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Aos 42, campeão da Champions "desaposenta" e fará parceria com filho em MG

Maciel "despendurou" as chuteiras e agora pode jogar com o filho no Tupi-MG - Arquivo pessoal/Maciel
Maciel 'despendurou' as chuteiras e agora pode jogar com o filho no Tupi-MG Imagem: Arquivo pessoal/Maciel

Marcello De Vico

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

20/05/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Maciel, ex-Porto, desistiu da aposentadoria e acertou com o Tupi, de Minas Gerais
  • Atacante campeão da Liga dos Campeões em 2003/04 terá a companhia do filho
  • Mateus, de 18 anos, também acertou com o time mineiro e passará por testes
  • Em Portugal, Maciel trabalhou com Jesus e Mourinho, a quem chama de 'pai'

Campeão da Liga dos Campeões e do Campeonato Português pelo Porto em 2003/04, Maciel estava aposentado desde 2016, quando pendurou as chuteiras após passagem pela Cabofriense-RJ. Tudo corria bem com sua escolinha de futevôlei em Cabo Frio, local paradisíaco do Rio de Janeiro, mas ainda assim ele encontrou motivos para voltar aos gramados aos 42 anos.

Maciel foi contratado pelo Tupi-MG, time que disputa o Módulo II do futebol mineiro e tenta neste ano retornar à primeira divisão. O atacante, que considera José Mourinho como um pai, ainda terá uma motivação a mais em seu retorno ao futebol: a possibilidade de atuar junto do filho, Mateus, de apenas 18 anos.

Mateus também acertou com o Tupi-MG e passará por um período de testes no time profissional. Caso mostre serviço, poderá realizar dois sonhos de uma vez: iniciar a carreira no futebol profissional e ter a chance de dividir o campo com o pai.

"A maior motivação vem da gente", diz Maciel em entrevista ao UOL Esporte, questionado sobre os motivos que o fizeram "desaposentar". O projeto apresentado a ele pelo Tupi-MG também pesou na escolha. "O presidente do clube, Juninho, juntamente com o vice, o Tiquinho, e os investidores me passaram um projeto para subir de divisão e, apostando nisso, me motivei para voltar. A honestidade e o respeito estão sempre em primeiro lugar", acrescenta.

Deco e Maciel em passagem pelo Porto, de Portugal - Arquivo pessoal/Maciel - Arquivo pessoal/Maciel
Deco e Maciel em passagem pelo Porto, de Portugal
Imagem: Arquivo pessoal/Maciel

"Outra motivação foi do meu filho, que está com 18 anos. Teve proposta da Grécia e de Portugal e conseguiu me motivar, falando que queria a oportunidade dele pra procurar um lugar como jogador de futebol. É o sonho dele. Eu dou graças a Deus por conseguir ter essa chance e poder estar do lado dele. Espero que ele possa dar o melhor dentro de campo e, com certeza, não será por minha causa que ele vai jogar, vai ter os méritos dele", afirma.

O jogo oficial com os dois no mesmo time ainda depende da avaliação de Mateus e, claro, de o técnico do time, o luso-brasileiro Anderson Florentino, escalar os dois na equipe. Os treinamentos como companheiros, porém, já estão garantidos.

"O Mateus veio para fazer parte do grupo profissional. Ele vai treinar, vamos treinar juntos, e, de acordo com o que ele fizer dentro de campo, terá a oportunidade dele. Ele tem 18 anos, então, tem que se adaptar, treinar forte, mostrar serviço. Sem atropelar ninguém, vamos buscando nosso espaço, principalmente ele", acrescenta.

"Agora é esperar o Mateus seguir a carreira, e vou tentar ajudar o máximo, não só ele, mas todos os meninos aqui. Minha preocupação e meu foco agora estão aqui, tentar ajudar o Tupi a subir, e também ajudar meu filho com o sonho dele", torce Maciel, que já tem planos para a carreira profissional depois que pendurar novamente as chuteiras: "Vou tentar arrumar algum cargo em algum clube, ou terminar meu curso de treinador".

Questão física não será problema

Maciel, atacante ex-Porto, jogando futevôlei - Arquivo pessoal/Maciel - Arquivo pessoal/Maciel
Imagem: Arquivo pessoal/Maciel

Apesar de não jogar profissionalmente desde 2016, Maciel se diz totalmente em forma. O próprio futevôlei ajudou o atacante a se manter bem fisicamente. "Fui atleta minha vida toda, desde os dez anos de idade, e não parei de treinar nunca com a escolinha de futevôlei que tenho", explica.

"Tem cinco anos que eu não jogo profissionalmente, mas nunca parei de treinar. Condicionamento físico não vai ser problema", acrescenta Maciel, que ainda mantém a escolinha de futevôlei em Cabo Frio.

Cabo Frio, aliás, foi onde Maciel atuou profissionalmente pela última vez. "Meu último clube foi a Cabofriense. Deixei a minha escolinha de futevôlei em Cabo Frio, a M21, com meu sócio, que é como um irmão pra mim, está em boas mãos", garante.

"Mourinho foi como um pai pra mim"

Aos 22 anos, Maciel deixou o Volta Redonda-RJ e o Brasil para tentar uma nova vida em Portugal. Logo de cara, no União de Leiria, teve a oportunidade de trabalhar com José Mourinho, ainda em começo de carreira. Anos depois, no mesmo clube, o atacante passou pelas mãos de Jorge Jesus, a quem coloca juntamente com Mourinho como "os melhores treinadores" que já teve.

Maciel, ex-Porto, e o técnico Jose Mourinho - Arquivo pessoal/Maciel - Arquivo pessoal/Maciel
Imagem: Arquivo pessoal/Maciel

"Trabalhar com o Mourinho foi uma coisa muito boa em minha vida, tanto como aprendizado, intensidade de jogo, relacionamento pessoal... Ele que me viu jogar aqui no Brasil, no Madureira, e pediu minha contratação. Foi como um pai para mim, tanto no União Leiria como no Porto", elogia Maciel, que no Brasil foi campeão paranaense e vice da Libertadores pelo Athletico Paranaense, em 2005.

"Talvez esse sistema tático que hoje todo mundo fala, de intensidade, pressão, ele fazia já em 2000, e em um time pequeno, de pouca dimensão. Tanto que, antes de ele sair para o Porto, estávamos em terceiro lugar e tínhamos o terceiro melhor ataque. Foi uma experiência maravilhosa. Um treinador que estava começando, que tinha experiência com o Bobby Robson e com o Van Gaal, então, o que ele passou para gente foi algo totalmente diferente do que a gente tinha aqui no Brasil. Treinamentos diferentes, sem coletivo, aperfeiçoamento tático...", acrescenta.

Ele nunca tirou o dom de cada jogador, o que você pode fazer dentro de campo. E ele conseguia entrar na mente de cada jogador para tornar cada um melhor. Foi uma grande pessoa na minha vida, a quem devo quase tudo, por ter me levado, e por eu ter conseguido demonstrar meu futebol dentro de campo. Foi o melhor treinador pelo qual eu passei, juntamente com o Jorge Jesus"