Neste sábado (29), Manchester City e Chelsea decidem o título da Liga dos Campeões. A equipe londrina tem a chance de conquistar o torneio pela segunda vez, após o triunfo na temporada 2011/12. Antes dessa época, o time londrino foi comandado por Luiz Felipe Scolari, que chegou ao clube credenciado por seu trabalho à frente das seleções do Brasil e de Portugal. Uma de suas missões era levar o time à, até então, inédita taça, mas o treinador sequer completou uma temporada no cargo.
No podcast Futebol sem Fronteiras #3 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade receberam o treinador como convidado especial. Felipão relembrou sua passagem no comando do clube londrino, que durou pouco mais de sete meses. Demitido em fevereiro de 2009, Scolari reconheceu que a dificuldade de se comunicar comprometeu seu trabalho na equipe.
"Eu tive problemas em me comunicar com os jogadores e com a imprensa dessa forma como estou falando. Procurava palavras, situações em que pudesse errar um pouco menos no inglês e comunicasse meu sentimento, que muitas vezes não tinha uma palavra naquele momento. Falar fluentemente aquilo que eu quisesse, dando a entonação. Faltou, sim", disse Felipão, admitindo a falha.
O problema de comunicação se acentuou com a saída de Brendan Rodgers, atual técnico do Leicester e, na época, seu auxiliar no Chelsea. "Quando ele foi embora, comecei a ter dificuldades a mais", disse.
Anelka x Drogba
Outro ponto importante que contribuiu para a breve passagem pelo Chelsea foi uma polêmica com dois jogadores. "O que eu teria feito de diferente, que até hoje penso que errei, foi no sentido de ser um pouco democrático e tentar me comunicar melhor com todo um grupo. Deveria ter tomado a atitude que eu queria tomar intempestivamente sem comunicar A ou B ou ao grupo, que reagiu de uma forma que eu não esperava. Ou seja, contestação de uma colocação de A ou B, onde A e B eram importantes para a equipe, mas cada um queria tomar uma posição", disse o treinador.
No caso, A e B são os atacantes Nicolas Anelka e Didier Drogba. Segundo Felipão, ele começou a perder o elenco do Chelsea após um desentendimento com a dupla. Ele pediu ao francês para que também voltasse e ajudasse na marcação, mas o jogador se recusou a cumprir a orientação. Scolari fez o mesmo pedido ao marfinense, e igualmente recebeu um 'não' como resposta.
"Fui levar o assunto para discutir com todo o grupo. Quando isso acontece, torna-se um pouco mais difícil. Eu sei que foi esse o meu erro, porque tentei unir dois atacantes tão espetaculares, mas que um ou outro não queria tomar certas atitudes em campo que poderiam auxiliar dentro dessa minha perspectiva. Ou eu deveria ter o contato com os dois para saber se alguém ia fazer alguma coisa a mais daquilo que eu queria ou não para depois tomar a atitude de me reunir com os jogadores", admitiu Felipão.
Felipão considera que faltou consideração por parte de Anelka neste episódio. "Pense que Drogba estava lesionado e eu não o queria jogando com infiltração. Nunca quero um jogador atuando fora de suas condições ideais. O Anelka foi colocado e era o artilheiro, mas não era titular. Muitas vezes temos uma dívida com o técnico que te dá essa oportunidade. Temos que mostrar que mereci essa oportunidade, e também respeito, amizade e um pouco de simpatia, que posso fazer algo a mais mesmo não sendo das minhas características para que a gente possa se dar muito bem. Infelizmente, não tive isso", comentou.
Scolari avalia que, se tivesse agido de outra forma para lidar com o problema, poderia ter prolongado sua passagem pelo Chelsea. "Quis colocá-los juntos porque eles eram muito bons. O problema não era deles, era meu. Eu que tinha que arrumar e ser mais inteligente de organizar melhor e de fazer as colocações para que todos entendessem onde eu queria chegar. Quem sabe eu teria seguido em frente", concluiu o treinador.
Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também a opinião de Felipão sobre o trabalho de Pep Guardiola e quem ele acha favorito na decisão da Liga dos Campeões.
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