Após vice, Ramírez reforça conceitos e pede revisão de calendário no Brasil
O vice-campeonato do Gauchão não abalou os conceitos de Miguel Ángel Ramírez. Para o espanhol, o revés para o Grêmio não irá romper com o modelo que ainda está em fase inicial no Internacional. Ainda houve tempo para o treinador reclamar do calendário do futebol brasileiro.
"Outro dia eu disse que não temos tempo para perder, que tudo é muito rápido. Que no processo anterior, havia tempo para perder. E essas derrotas talvez nos ajudaram para que se perca o medo de tentar o que propusemos. Uma vez que se perde o medo, podemos ganhar ou perder, não vamos ganhar sempre, mas vamos perder como poderíamos perder. Sendo fiéis ao que queremos ser", disse o treinador.
Ou seja, a derrota não arrasta o Colorado do caminho que o treinador entende ser o ideal. O estilo de jogo de posse de bola, linhas ofensivas e muita troca de passes será mantido, mesmo que já gere críticas da torcida.
"O que me incomoda é que percamos fazendo o que não treinamos. Perder vai acontecer. A cada dia fica mais difícil ganhar, os grandes clubes do mundo mostram isso. Mas tomara que essa derrota no título nos ajude. Eu senti coisas diferentes já no jogo do Paraguai (contra o Olimpia, pela Libertadores). Hoje, com 11 contra 11, estávamos sendo superiores. Tomara que, fieis ao nosso plano de jogo, possamos estabelecer essa dinâmica", completou.
O presidente Alessandro Barcellos concorda com a visão de Ramírez. Segundo ele, o Colorado passa por uma ruptura a sua forma de atuar, está avançando e evoluindo dentro do modelo de jogo que escolheu adotar.
"Mudamos pela convicção do que é fundamental a médio e longo prazo. Começamos o ano forte, estamos disputando uma competição continental Copa [Libertadores] de primeiro nível. Temos que registrar isso para que se entenda que o copo está meio cheio", atestou o mandatário.
Para o treinador espanhol, a ausência do título gaúcho não altera uma vírgula do que está sendo feito. O trabalho, para ele, é mais longo e dará resultados logo ali na frente.
"Pode ser que este modelo de jogo te peça dez coisas, ou oito, e outros modelos te peçam cinco, ou menos. E, a curto prazo, estes modelos mais simples atinjam o sucesso mais rápidos. O problema é que a longo prazo este modelo não se sustenta. O modelo que estamos implantando é sustentável com mais tempo", completou.
Calendário sob revisão
E outra dificuldade no formato procurado pela comissão técnica é imposta pelo calendário. O acúmulo de jogos sem tempo para treinar precisa de análise sob pena de jogadores se lesionarem e o rendimento dos times cair.
"Ou os atores do futebol param para pensar em algo, ou a saúde dos jogadores cai. Tivemos o Victor [Cuesta], o Patrick, o Guerrero... Eu sei que isso está acima de tudo e de todos, mas ou sentamos numa mesa e falamos sobre mudar este calendário... Eu não sei quanto tempo estarei aqui, mas falo isso pensando nos jogadores. O jogador é o protagonista. Estamos jogando com a saúde das pessoas. Cuidado", falou o treinador.
Vice-campeão gaúcho, sem conquistar o Estadual desde 2016, o Colorado agora tem a Libertadores pela frente na quarta-feira (26). O adversário será o Always Ready, no Beira-Rio. Em seguida já começa o Brasileirão e a primeira rodada será contra o Sport, domingo (30), também em Porto Alegre.
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