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Adversário do Vasco, Boavista disputa com surfe atenção da população local

Filipe Toledo vibra em um de seus dois títulos na etapa de Saquarema da WSL: cidade também é a casa do Boavista  - WSL/Poullenot/Divulgação
Filipe Toledo vibra em um de seus dois títulos na etapa de Saquarema da WSL: cidade também é a casa do Boavista Imagem: WSL/Poullenot/Divulgação

Alexandre Araújo e Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/06/2021 12h00

Vasco e Boavista iniciam hoje (1), às 21h30, o jogo de ida do duelo válido pela terceira fase da Copa do Brasil. A partida acontecerá no estádio Elcyr Resende, em Bacaxá, distrito de Saquarema (RJ), cidade conhecida como a "Capital do Surfe" e é a única da América do Sul que desde 2017 recebe o Campeonato Mundial da categoria (World Surf League - WSL).

Nesta temporada, por exemplo, a etapa acontecerá entre os dias 11 e 16 de agosto na praia de Itaúna, conhecida como o "Maracanã" do surfe nacional e onde já foram campeões Adriano "Mineirinho" de Souza, em 2017, e Filipe Toledo, em 2018 e 2019. Ano passado a Liga Mundial não aconteceu em função da pandemia do coronavírus.

Segundo os dados da Prefeitura de Saquarema, durante os quatro dias de disputa no ano de 2019, a média de público foi de 30 mil torcedores nas areias com um pico de 40 mil no sábado.

O atrativo em ver de perto nomes como Gabriel Medina, Kelly Slater, Jhon Jhon Florence, entre outros, tem gerado não só grandes números no ramo de Turismo como também nos de Hotelaria da cidade, que fica a cerca de 97km da capital Rio de Janeiro.

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Turismo, 100% das vagas na rede hoteleira foram preenchidas em 2019. Já o setor de comércio e serviços registrou o dobro de vendas em relação à etapa de 2018, número que animam para este ano e que trazem uma realidade bem diferente da que vive o time de futebol da região.

O Boavista, por exemplo, apesar de ter uma capacidade de cerca de 5 mil pessoas no estádio Elcyr Resende, recebeu uma média de apenas 1,4 mil pagantes no Campeonato Carioca de 2020, o último antes das competições serem disputadas sem a presença de público em função do coronavírus. No calendário desta temporada, além da Copa do Brasil, o time da Região dos Lagos (RJ) ainda tem pela frente a Série D do Campeonato Brasileiro, com o jogo de estreia acontecendo no próximo domingo (6), em casa, diante do São Bento (SP).

O clube - que antigamente se chamava Barreira — é gerido no formato empresa desde 2004, quando os irmãos da família Magalhães Lins assumiram o comando da agremiação e mudaram o nome para Boavista Sport Club.

Herdeiro de um dos sócios da seguradora Atlântica Boavista, o atual presidente, João Paulo Magalhães, deixa as portas abertas para possíveis parcerias entre o clube e a World Surf League, ciente de que a WSL já realizou algumas ações sociais para a população de Saquarema.

"O Boavista ainda não fez nenhuma parceria com o surfe, mas está aberto. Seria uma honra para nós poder ter um esporte tão importante para a nossa cidade vinculado ao futebol", declarou ao UOL Esporte o presidente João Paulo, que costuma pousar no gramado com seu helicóptero nos jogos do Boavista.

Antes da sequência de etapas a partir de 2017, Saquarema já havia sediado o Mundial de Surfe em 2002, quando a competição ainda era administrada pela antiga organização "ASP World Tour". Na ocasião, quem venceu foi o australiano Taj Burrow.

Senado aprova título de "Capital Nacional do Surfe"

Ano passado, o Senado aprovou o projeto de lei nº 2.173/2019 - feito pelo deputado Lourival Gomes (PSL-RJ) - que concede à Saquarema o título de "Capital Nacional do Surfe".

Segundo o relator - o senador Zequinha Marinho (PSC-PA) — o título é um "reconhecimento da importância da cidade nos contextos local, regional e nacional desta prática", declarou o político à Agência Senado.

Classificação vale R$ 2,7 milhões

Ainda sem o glamour da WSL, o Boavista foca em sua realidade e vê na Copa do Brasil uma grande oportunidade de injeção aos cofres. A classificação para as oitavas de final, por exemplo, garantirá uma premiação de R$ 2,7 milhões, algo que praticamente resolve sua temporada.

Ao Vasco a quantia também é importantíssima, já que equivale a praticamente uma folha salarial mensal do elenco, que atualmente está com seus vencimentos praticamente em dia, restando apenas algumas parcelas do acordo estabelecidos com os jogadores que estavam no grupo desde o ano passado.

O jogo de volta entre Vasco e Boavista acontecerá no próximo dia 9 em São Januário (RJ). Caso as duas partidas terminem empatadas ou com igualdade no placar geral, a disputa se dará nos pênaltis.