Champions: Goleiro do Chelsea, Mendy treinou de graça e viveu de auxílio
Sete anos atrás Édouard Mendy vivia o pior momento da carreira. Com 22 anos, desempregado e prestes a virar pai, ele pensava em abandonar a carreira. O goleiro senegalês só conseguia sobreviver graças a um auxílio dado pelo governo da França. Mas ele se recuperou e agora está prestes a realizar o sonho de todo jogador: no sábado disputa pelo Chelsea a final da Champions contra o Manchester City.
Contratado no início da temporada, o até então desconhecido Mendy foi a solução dos problemas do gol do Chelsea. Na atual campanha da Champions, ele ficou oito dos 11 jogos sem levar gols. Nada mal para quem por muito pouco não largou o futebol.
Desemprego e auxílio
O pesadelo de Mendy começou em 2014, quando ele não teve o contrato renovado com o modesto Cherbourg, então da quarta divisão do futebol francês, seu primeiro clube como atleta profissional, onde estava há três anos. A dispensa mexeu com a cabeça do senegalês, o fazendo duvidar do seu próprio potencial.
"Para um jogador de futebol, ou qualquer outra pessoa, estar desempregado é como levar um tapa na cara. Quando você fracassa várias vezes, isso acaba deixando marcas, e você começa a pensar que não nasceu para aquilo", disse Mendy à revista francesa So Foot quando foi contratado pelo Chelsea.
Sem muitas opções após sair do Cherbourg, Mendy voltou ao Le Havre clube que o acolheu quando criança e onde deu seus primeiros passos no futebol. De manhã, revezava entre treinos com a equipe reserva e a academia. No período da tarde, treinava chute ao gol com seu irmão em um dos campos disponíveis. Tudo isso, é claro, sem receber nenhum salário - sua renda vinha de benefícios de um programa para desempregados da França.
Destaque na segunda divisão
Após um ano nessa situação, ele ficou sabendo por meio de um ex-companheiro que o Olympique de Marselha estava à procura de goleiros, já que todos os seus reservas haviam sido emprestados. Mendy não pensou duas vezes: foi aos testes, passou e acabou contratado para ser a quarta opção do elenco.
"Quando fui fazer o teste, o pensamento era apenas de dar absolutamente tudo que tinha para conquistar aquela oportunidade. Felizmente deu certo, foi um sentimento de alívio ter conseguido", relembrou.
A partir de então, as coisas começaram a fluir. Mesmo sem ter entrado em campo pela equipe principal do Olympique, Mendy conseguiu uma transferência ao Reims em 2016, onde ficou três anos, somando mais de 80 jogos e o título da segunda divisão do Campeonato Francês de 2017/18, fundamental para catapultar sua carreira.
?Foi um título muito marcante para nós, principalmente para ele, que foi considerado o melhor goleiro - integrou a seleção do campeonato, além de termos a defesa menos vazada", disse Diego Rigonato ao UOL Esporte, brasileiro camisa 10 do Reims na época, escolhido como o melhor jogador da competição naquela temporada.
?A importância dele foi gigante, a confiança, o respeito que tinha conosco. Ele sempre foi um cara muito trabalhador, já tinha seus objetivos traçados, sempre muito humilde, nos motivando sempre. Tive a oportunidade de estar com ele em vários momentos fora de campo, frequentava muito minha casa, nossa amizade era muito bonita?, acrescentou o brasileiro, que hoje atua no Toluca, do México, e que ainda mantém contato com o goleiro pelas redes sociais.
Os passos de Cech
Do Reims, Mendy foi vendido ao Rennes por 5 milhões de euros (R$ 33 milhões na cotação atual). Apenas uma temporada depois, disputando a Ligue 1 e a Liga Europa, conseguiu chamar a atenção do Chelsea, que o contratou por 21 milhões de libras (R$ 156 milhões). Curiosamente, o caminho feito por Mendy foi exatamente o mesmo de Petr Cech, maior goleiro da história do Chelsea e hoje diretor da equipe, que também se destacou pelo Rennes. Foi ele o principal responsável pela contratação do senegalês.
"Ele demorou para despontar, e por isso talvez tenha sido inesperado para algumas pessoas. Eu comecei a acompanhá-lo ainda na segunda divisão da França, tem qualidades para superar momentos difíceis. Jogar pelo Chelsea é uma pressão enorme, mas quando você passa por outros tipos de pressão durante sua vida, como quando ele estava desempregado e sem trabalho, você pode lidar muito melhor com a pressão do futebol", disse Cech ao anunciar a contratação, em setembro do ano passado.
Dúvida para a final
A participação de Mendy na decisão de sábado ainda é dúvida. O goleiro se chocou contra a trave no jogo do Chelsea contra o Aston Villa no último final de semana. Mendy passou por exames que não apontaram fratura nas costelas. Com isso, o técnico Thomas Tuchel disse esperar contar com o goleiro nos treinos a partir de hoje (26). "Ele vai jogar se estiver condições. Se não estiver bem na quarta, vamos tentar na quinta. E depois vamos tentar na sexta. Seremos sempre razoáveis e responsáveis para tomar a decisão [de se ele irá jogar]".
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