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Covid-19 mata 63% mais no Brasil do que quando Conmebol adiou Eliminatórias

1.outubro.2020 - Funcionário desinfeta bola antes de partida da Copa Libertadores 2020 em Assunção, no Paraguai - Raul ARBOLEDA / AFP
1.outubro.2020 - Funcionário desinfeta bola antes de partida da Copa Libertadores 2020 em Assunção, no Paraguai Imagem: Raul ARBOLEDA / AFP

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

01/06/2021 04h00

A Conmebol anunciou ontem (31) a realização da Copa América no Brasil quase três meses após suspender jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo no país por causa do avanço da pandemia e suas consequências. Atualmente, no entanto, o número de mortes por covid-19 no Brasil é 63% maior do que na época do adiamento daqueles jogos.

Em meio ao temor por uma terceira onda da pandemia, o Brasil registrou 57.805 mortes oficiais por covid-19 nos últimos 30 dias. Este número é 63,4% maior do que a soma dos 30 dias anteriores a 6 de março (35.356 óbitos), data em que a Conmebol decidiu suspender as rodadas das Eliminatórias que aconteceriam no final daquele mês. A situação da pandemia no país, portanto, é muito mais perigosa agora do que naquela ocasião.

Em março, a entidade justificou o adiamento das rodadas das Eliminatórias devido "à impossibilidade de contar com todos os jogadores sul-americanos a tempo", em uma curta nota oficial que nem citava a pandemia de covid-19. Fato é que tal "impossibilidade" foi consequência direta da pandemia, pois as regras da Fifa dão aos clubes o direito de não liberar jogadores a seleções que atuem em países onde a covid-19 não está controlada —caso do Brasil.

Naquele mês, a seleção brasileira visitaria a Colômbia, em Bogotá, e depois receberia a seleção argentina no Maracanã, mas tudo desandou após Liverpool e Manchester City se negarem a ceder seus atletas sul-americanos porque o Brasil estava na lista de países da "zona vermelha" do governo britânico —critério que veta voos para o país, entre outras restrições.

O Brasil continua na tal "zona vermelha", e os clubes ingleses só não podem repetir a negativa desta vez porque os jogadores estão em período de férias; do contrário, a Copa América agora improvisada no país poderia ser esvaziada de seus principais craques.

O mês de maio terminou ontem como o terceiro em que mais pessoas morreram de covid-19 no Brasil (58.679). Em abril, haviam sido 82.401 mortes; e em março, 66.868. No total, mais de 462 mil brasileiros já perderam a vida por causa da doença, e apenas 10,4% da população está totalmente vacinada, segundo dados oficiais.

Cidades sede ainda não estão definidas

Conmebol e CBF ainda buscam viabilizar as sedes dos jogos da Copa América. Ao menos para os jogos da primeira fase, a prioridade é por arenas que não estejam sendo utilizadas no Brasileirão, e o Estádio Mané Garrincha, em Brasília, é o primeiro confirmado. Cogita-se também a Arena das Dunas, em Natal (RN), e a Arena Pernambuco, na região metropolitana de Recife, mas os dois governos estaduais já disseram não ter condições sanitárias para receber o torneio. Outra opção é a Arena Amazônia, em Manaus (AM).

Estas três capitais, Manaus, Natal e Recife, passaram por momento delicado nesta pandemia. Uma nova variante do coronavírus surgiu no ano passado em Manaus, que agora pode voltar à fase vermelha; Natal tinha 94% dos leitos de UTI ocupados no domingo (30); e em todo estado de Pernambuco a ocupação dos leitos de UTI é de 98% na rede pública.