiro por causa de 22 de julho, dia de seu aniversário. Na chegada ao clube mineiro, o número já estava ocupado, então a imaginação teve que trabalhar novamente. "Escolhi a 31, porque tinha relação com os dias dos aniversários da minha esposa e dos meus filhos."
Assim que a "22" vagou no Atlético-MG, Éverson tratou de deixar a "31" de lado. "Eu tive um ano muito bom no Santos, então pensei nisso na hora de pegar de volta. Pretendo levar a 22 comigo para o restante da minha carreira".
A volta da numeração consagrada é uma pressão que Walter lida dentro de casa. Depois de oito anos na reserva de Cássio no Corinthians usando a "27", ele assumiu a titularidade e a camisa 1 do Cuiabá. "Meu pai fica perguntando se eu não vou voltar com a 27, mas não sei como vai ser isso aqui, cada clube tem seu modo de trabalhar em relação as camisas. Mas se possível acho que eu volto com a 27, viu, rapaz?", disse.
Éverson e Walter seguem um caminhado trilhado por outros goleiros. Cássio, no Corinthians, e Marcos, no Palmeiras, eternizaram a "12" no imaginário de seus torcedores. Rogério Ceni, no São Paulo, nunca usou números diferentes, mas criou sua própria marca ao exibir o "01".
"No começo da carreira você quer a '1' por causa dos seus ídolos. Eu sempre me espelhei muito nos goleiros da seleção brasileira, e eles sempre usavam a 1. Então fica essa mística com o número. Mas não acho que haja um peso diferente para cada numeração, todo número tem sua história e é necessário respeitá-la", diz Felipe Alves, que usa a 12 desde que chegou ao Fortaleza.
Na comemoração de seus 102 anos, o Fortaleza lançou uma camisa "Ice Man", apelido de Felipe Alves. A alcunha, junto com o número 12, formam uma marca do goleiro no imaginário do torcedor cearense. "Acho que estou criando uma marca com a '12'. É muito legal para o torcedor receber a camisa com a minha assinatura e o meu número", completou.
Também em busca de uma marca, Weverton anunciou que deixaria de usar a "1" para voltar com a "21", que exibia no início de sua trajetória no Palmeiras. O desejo do goleiro era que a numeração ficasse tão relacionada a ele quanto a "12" ficou para Marcos. A aposta tem dado resultado: foi com a 21 nas costas que o jogador conquistou a Copa do Brasil pelo clube paulista.
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