Tricampeão brasileiro pelo Corinthians pede Luxemburgo e cutuca Mancini
Eliminado no Paulistão e na Copa Sul-Americano e às vésperas de estrear no Campeonato Brasileiro, o Corinthians busca no mercado da bola por um treinador para substituir Vagner Mancini, demitido no último domingo (16) após a derrota para o Palmeiras. Para Dinei, o nome ideal para assumir o clube neste momento de turbulência é Vanderlei Luxemburgo. O ex-atacante ainda cutucou Mancini ao afirmar que o técnico não tem títulos expressivos na carreira.
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o ex-jogador de 50 anos apontou o treinador com quem foi campão brasileiro em 1998 como o profissional modelo para recolocar o Alvinegro nos eixos depois de duas quedas consecutivas em menos de uma semana por saber trabalhar com atletas da base, conforme o trabalho apresentado na temporada passada, quando foi campeão paulista pelo rival Alviverde.
"Eu prefiro o Vanderlei Luxemburgo, ele traria outro ânimo [ao grupo]. O Luxemburgo entendeu, a molecada ia respeitar ele. Com todo respeito ao Mancini, o Luxemburgo tem muito mais moral, muito mais crédito para trabalhar em um time grande que o Mancini. O Mancini eu não sei onde foi campeão, pô! [a Copa do Brasil pelo Paulista, em 2005, é o título mais importante da carreira do ex-técnico corintiano]", opinou Dinei.
A conversa do UOL com Dinei havia ocorrido dias antes da eliminação corintiana diante do Palmeiras. Na ocasião, ele já pedia mudanças no comando da equipe e já prevê que o clube terá "dificuldades no Campeonato Brasileiro".
"No ano passado, o Mancini tirou o time da zona de confusão. Ele foi legal no sufoco, mas agora eu daria uma injeção de ânimo na molecada e traria o Luxemburgo. Mas eu vejo que vai ter dificuldade no campeonato brasileiro", disse.
Tricampeão brasileiro pelo Corinthians — 1990, 1998 e 1999 —, Dinei aproveitou para 'cavar' uma vaguinha na possível comissão técnica de Luxa no Timão. "Sou corintiano, você ia só ver. Traz o Vanderlei e eu de auxiliar dele (risos). É para reviver o ano de 98. Estou brincando sobre esta questão de ser auxiliar, mas a torcida ia se empolgar porque o Dinei é corintiano, né! Mas eu traria o Vanderlei".
Coincidentemente, no domingo (16) completou 21 anos do último gol anotado por Dinei com a camisa do Corinthians, no duelo diante da Ponte Preta, pelo Paulistão. O ex-atacante tem forte identificação com o Alvinegro por todo o empenho que demonstrou em 194 partidas pela equipe. Desta forma. Dinei diz acreditar que os jovens atletas da atualidade estão acomodados e que falta vontade para esta nova geração.
"Na nossa época, o tempo de contrato era de um ano, um ano e meio. Você tinha que dar o máximo, senão você estaria fora do time. O passe era do clube. Se você não estivesse bem, o clube te emprestava. Era foda, mano! Agora não, hoje os contratos são de cinco anos. O cara ganhando 500, 600 mil pensa que já fez a sua vida. Se o treinador quiser coloca [para jogar], se não quiser, é amém. Você vê o Lucas Lima lá no Palmeiras, você vê vários jogadores ganhando milhões e não trazem retorno para o clube. Hoje essa molecada não tem fome."
Passando por um ano de reformulação devido à situação financeira delicada - o clube tem dívidas que somam quase R$ 1 bilhão —, o Corinthians encontra dificuldades para reforçar o elenco. Por tanto, Duilio Monteiro Alves assumiu a presidência com a promessa de conter os gastos.
Segundo Dinei, a diretoria deveria repetir a fórmula que Flamengo adotou há alguns anos para reerguer a saúde financeira do clube.
"O Duílio tinha que fazer igual o que fez aquele presidente do Flamengo, o Bandeira de Mello. Bota a molecada pra jogar. A torcida ia ter que entender, vai botar os meninos e não vai ter grandes contratações. Vamos tentar colocar o Corinthians num clima saudável. Você viu o que o Flamengo virou agora. O outro presidente entrou, pegou o Flamengo sem dívida, sem nada, e só contratou os melhores [jogadores]. Corinthians e Flamengo, com os melhores jogadores, ninguém segura com a torcida que têm," declarou Dinei, mas pedindo jogo aberto à atual diretoria:
"Acho que a torcida iria entender e seria sem mentir para os torcedores, ainda mais se colocar umas crias lá do terrão da base. Fala a verdade: 'vamos com esse time, estamos sem dinheiro e vamos com a molecada e nós vamos sanar as dívidas do clube'. Pode ter certeza que a torcida do Corinthians vai entender. Se marcar, até ajuda", finalizou.
Veja outros trechos da entrevista com Dinei:
UOL Esporte: O futebol está chato, virou muito mi mi mi?
Dinei: Ah, é muita frescura. Você não pode comemorar gol, você não pode dar caneta, você não pode dar chapéu, você não pode fazer um gol e tirar a camisa, você não pode tirar sarro... Antigamente, você tirava sarro e estava tudo certo, entendeu? Esse negócio do VAR também estragou tudo, estragou o futebol. Antigamente, a gente fazia gol e saia comemorando. O legal era a discussão, ah não foi pênalti, não foi gol... Porra, era o maior barato. Hoje perdeu isso.
UOL Esporte: Então o VAR atrapalha o futebol?
Dinei: Eu não sei se eu sou um pouco mais saudosista, era o maior barato de quando você ia ao boteco e via as pessoas falando: 'ah, não foi pênalti, foi pênalti'. Com o VAR também estão errando, pode ter certeza que o futebol de várzea está muito mais interessante do que o profissional porque é o futebol raiz de antigamente, fica aquela discussão: 'não foi gol, foi gol a bola não entrou'. Isso é que era o charme do futebol, tiraram o charme do futebol. Eu sou tão saudosista que gosto tanto de várzea, a várzea era legal quando era terrão, aquela terra vermelha. Hoje estão botando grama sintética, está perdendo a graça até na várzea também.
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