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Tudo sobre Rogério Caboclo: entenda o caso que afastou o presidente da CBF

Rogério Caboclo, presidente da CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Rogério Caboclo, presidente da CBF Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/06/2021 20h06

A crise política na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) chegou as seu ápice no último domingo (6) com o anúncio da decisão do Comitê de Ética da entidade para o afastamento do presidente, Rogério Caboclo, após o dirigente ser acusado por uma funcionária de assédio moral e sexual. Entenda quem é Rogério Caboclo, os bastidores da crise e quem assume a entidade máxima do futebol brasileiro a partir de agora.

Quem é Rogério Caboclo?

Rogério Caboclo tem 46 anos e é advogado e administrador de empresas. Filho de Carlos Caboclo, que foi diretor do São Paulo nos anos 1970 e 1980, seguiu os passos do pai e muito jovem começou a fazer parte da política do tricolor paulista.

Aos 26 anos, começou a integrar o Conselho Deliberativo do São Paulo Futebol Clube e, dois anos depois, já se tornou Diretor Executivo e Financeiro do clube durante a gestão do presidente Paulo Amaral, entre 2000 e 2002.

Passou a fazer parte da FPF (Federação Paulista de Futebol), onde permaneceu de 2002 a 2015 e foi vice-presidente.

Caboclo cresceu no cenário da gestão nacional do futebol em 2014, quando participou do Comitê Organizador da Copa do Mundo realizada no Brasil. Logo depois, tornou-se diretor financeiro da CBF, a convite do ex-presidente Marco Polo Del Nero. Em 2016, foi nomeado diretor executivo. De 2017 a 2019 foi apontado como CEO da entidade.

Rogério Caboclo foi eleito presidente da CBF em abril de 2018 e seu mandato iniciou em abril de 2019. Candidato único na eleição que o escolheu, foi eleito sem unanimidade.

Dos 39 clubes votantes (20 da série B e 19 da série A, já que o Athletico-PR não compareceu ao pleito), dois times não votaram em Caboclo: o Flamengo, que se absteve, e o Corinthians, que votou em branco.

O que aconteceu com Rogério Caboclo?

Caboclo está no centro de uma das maiores crises da entidade máxima do futebol brasileiro. Uma insatisfação generalizada com o dirigente já era percebida entre funcionários e diretores da CBF. As atitudes e comportamentos considerados inadequados de Caboclo geravam insatisfação também entre clubes, federações e parceiros.

O problema interno aumentou com a decisão de trazer a Copa América, negada por Colômbia e Argentina, para o Brasil em meio à crise causada pela pandemia da covid-19.

Isolado, Caboclo tentou respaldo junto ao governo federal, e o presidente Jair Bolsonaro foi a favor da ideia. Do lado do futebol, os jogadores e Tite, insatisfeitos, insurgiram contra a realização do torneio, o que piorou a situação para caboclo.

O estopim para o afastamento do presidente foram as acusações de assédio moral e sexual por uma funcionária da CBF, reveladas pelo GE. Na última sexta-feira (4), uma denúncia formal foi protocolada à Comissão de Ética da entidade.

Áudios da conversa de Caboclo com a funcionária que fazem parte da denúncia foram divulgados no domingo (6), no Fantástico, da TV Globo. Nos áudios, Caboclo pergunta se a funcionária "se masturba" e se ela "está dividida" entre dois funcionários.

O Comitê de Ética da CBF decidiu suspender temporariamente o presidente. Em nota, a CBF que "o processo tramitará perante a referida Comissão, com a finalidade de apurar a denúncia apresentada".

Quem assume a CBF?

Com o afastamento de Caboclo por 30 dias, a CBF será assumida interinamente pelo vice-presidente mais velho da entidade, Antonio Carlos Nunes. Aos 82 anos, coronel Nunes, como é chamado, já foi presidente da Confederação Brasileira de Futebol no passado.

Quem é coronel Nunes, vice-presidente da CBF?

Dirigente do Pará, Antonio Carlos Nunes já foi substituto de um presidente da CBF afastado do cargo. Em 2017, foi eleito presidente após o ex-mandatário, Marco Polo Del Nero, ser banido do futebol após escândalo de corrupção na Fifa.

Ex-oficial da Polícia Militar do Pará, coronel Nunes, como é chamado, coleciona algumas gafes e já foi até pivô de crises diplomáticas.

Em 2018, quebrou acordo com a Conmebol ao escolher o Marrocos como sede para a Copa do Mundo de 2026. O combinado era que os dez países da Confederação Sul-Americana votassem na candidatura conjunta da América do Norte, formada por Estados Unidos, Canadá e México.

Na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, gerou desconforto ao reclamar a violência do país africano. Em entrevista ao Lance, também chegou a dizer que não acredita que exista corrupção no futebol.

Nunes será presidente interino da entidade durante os 30 dias de afastamento de Caboclo. Caso o presidente seja punido, pode ser banido da CBF. Se isso acontecer, uma nova eleição será convocada e os oito vices, incluindo Antonio Carlos Nunes, disputam o pleito.