De gás no campo a jogos adiados: como crise na Colômbia prejudica futebol
A onda de protestos da população contra o governo colombiano tem provocado mudanças e prejuízos ao futebol sul-americano. Desde a paralisação de uma partida por causa de gás lacrimogênio utilizado pela polícia que alcançou o campo a jogos transferidos e adiados, a crise política continua afetando o esporte praticado no país, que ontem (13) à noite recebeu o duelo entre América de Cali e Atlético-MG, em Barranquilla, pela quarta rodada da Copa Libertadores. Foi em meio a um clima de guerra do lado de fora do estádio e sofrendo com os efeitos do gás lacrimogênio que chegava até o campo, que o Galo venceu por 3 a 1 e avançou para as oitavas.
Dentre os times brasileiros, o Fluminense foi até aqui quem mais sofreu com o conturbado momento vivido na Colômbia. Na semana passada, em jogo da terceira jornada, o clube carioca enfrentou uma epopeia de deslocamentos e desorganização até o empate por 1 a 1 com o Junior (COL), que inicialmente aconteceria em Barranquilla e acabou transferido para Guayaquil.
A Conmebol remarcou o jogo com nova sede apenas 30 horas antes do apito inicial, e as equipes precisaram viajar mais de 1500 quilômetros.
A decisão aconteceu em meio a protestos contra uma proposta de reforma tributária que aumentaria impostos. O projeto foi barrado pelo presidente Iván Duque, o que fez Alberto Carrasquilla, ministro da Fazenda, renunciar. A convulsão social, que já dura cerca de duas semanas, foi causada pelos problemas do governo diante de novas demandas da população e levou a repressão policial, prisões e mortes.
Antes disso, o Flu já havia sofrido com uma mudança de local na segunda rodada, quando venceu o Independiente Santa Fe, por 2 a 1, em Armênia, também na Colômbia, após o jogo ser transferido de Bogotá por causa de um decreto do governo local.
Argentinos se recusaram a viajar
Também na semana passada, a Conmebol teve de alterar os locais dos jogos envolvendo as equipes colombianas pela Copa Libertadores e Copa Sul-Americana.
As partidas Santa Fé x River Plate, Atlético Nacional x Argentino Juniors e La Equidad x Lanús foram transferidas para Assunção depois de os times argentinos se recusarem a viajar para a Colômbia, com a anuência da Conmebol.
Gás lacrimogênio invade campo
Na última quarta-feira (12), o gás lacrimogêneo lançado pela polícia colombiana nos manifestantes que protestavam nos arredores do estádio Romelio Martinez, onde Júnior Barranquilla-COL e River Plate empataram por 1 a 1 pela fase de grupos da Libertadores, fez com que a partida fosse interrompida por dois minutos.
A nuvem de gás chegou até o gramado, e os jogadores foram afetados. Quando o jogo recomeçou, era possível ouvir as bombas do lado de fora. Antes do apito inicial, as explosões tomaram todo o minuto de silêncio.
Os manifestantes chegaram a se organizar durante os últimos dias para impedir a realização da partida. Um cartaz com os dizeres "se não há paz, não há futebol" circulou nas redes sociais, chamando as pessoas para irem ao entorno do estádio para evitar a chegada das delegações.
Jogo é adiado em uma hora
Outro jogo da quarta-feira (12), o empate sem gols entre Atlético Nacional-COL e Nacional-URU também foi afetado pelos protestos. Inicialmente previsto para começar às 23h (de Brasília), o duelo foi adiado em uma hora por causa dos incidentes.
Houve dúvida em relação ao confronto. O Nacional alegava falta de garantias para a realização da partida e não se deslocou para o estádio até pouco antes das 22h30. A delegação do clube uruguaio só saiu do hotel às 22h44, mas ainda não confirmava participação na partida.
Caso se recusasse a entrar em campo, o Nacional-URU corria o risco de perder os pontos ou até mesmo ser excluída da disputa da Libertadores, conforme previsto no regulamento da competição. Diante disso, seguiu para o estádio e jogou.
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