Resumo da notícia
- Colunistas opinam sobre acordo entre Flamengo e Havan. Clube está certo?
- André: "Discussão é sobre civilização x barbárie, manchar conquistas com sangue"
- "É com marcas assim que o Flamengo quer estar atrelado?", questiona Marcel
- "O mundo não é simpático ao negacionismo", pontua o colunista Menon
- "Qual é o problema? Sem patrocínio o clube fecha", diz Milton Neves
O Flamengo anunciou, na tarde de ontem (10), o patrocínio da rede de departamentos Havan. A marca da empresa vai ocupar a manga do uniforme do time rubro-negro e, segundo o blog do Rodrigo Mattos, renderá ao clube R$ 6,5 milhões até o fim do ano.
O acerto gerou polêmica e dividiu os torcedores rubro-negros, uma vez que Luciano Hang, proprietário da Havan, é amigo do presidente Jair Bolsonaro e um dos principais apoiadores do atual governo.
Aproveitamos o tema para convocar os colunistas do UOL Esporte a responder a seguinte pergunta: O Flamengo está certo ao fechar o patrocínio da Havan? Veja as respostas:
O Flamengo está manchando sua reputação, sua marca, sua história. A troco de quê? O maior clube do Brasil não consegue achar um patrocinador para a manga de sua camisa que não esteja associado ao negacionismo, diretamente ligado a alguém que ri na cara de quase meio milhão de mortos? Ainda que pudéssemos ignorar a visceral questão ética, isso é mesmo o melhor que a diretoria rubro-negra pode entregar?
ALICIA KLEIN
O tempo vai mostrar, com o distanciamento histórico, que essa discussão sobre o alinhamento da direção do Flamengo com o governo atual e seus apoiadores não é política. É sobre civilização x barbárie. É sobre manchar as conquistas atuais com sangue. No caso da Havan, é se rebaixar demais por "troco de pinga".
ANDRÉ ROCHA
O certo ou errado neste caso é relativo. Se o Flamengo quer associar a sua imagem ao Bolsonarismo e ao negacionismo do dono da empresa, está no caminho certo. Se está pensando só no dinheiro e achando que a imagem não será prejudicada, está no caminho errado.
DANILO LAVIERI
Claro que não está certo. O Flamengo inventou o patrocínio insalubridade.
JUCA KFOURI
Ao se fechar um patrocínio, além do valor financeiro oferecido precisa se avaliar o impacto de associar sua marca à do anunciante. Hoje, a Havan está relacionada diretamente ao negacionismo que ajudou a matar centenas de milhares de brasileiros na pandemia. É com marcas assim que o Flamengo quer estar atrelado?
MARCEL RIZZO
O Flamengo está certo. É sempre bom estar ao lado de marcas com o mesmo perfil ideológico dos diretores. Só não entendo como a associação com a Havan pode ajudar o Flamengo a se tornar uma marca global. O mundo não é simpático ao negacionismo.
MENON
Qual é o problema? Sem patrocínio o clube fecha! Ainda mais na situação econômica atual, acertar com um cliente tão grande é motivo de comemoração, e não de discórdia. Não dá para envolver política em tudo quanto é assunto. E é aquilo de sempre: trata-se de um empresário não político que paga impostos, gera emprego e que hoje tem um conglomerado admirável. E que ele seja feliz votando no Lula, no Bolsonaro, no Ciro, no Amoedo, no Rodrigo Pacheco, ou em qualquer outro.
MILTON NEVES
Não está certo. E não estaria nem se o dinheiro da Havan fosse suficiente para elevar o orçamento do time ao nível do City. Estamos vivendo tempos como nenhum outros e um time não pode se associar aos agentes de ações de extermínio. Nem Flamengo, nem nenhum outro.
MILLY LACOMBE
A diretoria precisa pensar se o patrocinador colabora para construir a imagem que ela quer para o clube. Essa imagem deve estar alinhada com o que a maioria da torcida espera. Se a direção do Flamengo fez essa análise e "deu match" entre clube e Havan, ela acertou. Se não houve esse cuidado, o acordo foi um erro que pode deixar sequelas.
PERRONE
Eu não associaria a marca Flamengo à Havan. Mas a diretoria do Flamengo, pode-se dizer, está sendo coerente. Afinal, desde o início, alinhou-se abertamente ao presidente Jair Bolsonaro, para forjar a Lei do Mandante e abrir guerra contra a Globo. Não é nada surpreendente, portanto, que se associe à Havan, uma das maiores apoiadoras do atual governo.
RENATO MAURÍCIO PRADO
Não está certo. Por mais que financeiramente qualquer clube precise de aporte, é necessário avaliar a junção da imagem de uma empresa notadamente negacionista e que tem o seu presidente defendendo absurdos, como a ditadura militar, abertamente. O Flamengo não é o primeiro clube a ser patrocinado pela Havan. Mas é mais uma instituição a se alinhar com a empresa e manchar um pouco da sua história. Não pode ser apenas o dinheiro pelo dinheiro. Há uma imensa responsabilidade social para um clube do tamanho do Flamengo, mas a sua diretoria dá mostras frequentes que não entenderá isso.
RODRIGO COUTINHO
A questão é mais complexa do que certo ou errado. Por um lado, patrocínio atualmente não é um mero outdoor, uma venda de espaços, é uma associação do clube/entidade com a empresa patrocinadora. E a Havan é uma empresa associada ao bolsonarismo por conta das atitudes do seu dono Luciano Hang. A própria reação de parte da torcida mostra que esta faz essa associação e ameaça com boicote a produtos do clube. É um ônus da parceria. Ao mesmo tempo, a Havan já patrocina outros campeonatos e clubes, e não necessariamente estes adotam a visão da empresa. Veja o exemplo do Vasco que é um clube que tem se caracterizado por posições diversas de Luciano Hang, campanhas antirracistas, defesa da democracia na data do golpe. E é patrocinado pela Havan. Há vários campeonatos também patrocinados pela empresa com placas, Carioca, Paulista, todos são negacionistas portanto? Enfim, o patrocínio implica, sim, em uma associação do Flamengo a uma empresa bolsonarista e negacionista, mas não significa uma transformação do clube em um bastião da ideologia de Hang.
RODRIGO MATTOS
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