Diego cresce 'no grito' e na bola como líder do Flamengo
Quando Diego Ribas esbravejou para Gabigol no túnel do Maracanã que iria "correr igual a um maluco", essa não se tratou de uma promessa vazia, apesar do tom metafórico. Na verdade, é o combinado que vem sendo executado a cada jogo do Flamengo, sobretudo após o meia ganhar mais responsabilidades defensivas. Aos 36 anos, agora como primeiro volante, o camisa 10 reforça o papel de capitão não apenas com a autoridade de gritar com o artilheiro do time. Mas com provas reiteradas de liderança, entrega e desempenho em campo.
O resultado tem sido o acúmulo de taças, sem que Diego deixe de ser protagonista, apesar da idade. O Carioca é a conquista mais recente e, na temporada 2021, se soma à Supercopa do Brasil.
O encaixe de Diego no time titular, com o recuo de Arão para a zaga, reforçou a necessidade de efetividade em tarefas defensivas. Para quem foi camisa 10 a vida toda, menos "glamour" criativo, com o intuito de dar liberdade aos protagonistas na fase ofensiva, geralmente Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta.
"A equipe tem uma mentalidade muito boa. Do mais jovem ao mais experiente. Eu procuro servir da melhor forma, na posição que estou hoje", avaliou Diego, após a vitória deste sábado sobre o Fluminense no Maracanã.
O segundo duelo da final do estadual foi o 13º jogo de Diego na temporada 2021. Nos 12 confrontos anteriores, ele acumulou uma média de 8,11 duelos defensivos ganhos por partida. Segundo dados da plataforma Wyscout, ele tem uma média de três interceptações por jogo, cometendo 2,39 faltas.
Usando o inesquecível 2019 como comparativo, sob o comando de Jorge Jesus, a participação defensiva de Diego era menor. Em 2019, a média de duelos defensivos foi de 6,13 por jogo. Nas interceptações, a média foi de 1,8, cometendo 1,41 faltas a cada 90 minutos em ação.
É simbólico que a principal imagem de Diego em 2019 tenha sido o lançamento para o gol da virada de Gabigol na final da Libertadores. Em 2021, por outro lado, o recorte que melhor o define é ele se esforçando e conseguindo, quase em cima da linha, evitar um gol do Palmeiras na Supercopa do Brasil.
Diego poderá ser ainda mais importante
Algumas circunstâncias tendem a fazer com que a relevância de Diego cresça ainda mais nesse meio-campo do Flamengo. Há uma data Fifa adiante, posteriormente Copa América e Jogos Olímpicos. Isso vai acarretar ausências de Éverton Ribeiro e Arrascaeta. A duração desses desfalques do Flamengo depende das convocações finais para a Copa América. A seleção olímpica ainda vai ocupar Gerson na próxima data Fifa de junho. E no meio disso tudo o parceiro de Diego no meio pode se transferir para o Olympique de Marselha.
"Eu, flamenguista, quero que ele fique. É um jogador acima da média, que nos ajuda muito. É jovem, tem futuro, já é uma realidade. Espero que seja aqui com a gente", comentou Diego.
Quanto a Thiago Maia, em fase final de recuperação da lesão ligamentar no joelho, o técnico Rogério Ceni o espera para julho. Ou seja, mais tempo para precisar de Diego como primeiro homem do meio-campo. O lado bom é a contribuição que ele dá para o desenvolvimento de João Gomes, cria da base que tem ganhando cada vez mais espaço com Ceni e fez o último gol do Fla diante do Fluminense.
Diego olha para o horizonte e vê o ocaso da carreira cada vez mais perto. Membro da geração 85 ao lado de Filipe Luís e Diego Alves, o meia consegue se desvencilhar dos problemas físicos que, por exemplo, incomodam o goleiro nos últimos tempos. Talvez a falta de tempo seja justamente o elemento que deixe Diego tão pilhado nos jogos decisivos, como se viu na final do Carioca. Nos últimos anos, o meia também conseguiu deixar de ser o símbolo de uma era de um Flamengo já estruturado financeiramente, mas sem títulos.
A experiência e o posto dão ao capitão cacife para cobranças. Ao mesmo tempo, Diego reconhece que não haverá tantas oportunidades para troféus, na comparação com a camada mais jovem do elenco.
"Temos que desfrutar cada vez mais essa caminhada: 36 anos e jogando em algo nível, num clube em que existe uma concorrência tão grande, que busca sempre pelos melhores", analisou.
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