Resumo da notícia
- Colunistas dizem se seleção deve boicotar Copa América mesmo com Caboclo afastado
- Alicia Klein: "Ao que parece, problema da Seleção era só político, nada a ver com saúde"
- "Os jogadores são milionários sem consciência social", analisa o colunista Menon
- "Jogar indicará que o problema era só com Rogério Caboclo", pontua Perrone
Jogadores da seleção brasileira e comissão técnica já sinalizaram para a CBF que irão jogar a Copa América, marcada para começar dia 13 de junho. O afastamento do presidente da confederação, Rogério Caboclo —denunciado por assédio sexual—, reduziu a tensão entre o time e cúpula da entidade.
Os atletas, que até então cogitavam um boicote ao torneio de seleções, farão apenas um manifesto com crítica à realização da competição no Brasil.
Diante de todo este cenário, fizemos a seguinte pergunta aos colunistas do UOL Esporte: A seleção brasileira deveria boicotar a Copa América mesmo após o afastamento de Rogério Caboclo? Veja o que eles responderam:
O problema da Copa América no Brasil é o vírus, o risco que a CBF decidiu correr em nome dos brasileiros, a insanidade de sediar um torneio no país com pior controle da pandemia no continente. Mas, ao que parece, o problema da Seleção era só político, nada a ver com saúde, responsabilidade, civilidade. Lamentável, ainda que não surpreendente.
ALICIA KLEIN
Deveria, mas o que esperar de quem já posou feliz em 2019 com o presidente negacionista? O que esperar de quem vive numa bolha de privilégios na Europa e desconhece a desgraça no Brasil? No máximo um "protesto" asséptico elaborado por assessoria de imprensa, para não sair tão mal na foto, e vida que segue com o cinismo de sempre.
ANDRÉ ROCHA
Se a preocupação sempre foi a questão sanitária, a proteção de direitos humanos, não aconteceu fato novo para mudarem de ideia (mudaram?) O Brasil segue refém do vírus. A crise pandêmica continua grave e com os mesmos riscos. É esperar posicionamento de terça.
ANDREI KAMPFF
Se a motivação inicial do protesto era o risco sanitário da Copa América em meio a uma pandemia, a saída de Caboclo em nada muda essa situação. Se a motivação era apenas política para derrubar o ex-presidente da CBF, aí o cenário mudou.
DANILO LAVIERI
Uai, não foi ele quem ajudou a trazer a Cova América? Jogadores jamais disseram o que os motivava. Bebedeiras? Não parece. Assédio sexual? E o Neymar? Ficaram irritados por terem sido tratados como empregados da CBF? Vai ver foi só por isso.
JUCA KFOURI
A realização da Copa América no Brasil tem a ver com o Bolsonarismo, com desafiar a pandemia, com minimizá-la, que é a mensagem que o governo brasileiro sempre quis passar. Nunca vi jogadores, de seleção ou não, se posicionarem firmemente contra o bolsonarismo ou contra a atuação do governo brasileiro em relação à pandemia. Portanto, seria surpreendente que houvesse um posicionamento neste sentido. Me parece claro que o problema ali era com o presidente da CBF, não com a situação geral das coisas. A pergunta é: a seleção deveria boicotar a copa América? Sim, deveria. Mas independente de ela ser no Brasil ou em outros países também assolados pela pandemia, como Colômbia e Argentina.
JULIO GOMES
A questão nunca foi a Copa América em si, mas como Caboclo manejou a ida do torneio para o Brasil, inclusive sem comunicar aos atletas. Sem Caboclo, não faz sentido, para os atletas, o boicote. O que discordo: deveriam ter usado toda essa energia para se colocar contra o torneio em meio à pandemia.
MARCEL RIZZO
A seleção deveria boicotar a Copa América por causa da pandemia no Brasil, com quase 500 mil mortos. Mas os jogadores são milionários sem consciência social. Vão jogar e, se ganharem, vão tirar foto com a taça e com Bolsonaro.
MENON
Sim, deveria boicotar. Bastaria um mínimo de consciência humanitária para ousar tomar essa atitude. Sediar uma Copa em meio a um pandemicídio é uma aberração, uma delinquência. Não importa saber quanto dinheiro vai ser perdido se a Copa América não acontecer. Durante uma pandemia, a lógica não é o dinheiro, a lógica são as vidas, as dignidades, o entendimento de que só sairemos disso juntos. O momento não é para festa. Estamos morrendo, perdendo amores, apavorados, desamparados, desesperançosos. UTIs lotadas, médicos e enfermeiros extenuados, uma terceira onda dando as caras. Precisamos de pão, de saúde pública e de solidariedade, não de uma Copa. Se esse presidente tivesse sido tão ágil para comprar vacinas quanto foi para trazer para cá a Copa que ninguém quis, estaríamos vacinados em percentuais satisfatórios e poderíamos, quem sabe, sediar o evento. Mas ele se recusou a comprar as vacinas porque a negligência fazia parte de um planejamento macabro de extermínio. Era hora de a seleção se colocar ao lado daqueles e daquelas para quem eles jogam - ou deveriam jogar. Podem enterrar essa camisa amarela. O futebol brasileiro morreu e vai precisar ser refundado quando isso passar.
MILLY LACOMBE
Não jogar demonstraria uma preocupação com a grave crise sanitária no país. Jogar indicará que o problema era só com Caboclo. Mas precisamos esperar a manifestação dos jogadores para entender melhor seus objetivos.
PERRONE
O boicote deveria acontecer por causa do tamanho atual da pandemia. Mas, para os jogadores da seleção, não era esse o problema. Caboclo fora já resolve o motim.
RAFAEL REIS
Parece que a questão era diretamente com o Caboclo. Precisamos ouvir o que eles dirão, mas não me parece que tenham pensado em boicotar em virtude de toda a tramoia política que trouxe essa Copa América novamente pra cá.
RODRIGO COUTINHO
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