Tite evita polêmica com apoiadores de Bolsonaro e comenta saída de Caboclo
O técnico Tite optou por fugir do embate direto com pessoas ligadas ao governo Bolsonaro que defendem sua saída da seleção. O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e o senador Flávio Bolsonaro foram duas das vozes que adotaram um tom pesado em relação ao treinador.
As críticas centralizadas no técnico acontecem num momento de debate sobre a realização da Copa América no Brasil. Debate que ganhou reverberação devido ao sentimento de contrariedade dos jogadores da seleção à forma com a qual se definiu a realização do torneio no país.
"Eu vou falar sobre o meu juízo e aquilo que minha escala de valores diz, meu lado ético, minha educação e minha formação, aquilo que Seu Agenor e Dona Ivone gostariam de ouvir. Eu tenho muito respeito ao meu trabalho, respeito à seleção brasileira, a esse momento da Copa do Mundo, de Eliminatórias, e a melhor maneira de retribuir essa confiança das pessoas que estão a meu favor e respeito daquelas que são contra é fazer meu trabalho possível e que a seleção jogue bem e possa vencer. Essa é minha atribuição, meu lugar de fala e a isso que vou me ater", disse Tite na coletiva pré-jogo contra o Paraguai.
Indagado se o treinador de uma seleção nacional deveria estar alinhado com o presidente da República, Tite foi direto: "Técnico de futebol tem que estar alinhado com o futebol", disse, antes de relatar que existe uma dificuldade em fazer os jogadores ficarem focados para os compromissos das Eliminatórias diante de tantos problemas nos bastidores:
"Tem sido bastante difícil, sim. Porque é o momento social e temos compreensão disso. As pessoas acham que devemos ter opinião para tudo quando devemos ter opinião é pelo futebol, devemos ter a nossa capacidade testada e nosso lugar de fala daquilo que nos diz respeito. Traz dificuldade na medida em que se avolumam [os problemas], mas vou dizer uma coisa: temos tido uma inteligência emocional, que é termo da moda, muito grande para filtrar todas as coisas, ter discernimento, sensatez, deixar as provocações do jeito que são, do nível das pessoas que são e fazem, de lado, e focar no trabalho. Mas é desafiador. Tivemos uma capacidade emocional forte contra o Equador e vai precisar de novo nesse jogo. O mérito que os atletas tiveram nessa abstração foi digno do meu elogio."
Caso Caboclo
Sobre o afastamento do presidente da CBF, Rogério Caboclo, Tite também saiu pela tangente, mas reforçou a visão de que as acusações de assédio sexual e moral feitas por uma funcionária da entidade são graves.
"Nós sabemos a dimensão que tem, sabemos a gravidade do caso, temos consciência disso. Agora existe um comitê de ética da CBF que toma as devidas providências. Acompanhamos, sim, eu sei, mas não é da nossa alçada", afirmou.
O clima na seleção foi conturbado nos últimos dias por tudo que aconteceu nos bastidores, além da pressão por resultados nas Eliminatórias. Tite disse que não foi ameaçado de demissão pelo presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo. Além disso, avisou que deixou a tensão de lado:
"Estou em paz. Estou em muita paz. Pelas pessoas que eu tenho em volta, com o nível que elas têm. Às vezes eu perco (a paz), vem alguém e me retransmite. Vem meu amigo e transmite", comentou o treinador.
Mistério sobre time e manifesto dos jogadores
Pela manhã, o Brasil fez o último treino em Porto Alegre antes do jogo contra o Paraguai, pelas Eliminatórias da Copa 2022. O time embarca nesta tarde para Assunção, onde joga amanhã (8), às 21h30 (de Brasília). Tite fez mistério e não quis confirmar o time titular.
Depois da partida, a expectativa fica por conta do protesto dos jogadores a respeito da realização na Copa América no Brasil. Já há uma decisão interna de disputar o torneio, mas o grupo prepara um manifesto.
"O tempo das manifestações é o nosso tempo, comissão técnica e atletas, o que entendemos ser correto. Temos nossas opiniões, mas orgulho do nosso cargo. Quero sim estar de corpo e alma fazendo o melhor possível e falo em nome dos atletas e da comissão técnica. Joga bola, está aqui o termo. Essa é nossa atribuição para um grande jogo contra o Paraguai amanhã", completou o Tite.
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