Flu não repete postura de bastidores, revê problemas em campo e amarga vice
O Fluminense resistiu ao Flamengo e seu poderio financeiro e político fora de campo no Rio de Janeiro, mas não repetiu a postura em campo. Foi derrotado pelo rival e amargou mais um vice no Campeonato Carioca. O Tricolor tem o maior jejum de títulos dos grandes no Estadual, mas para além da disputa caseira, vê seus problemas se perpetuarem em campo em semana decisiva de 2021.
Fora a óbvia discussão sobre o calendário do futebol brasileiro, as duas derrotas em meio à maratona de jogos importantes do Flu reitera os mesmos pontos fracos do time que vivia sequência invicta de 12 jogos até a última terça (18). E não há tempo para mudanças antes do próximo ato: decisão na Libertadores contra o River Plate, na terça (25), em Buenos Aires.
Ainda no início de seu trabalho, Roger Machado não encontra soluções para os problemas de marcação, recomposição defensiva e controle da posse de bola do Tricolor. Também, pudera: o técnico insistiu nas mesmas alternativas tanto na escalação como nas substituições, que, a bem da verdade, funcionaram no segundo tempo do Fla-Flu decisivo, diferentemente do que aconteceu na derrota para o Junior-COL.
Mas sem tempo para treinar e acertar os ponteiros, a valentia do seu Fluminense mais uma vez ficou restrita aos bastidores do futebol carioca. Em campo, nem coragem, nem resistência: sem conseguir controlar a posse e mostrando-se desorganizada, a equipe nem sequer finalizou no primeiro tempo. No fim, encerrou o jogo com dois centroavantes que mal tocaram na bola e sem conexão entre os setores.
O time não conseguiu respirar no primeiro tempo, em que pese a arbitragem confusa que tomou decisões duvidosas ainda com o placar inalterado. Bem posicionado, entretanto, o árbitro Bruno Arleu de Araújo assinalou corretamente o pênalti de Marcos Felipe em Arrascaeta, o sexto do Tricolor em oito jogos.
O alto número mostra que a questão não é obra do acaso, mas sim de problemas táticos. Foram três erros seguidos de marcação cedendo passes fáceis ao Fla até a enfiada de bola que gerou o pênalti, o que já havia acontecido contra River Plate e o próprio Rubro-Negro, na primeira partida da decisão.
Com Fred, Nenê e dois pontas, o Flu tem apenas seis jogadores com capacidade de marcação atrás da linha da bola, e se ressente pelo menos de mais um para equilibrar a equipe. Mesmo quando corretamente postado, o time sofre com contra-ataques quando a parte ofensiva não é extremamente eficaz, e a aposta em um jogo vertical e de ritmo muito intenso contrasta com os destaques veteranos que possui.
"A partir de agora é buscar alternativas para que retomemos esse equilíbrio, para que voltemos aos trilhos. Vamos avaliar. Ver o que podemos acertar, ajustar, e seguir para terça-feira forte para a Libertadores. Esse sétimo jogador, se não tenho ele, se opto por jogador com dois pontas, um meia e um centroavante, eu preciso diluir essa força de bloqueio do adversário dentro do campo de defesa. Mas, em alguns momentos, se não temos a devida capacidade de pressionar o adversário, mesmo com as linhas baixas não conseguimos, pensamos sim, em algum momento, fortalecer o meio de campo", admitiu.
Roger admite mudanças
A recorrência dos erros, não à toa, fez Roger Machado admitir que precisa corrigir a questão, ainda que acredite que o meio-campo não é o problema, e sim a pressão na saída de bola adversária. Ao insistir, entretanto, em modificar apenas peças, o técnico não corrobora com o próprio discurso.
"Na verdade, a recorrência desse problema não é no meio campo em si. Estamos com uma dificuldade, sobretudo no início dos jogos, de conseguir pressionar com os quatro jogadores da frente. E muitas vezes isso acaba resultando no problema do meio campo. Nossos dois volantes sofrem muito em determinados jogos, sobretudo quando o time adversário coloca muitos jogadores atrás da linha e tenta, a partir do seu campo, articular jogadas. E nossa pressão, nesses jogadores de primeira construção, não têm sido bem feita em muitos momentos, que acaba desaguando no meio campo", opinou.
O time de pouca posse de bola dava resultado na sequência invicta justamente pela eficácia do ataque. Fred, mais uma vez, deixou o dele, e Caio Paulista mais uma vez melhorou a equipe ao entrar no segundo tempo. Muito pouco, entretanto, para o clássico contra o Flamengo, onde o Tricolor atuou bem apenas por 30 minutos.
O vice-campeonato amargo, por outro lado, já precisa ser esquecido: na terça, às 19h15, o Fluminense enfrenta o River Plate no Monumental de Núñez e precisa vencer para depender só de si para chegar às oitavas da Libertadores.
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