Topo

São Paulo

Liberdade, posse e área cheia: Igor Vinícius compara Crespo e Diniz no SPFC

Igor Vinícius celebra gol contra o Ituano pelo Campeonato Paulista - Rubens Chiri / saopaulofc
Igor Vinícius celebra gol contra o Ituano pelo Campeonato Paulista Imagem: Rubens Chiri / saopaulofc

Thiago Fernandes

Do UOL, em São Paulo

11/05/2021 04h00

O futebol do São Paulo sob o comando de Hernán Crespo tem encantado a torcida neste início de temporada, especialmente pelos resultados — são 11 jogos consecutivos de invencibilidade. Por trás dos muros do CT da Barra Funda, a forma de trabalhar do técnico também agrada aos jogadores, que veem diferenças em relação ao que era feito pelo antecessor Fernando Diniz.

O lateral direito Igor Vinícius concedeu entrevista exclusiva ao UOL Esporte e detalhou a maneira de se posicionar em campo com o atual treinador, explicando como o time agora valoriza a posse de bola no ataque e dando liberdade para os alas jogarem.

O São Paulo de Hernán Crespo se posiciona com três zagueiros em seus compromissos. O trio que forma a primeira linha do esquema tático se responsabiliza pela organização da saída de bola, mas não tem as mesmas exigências da época de Diniz. A valorização da posse de bola passa a ser maior no setor ofensiva.

Fernando Diniz deixou o São Paulo na reta final da temporada passada - Marcello Zambrana/Marcello Zambrana/AGIF - Marcello Zambrana/Marcello Zambrana/AGIF
Fernando Diniz deixou o São Paulo na reta final da temporada passada
Imagem: Marcello Zambrana/Marcello Zambrana/AGIF

"São dois treinadores que priorizam muito a posse, que têm como característica propor o jogo. O Diniz gosta muito da saída de bola, na parte defensiva, assume muitos mais riscos que o Hernán. O Crespo prioriza a posse de bola na parte ofensiva, é um jogo mais posicionado, que você sabe a sua função, e joga com a posse de bola na parte ofensiva. Essa, ao meu ver, é a grande diferença", afirmou Igor Vinícius.

A mudança estrutural — o time tem três zagueiros e mais um volante — permite que os alas [que tomam o lugar dos laterais] tenham mais liberdade na criação de jogadas. Pelo lado esquerdo, Reinaldo e Wellington chegam com frequência ao campo adversário. O mesmo acontece no flanco direito, que já contou com Dani Alves, Igor Vinícius e até o atacante Galeano de forma improvisada. O setor vai ficar ainda mais concorrido quando o colombiano Orejuela estiver apto para estrear.

"Eu prefiro o sistema adotado pelo Crespo, porque dá mais liberdade para os alas e faz com que você participe muito mais das jogadas ofensivas. Então, é um sistema ao qual estou me adaptando muito bem. Quando você consegue ter menos participações ofensivamente, seus números também evoluem. O me agrada bastante", explicou Igor Vinícius.

A liberdade se torna "obrigação" a partir do momento que a bola chega ao ataque. Crespo pede aos atletas que povoem a área adversária, com jogadas que contem também com a participação dos alas. Os atletas que atuam pelos lados do gramado, inclusive, são instruídos a chutar com frequência contra a meta dos oponentes.

Crespo se destaca à frente do São Paulo e conta com elogios de Igor Vinícius - Divulgação/SPFC - Divulgação/SPFC
Crespo se destaca à frente do São Paulo e conta com elogios de Igor Vinícius
Imagem: Divulgação/SPFC

"Ali [na frente] é mais a tomada de decisão do jogador, é algo que a gente treina muito, treina muita finalização, muito cruzamento. A área sempre fica bem cheia, como vem acontecendo nos jogos. Especificamente para mim, eles pedem que eu arrisque os chutes, as finalizações que eles me passam", completou Igor Vinícius.

Confira, abaixo, outros trechos da entrevista exclusiva de Igor Vinícius ao UOL Esporte:

Ano da consolidação no São Paulo: "A gente sempre procura ser titular, nenhum jogador gosta de ficar no banco. Se gostar, tem algo errado. Eu quero jogar, quero ajudar o time dentro do campo, mas quem decide isso é o Crespo. Fico feliz com meu início de temporada no São Paulo, bons números, grandes jogos, grandes partidas. É um ano em que terei mais espaço. Estou indo para o meu terceiro ano agora e, sem dúvida nenhuma, estou mais preparado que quando cheguei aqui, com a mente totalmente diferente. É o ano que tenho para conseguir essa consolidação no time".

Sonho olímpico: "Sempre tive o sonho de vestir a camisa da seleção brasileira, tenho idade olímpica, tenho isso como objetivo na minha cabeça. Estou trabalhando dia a dia, procurando dar o meu melhor a cada partida, a cada jogo. Sei que se estiver bem no clube, jogando com frequência, a chance de poder jogar uma Olimpíada é muito grande".

Referência na lateral: "Minha maior referência na lateral sempre foi o Daniel, o Daniel Alves, e hoje a gente tem o prazer de jogar junto. É um cara que, desde moleque, eu sempre acompanhei, sempre vi jogar, o lateral que mais vi jogar. Sempre foi e é a minha maior referência na posição".

Como é jogar com Dani Alves: "O Dani é referência, como lateral sempre foi um dos melhores do mundo e continua sendo. Os números dele são impressionantes, seja na meia ou na lateral. Ele continua acima da média, um craque. É um cara que tenho um carinho muito grande, um respeito e uma admiração. É um privilégio jogar ao lado do Daniel".

Passagem pelo Santos: "Bom, o Santos foi o seguinte. Eu subi com 18 anos com o Dorival Júnior, foi a primeira oportunidade no time profissional, mas foi bem curta, porque, logo depois, tive uma lesão séria no joelho, que me afastou dos gramados. E aí, quando retornei de lesão, estava no fim do meu contrato e não tinha mais o Dorival no Santos, a diretoria era outra. A nova diretoria não contava comigo no profissional, eles queriam que eu fosse para o sub-23, pegasse experiência para depois ver se contariam comigo no profissional. Na minha opinião e dos meus empresários, esse não era o caminho. Foi quando eu fui para o Ituano. Foi onde fiz o meu primeiro Paulistão, me destaquei, fui para a Ponte Preta na Série B no segundo semestre. Fiz uma boa Série B e vim para o São Paulo. Foi uma grande escolha da minha carreira, que acabou dando certo".

São Paulo