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Derrota "vergonhosa" do Inter cria ambiente de pressão para Ramírez

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

07/06/2021 04h00

Vice de futebol do Internacional, João Patrício Herrmann foi claro ao dizer que a goleada para o Fortaleza foi uma vergonha, a maior vivida por ele como dirigente colorado. Ao mesmo tempo em que rejeitou chance de mudança na comissão técnica, ele distribuiu cobranças públicas evidenciando o momento de maior pressão vivido por Miguel Ángel Ramírez até agora no clube.

Foram vários termos indiretos e diretos de cobrança: críticas ao planejamento dos jogos, ao rendimento do time e ao modelo de jogo. Ou seja, ainda que se negue a demitir o espanhol, o Inter espera mudanças. Caso contrário, irá rever sua decisão.

Foi a primeira ação pública do comando claramente contrária ao treinador. Ainda que o dirigente repetisse que dá respaldo ao profissional, sobraram citações sobre a necessidade de melhora, em tom de descontentamento evidente.

"Confiamos no trabalho do Miguel. Não é pelo dia de hoje que vamos fazer alterações no trabalho. Mas acontecerão mudanças internas de forma enérgica. Estamos enxergando tudo e não estamos satisfeitos com os resultados. Estamos constrangidos com a forma que tudo aconteceu hoje [ontem]. Erros internos, planejamentos mal feitos. Estamos apurando nossas dificuldade e vamos avaliar com nossa direção, comissão, profissionais, para que consigamos dar condições aos atletas. Os jogadores tiveram uma reunião muito forte agora sobre isso. O Inter não é time para tomar 5 a 1", disse o dirigente em tom irritado.

A goleada apenas revelou ecos que já se faziam presentes nos corredores do Beira-Rio desde o vice-campeonato gaúcho. Em seguida veio a oscilação na Libertadores, em um grupo considerado "simples", e um início bem aquém do esperado no Brasileirão, com empate em casa contra o Sport e antes da derrota para o Fortaleza.

"Nosso projeto é para médio e longo prazo. Os resultados estavam acontecendo, mas tivemos algumas dificuldades e logo vamos reverter. Hoje mostramos fraquezas na forma de jogar, na estratégia, mas sabemos que o Miguel vai reagir", disse o dirigente, novamente em uma cobrança nas entrelinhas.

A certeza de recuperação pode, também, ser compreendida como ameaça. Caso a reação não venha, o caminho de ruptura será inevitável.

Hermann ainda afirmou que o planejamento de preservar jogadores para o mata-mata da Copa do Brasil foi equivocado e que o comando precisa entender a "cultura do futebol gaúcho" e a "história do Internacional".

"O Miguel preferiu poupar alguns atletas para quinta-feira, houve essa mudança de estratégia que não deu certo. O trabalho tem ajustes que estão sendo feitos internamente. Não acredito que ele seja inflexível, que não esteja escutando o meio, os atletas, o ambiente em que vive. As alterações internas estão sendo feitas", acrescentou o vice de futebol.

"Sentimos que o modelo parou de evoluir, deu uma estancada, e precisamos o mais rapidamente possível resolver isso internamente, essas dificuldades. É preciso entender a cultura gaúcha de jogar futebol e a história do Internacional", finalizou.

Ramírez não acredita em pressão no Inter

Enquanto isso, o técnico Miguel Ángel Ramírez se mostra tranquilo. Segundo ele, o projeto do clube é muito maior que os tropeços recentes e ainda há espaço para evolução dentro do que já foi trabalhado.

"Estou ao máximo, desde o primeiro dia que cheguei, envolvido no projeto e trabalhador como não podem imaginar. Sigo trabalhando cada dia mais com a mesma ilusão do primeiro dia. Não sei responder quanto posso aguentar. Seria um momento em que eu ache que não posso ajudar o Inter. E isso não vem com a derrota. É algo muito maior, eu sentir que não ajude o processo, que me veja fora, ou que o Inter sinta isso. Creio que isso não venha na pressão das derrotas, porque a execução do projeto é muito maior de uma parte ou de outra", afirmou.

O jogo que pode mudar o ambiente, ou até mesmo ser definitivo para o comando técnico, está marcado para a próxima quinta-feira. O Colorado encara o Vitória, em casa, pela Copa do Brasil. Mais do que se classificar, pois a equipe está vem vantagem após fazer 1 a 0 no jogo de ida, o time precisa dar sinais de que a recuperação realmente aconteceu.

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