Livro segue a rota do dinheiro e revela as negociatas do futebol brasileiro
Que o futebol anda de mãos dadas com negociatas e politicagem não é lá uma novidade, mas o livro "O futebol como ele é", do jornalista Rodrigo Capelo, é inovador ao levantar o tapete dos clubes brasileiros. De forma didática, ele explica como a relação entre a bola e as cifras é muito mais antiga e complexa do que parece.
O livro segue a rota do dinheiro para contar histórias de 13 clubes brasileiros, organizadas em uma espécie de linha do tempo que vai dos anos 1940 à atual ascensão econômica do Flamengo. Os capítulos contextualizam, por exemplo, que Leônidas da Silva foi um marco do caráter investidor do São Paulo; como a história do Vasco passou a se confundir com a história de Eurico Miranda; e o que levou o projeto Ronaldo a tornar Andrés Sanchez praticamente invencível no Corinthians.
A força do livro não está tanto nas revelações, pois na maioria os episódios já são de conhecimento público, e sim no ângulo que adota. A tese é coerente: o que acontece dentro das quatro linhas, por mais arrebatador e inesquecível que seja, pode ser explicado por conjunturas econômicas e decisões extracampo.
Três pilares sustentam "O futebol como ele é": a estruturação dos clubes grandes; a corrupção e a má administração; e a recuperação e competição econômica entre os times. A partir daí as histórias se desenrolam, como a da implosão do Clube dos 13 em meio a uma disputa entre Andrés e Juvenal Juvêncio, às portas da Copa do Mundo de 2014.
"Pela complexidade e por tratar de assuntos espinhosos, o capítulo mais difícil de fazer foi este do Corinthians", conta Rodrigo Capelo, em conversa com o UOL Esporte. "Porque tem episódios controversos, que envolvem o Clube dos 13, a Globo [e os direitos de transmissão] e são histórias contadas há muito tempo. Então foi preciso testar todas estas versões, estas crenças, checar tudo até chegar a uma versão mais próxima do que aconteceu", explica.
O autor conta ter feito mais de 100 entrevistas, além da consulta a mais de 700 balanços financeiros e a outras centenas de reportagens e artigos de jornais antigos. Tudo isso em quatro anos de trabalho. O livro está à venda pela Editora Grande Área e conta com capítulos de Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Cruzeiro, Corinthians, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Inter, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco.
Futebol sempre foi negócio
Após 588 páginas, uma das conclusões claras é que o futebol é negócio há muito tempo. É verdade que os valores estão cada vez mais altos e que o entendimento do esporte como fonte de renda vem sendo refinado, mas já faz quase um século que a bola é uma atividade econômica.
"Do amadorismo em diante, o dinheiro sempre fez parte do futebol. Já nos anos 1930, a opinião pública e os jornais debatem inflação de materiais esportivos, relações políticas entre dirigentes e federações, problemas de calendário e bilheterias, transferências e salários dos jogadores... O dinheiro sempre fez parte, a diferença é que lá atrás era bem menos do que hoje", explica Rodrigo Capelo.
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