Tiago Nunes se vê como "professor" e quer desfrutar de sonho no Grêmio
Nada caiu do céu para Tiago Nunes. Hoje técnico do Grêmio, com passagens por Athletico Paranaense e Corinthians, o treinador não esteve sempre nos grandes cenários. Precisou comandar times em muitos estádios pequenos e viver o futebol nos mais diferentes cenários até atingir o momento de "desfrutar" sua carreira. Hoje, ele se enxerga como um "professor", e assim crê no crescimento de seu trabalho.
Em entrevista ao UOL Esporte, Tiago revelou que seus objetivos sempre foram definidos com o que era possível atingir. Natural de Santa Maria, no interior gaúcho, ele queria primeiro comandar um time da cidade, depois do Estado, e assim rodou bastante até chegar à elite.
"Isso me dá chance de falar que tem muita a gente boa no interior e por questão cultural não tem oportunidade na dupla Gre-Nal. Eu fiz um caminho diferente, saí do Rio Grande do Sul para provar meu valor para ter uma oportunidade num clube do tamanho do Grêmio", contou.
"Ser um profissional do futebol já foi um sonho. Chegar à Série A, outro sonho. Ser campeão, nacional e internacional, com time de Série A (Athletico) extrapolou qualquer sonho que eu tinha. Agora eu estou desfrutando. O que vier é lucro. O céu é o limite", completou.
E não foram poucos clubes. Entre equipes em que foi preparador físico, dirigente e técnico, são mais de 20 na carreira.
Para atingir o céu, Tiago ganhou experiência. E não apenas nos títulos que conquistou, mas também tirou lições dos momentos de decepção, com no Corinthians, onde não ergueu taças.
"O Corinthians é um clube maravilhoso, clube gigantesco e com torcida extraordinária. Com direção que me dei muito bem, principalmente como o Duilio [Monteiro Alves, então diretor de futebol, hoje presidente]. Mas é um clube onde tem muita informação e especulação. Especulação é um componente que, quando não se tem comunicação tão assertiva, vira algo com proporção grande e aí somado ao ano político em clube com 30 milhões de torcedores, período de pandemia. Acaba trazendo dificuldades. Mesmo perdendo, tu ganha. Se você for sábio, se souber tirar aprendizados, você ganha. Me sinto vitorioso e me fortaleceu para ser um pouco melhor do que já fui em outros momentos", afirmou.
Admitindo que evoluiu, Tiago cita um desses ensinamentos que o faz hoje se enxergar de maneira diferente. Em vez de um treinador, um professor. Aquele que não se pressiona apenas pelos resultados, mas pelo processo de aprendizado de seu grupo.
"Uma experiência importante foi me aceitar como professor. Num país onde a gente deteriora muito a imagem dessa pessoa tão importante para formação da sociedade, quando me identifiquei com o professor e deixei de lado o treinador, as coisas ficaram bem mais leves. Enquanto treinador, querendo provar que sou capaz, o resultado condicionava o meu bem-estar. E aí, consequentemente, tu vive uma montanha-russa de emoções. Quando ganha, está muito bem e quando perde, está péssimo. Me entender com propósito claro, como professor, fortaleceu meu espírito. Meu propósito", explicou.
"A cada trabalho, eu faço uma revisão e busco feedback com a equipe de trabalho. Não só no dia a dia, mas nas relações. Chego muito motivado para contribuir com as pessoas que já estão no clube. Tenho uma equipe de trabalho que está acostumada a esse ritmo e está empoderada. A gente compartilha muito a sessão do treino. Eu fico muito de olho no macro, olho de fora, então quem faz aplicação são os integrantes da comissão técnica. É um trabalho construído a muitas mãos. Eu acabo exercendo um papel de gestor, com olhar de fora, e entro em momentos pontuais e tentando ser bem assertivo", concluiu.
Mesmo que comande o time há aproximadamente um mês, o professor Tiago já conquistou um título. No último domingo foi campeão gaúcho batendo o rival, Internacional, na decisão. Sinal que ao se desprender dos resultados, acabou ficando ainda mais próximo deles.
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