Seleção se vê em meio ao conflito: Neymar, seu craque, x Nike, sua parceira
No mesmo dia em que Neymar pousou de helicóptero na Granja Comary para se unir à seleção brasileira na preparação antes dos jogos contra Equador e Paraguai, pelas Eliminatórias, uma matéria do Wall Street Journal reacendeu o conflito entre o craque e sua antiga fornecedora de material esportivo, a Nike. Por sinal, a empresa norte-americana é parceira tanto do Paris Saint-Germain, com quem Neymar renovou até 2025, quanto da CBF.
O embate se dá em decorrência da versão da Nike sobre o fim do contrato entre as partes. A companhia alega que Neymar não colaborou com uma investigação interna para apurar uma denúncia de abuso sexual e por isso encerrou a relação comercial. O caso chegou às instâncias internas da empresa em 2018, quando uma funcionária relatou o episódio supostamente ocorrido em 2016 —a funcionária, que ainda trabalha na empesa, afirma que o brasileiro teria tentado forçá-la a praticar sexo oral, em seu quarto de hotel. A assessoria de Neymar nega tanto a acusação como a justificativa da Nike para o fim do contrato de patrocínio.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o pai do atacante afirmou que a empresa estaria por trás da denúncia. "Claro que isso partiu da Nike depois da nossa saída. Muito estranho, todos saem da Nike e são acusados assim. Isso aconteceu com o Cristiano Ronaldo, com o cara lá do basquete que morreu, o Kobe [Bryant], eles passam a ser denegridos, como o Neymar está sendo. Se a Nike quer chantagem, armação, vamos para cima da Nike, então", disse.
A quinta-feira foi de testes físicos no Centro de Excelência da seleção, em Teresópolis, ambiente no qual as peculiaridades das relações comerciais tomam forma, tornam-se imagem. Neymar tem pés valiosos. E um vínculo pessoal com a Puma, iniciado em setembro de 2020. Mas estar na seleção o faz, por exemplo, aparecer todo uniformizado de Nike — até no tênis.
Neymar teve relação com a Nike por longo tempo, desde os 13 anos de idade. À época da divulgação da ruptura de seu contrato com a empresa, fontes próximas a Neymar afirmaram ao UOL Esporte que os valores oferecidos por um novo contrato não foram aprovados pelo jogador e provocaram o desligamento.
Da mesma forma, Nike e a CBF são parceiras de longa data: o primeiro contrato, assinado em 1995, já foi motivo de CPI e parte do Fifagate, por conta da alegação de pagamento de propina ao então presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
Não há marca há tanto tempo no portfólio da entidade. Com contrato em dólar, ela faz parte da lista das empresas que mais geram retorno financeiro à CBF, ao lado de Guaraná Antactica, Vivo e Itaú. No balanço de 2020, a receita de patrocínios da CBF atingiu R$ 365 milhões. E 98% disso vieram dos parceiros comerciais da seleção. Foi o valor mais alto desde 2016, quando a entidade registrou R$ 410,9 milhões nesse item.
A situação de agora, então, é inusitada porque Neymar é o principal jogador da seleção. Logo, quem mais atrai holofotes, peças publicitárias e ajuda a turbinar a divulgação das partidas do Brasil. Por consequência, serve de mola propulsora para os valores que a CBF ganha em direitos comerciais/de transmissão. É interesse técnico e mercadológico da seleção que Neymar esteja bem dentro e fora de campo.
Como uma lesão tirou Neymar dos dois últimos jogos da seleção em 2020, significa que o craque não veste a camisa amarela desde outubro do ano passado. Diante dos efeitos da pandemia, a própria equipe comandada por Tite tem a tarefa de se reorganizar após pouco mais de seis meses sem entrar em ação.
Em 2019, quando veio à tona a denúncia de estupro feita por Najila Trindade contra o jogador, a CBF experimentou o que foi ter Neymar imerso em problemas pessoas. Deu até polícia na Granja Comary. Para completar o peso psicológico, Neymar ainda se machucou em um amistoso contra o Qatar, em Brasília, e foi cortado da Copa América. Posteriormente, a acusação foi arquivada por falta de provas.
No meio disso tudo, a CBF tem seus próprios problemas de imagem para resolver. Semana passada, vazou um áudio de 2018 no qual o atual presidente Rogério Caboclo, quando ainda era diretor executivo de gestão da entidade, explicitou durante uma conversa com o coordenador da seleção, Edu Gaspar, a influência do ex-presidente Marco Polo Del Nero na montagem da comissão técnica. O cartola foi banido pela Fifa pelo envolvimento em esquemas de corrupção.
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