Agente de Abel Ferreira reforça críticas e dispara contra presidente da FPF
Hugo Cajuda, empresário de Abel Ferreira, resolveu quebrar o silêncio e sair em defesa do treinador do Palmeiras, que, no último domingo, foi novamente alvo de críticas por parte da alta cúpula do futebol brasileiro, desta vez de Reinaldo Carneiro Bastos. Em entrevista à TV Gazeta, o presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol) afirmou que o palmeirense poderia ter evitado algumas expressões na hora de falar sobre o Paulistão.
Incomodado com o calendário de jogos no Brasil, o agente português também aproveitou, em entrevista exclusiva com o UOL Esporte, para valorizar o "excepcional" trabalho do treinador do Verdão, que já recebeu ofertas para ganhar quatro vezes mais no exterior e há dois meses foi procurado pela diretoria alviverde para iniciar, ainda que de forma tímida, uma conversa de renovação de contrato.
Sente que o Abel Ferreira é perseguido pelos dirigentes do futebol brasileiro? CBF e FPF, por exemplo.
Não penso que o Abel seja perseguido, nem pela CBF e nem pela FPF. O Abel foi muito bem recebido no Brasil pela esmagadora maioria das pessoas. Agora, aquilo que considero anormal, completamente despropositado, é o presidente da FPF vir analisar e comentar as palavras do Abel na imprensa. Julgo que esse não seja o trabalho dele. Ele poderia usar esse tempo para cuidar do próprio trabalho. Qual é o trabalho? Programar e decidir, juntamente com a CBF, a melhor forma de organizar um calendário que protegesse e valorizasse o futebol, o jogador e o treinador no Brasil. Infelizmente, não é isso que está acontecendo. O futebol brasileiro é prejudicado pela sobrecarga absurda de jogos, que não existe em lado algum do mundo, e nem sequer é preciso ser muito inteligente, nem mesmo gênio, para entender que estão errados. As pessoas insistem em não querer ver.
Basta olhar para o que se passa nas melhores ligas do mundo? porque não existe uma liga com jogos de 48 em 48 horas, e às vezes, como já aconteceu com o Palmeiras, até menos de 48 horas. Isso não existe. A Fifa não permite um intervalo de jogos com menos de 72 horas, porque os jogadores não são máquinas, não são pedaços de carne. Volto a dizer: a falta de criatividade e também de inteligência para programar de forma mais protetora o espetáculo e o jogador são preocupantes. É uma pena o senhor presidente da FPF ficar preocupado com as palavras do Abel, ao invés de olhar para as próprias obrigações.
Acha que o Abel não tem o apoio merecido da diretoria do Palmeiras nesses embates públicos com os cartolas?
Também não penso que a diretoria do Palmeiras não defenda o Abel. Pelo contrário. Entendo que o estilo do presidente e dos outros dirigentes do clube seja mais discreto. Agem nos locais e nos momentos apropriados, defendem o seu treinador. Há uma preocupação com as preocupações do Abel, se me permite a redundância. Entendo e sei que manifestam preocupação e apoio ao Abel. Outros dirigentes têm um estilo diferente e preferem fazer isso publicamente. O Abel, como disse anteriormente, já foi criticado por dirigentes de algumas entidades. Dentro do Palmeiras, há apoio.
Como avalia o trabalho do Abel Ferreira até agora no Palmeiras?
O trabalho é excepcional. Desconheço, mas pode até ter acontecido, um treinador no futebol brasileiro que tenha conseguido a presença em cinco finais num período de seis meses. Não podemos esquecer ainda que o Abel chegou no meio da temporada, numa troca de comando técnico, com tudo novo. Não conhecia tão bem assim o futebol do Brasil e da América do Sul. Teve que se adaptar rapidamente, com jogos atrás de jogos, praticamente de três em três dias. Em seis meses, nem sequer teve a oportunidade de treinar com calma e incutir o seu cunho profissional de forma mais acentuada, porque uma coisa é treinar, outra coisa é jogar. Não esquecer também que vivemos numa época de pandemia, sem o apoio dos torcedores nas arquibancadas.
O Abel já recusou algumas ofertas para deixar o Palmeiras?
O Abel já recebeu diferentes ofertas para sair do Palmeiras, de vários países. Propostas que, de certa forma, pagavam três ou quatro vezes mais de salário. Mas, neste momento, o Abel está focado apenas e só no Palmeiras. Está concentrado na vertente esportiva da carreira, não na vertente econômica, caso contrário já teria abandonado o clube, visto que os interessados também estavam dispostos a pagar a multa rescisória. Ele não demonstrou qualquer interesse em adiantar os temas. Vejo isso com naturalidade, porque o Abel, na temporada 2020/21, é o melhor treinador português, com os melhores resultados e, logicamente, também o melhor treinador na América do Sul. Penso, inclusive, que não é somente a minha opinião, acho que é consensual.
Quais são os próximos passos dele? Renovar com o Palmeiras? Rumar para um grande clube da Europa?
Os dois cenários são válidos e possíveis. Uma renovação é possível [Abel tem contrato até o fim de 2022], porque ele está muito contente no Palmeiras. Penso que o clube também está muito contente com ele, a forma de trabalhar e os resultados. Ao mesmo tempo, o cenário de um clube da Europa também é válido e possível, porque, efetivamente, dois clubes da Europa já fizeram oferta pelo Abel. No futuro, isso vai voltar a acontecer. Neste momento, no entanto, não tenho muito mais o que dizer sobre isso. O Anderson Barros [diretor de futebol do Palmeiras], inclusive, semanas atrás já falou conosco sobre a possibilidade de um novo contrato, mas depois as coisas se acalmaram e ficaram em "stand by". Não há pressa para fazer seja o que for, é uma altura intensa de trabalho. O foco é no dia a dia, viver o presente. O futuro a Deus pertence.
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