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OPINIÃO

Trajano sobre Copa América: Grana está em jogo, não se importam com vidas

Do UOL, em São Paulo

02/06/2021 11h30

A revelação de que a Conmebol adiantou o pagamento de US$ 10 milhões às associações dos países que disputam a Copa América foi assunto comentado por José Trajano em sua participação no programa UOL News Esporte, com Domitila Becker, ressaltando a preocupação apenas financeira que tem a realização da competição continental no Brasil.

Trajano cita a disputa televisiva, pelo fato de a transmissão do evento ser do SBT, além do grupo Disney, que tem ligação com o governo, com o atual Ministro das Comunicações, Fabio Faria, sendo genro de Silvio Santos, proprietário da emissora. O jornalista vê preocupação apenas financeira e não com o estágio da pandemia no Brasil.

"A grana fala mais alto, há uma disputa televisiva, quem vai transmitir aqui no Brasil é o SBT, a Disney entrou agora, SBT repassou, tirando da Globo, você vê que o SBT tem ligação direta com o governo brasileiro, porque o genro do Silvio Santos é o Fabio Faria, o SBT que tem os direitos, é a grana que está em jogo, eles não estão se importando com as vidas, quantas pessoas vão morrer, então é a Copa da Covid-19. O mundo está chocado com a realização", diz Trajano.

Ele também cita o deslocamento das delegações pelo Brasil no momento em que o número de mortos pela covid-19 no país se aproxima de 500 mil, ressaltando também a simbologia que tem ao se realizar a competição nas condições atuais.

"Não é só problema de trazer para cá mil pessoas circulando para cima e para baixo, é uma coisa pedagógica, no momento em que nós estamos com quase 500 mil pessoas mortas desde o início da pandemia, 17 milhões de infectados, você trazer mil estrangeiros para cá é um descalabro", diz Trajano.

"Em termos pedagógicos, não era hora de trazer essa gente para cá, pelo contrário, era evitar a presença de mais pessoas que não têm nada a ver com a nossa realidade hoje. E mais, para que serve a Copa América? Serve para os cartolas, para a Conmebol encher as burras de dinheiro", conclui.