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De vilão no Vasco a herói no CRB: quem é o goleiro que parou o Palmeiras?

Diogo Silva foi o grande herói da classificação do CRB sobre o Palmeiras  - Marcello Zambrana/AGIF
Diogo Silva foi o grande herói da classificação do CRB sobre o Palmeiras Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Bruno Fernandes e Josué Seixas

Colaboração para o UOL, em Maceió

10/06/2021 14h22

Considerado um dos vilões do rebaixamento do Vasco à Série B em 2013, o goleiro Diogo Silva vive momentos de herói no CRB, de Alagoas, que, nesta quarta-feira, eliminou o Palmeiras da Copa do Brasil.

Diogo defendeu três pênaltis e ainda cobrou o dele. À frente de Weverton, goleiro da seleção brasileira, o arqueiro do CRB foi o mais tranquilo: andou devagar, fez paradinha e deslocou o palmeirense como se estivesse em um treinamento.

Além disso, com defesas espetaculares, foi fundamental para que o time alagoano segurasse o atual campeão da Copa do Brasil e da Libertadores durante os 90 minutos de bola rolando.

Há oito anos, ele dividiu com Alessandro e Michel Alves, outros goleiros do Vasco de 2003, o fardo da responsabilidade pelo rebaixamento. E esse foi um dos momentos mais difíceis da sua careira. Agora, aos 34 anos, mais maduro, ele vê que o episódio como aprendizado.

"Todo mundo tem momentos bons e difíceis na vida. O momento mais difícil no futebol foi quando eu saí do Vasco, o momento que eu passei ali até a saída e me colocaram uma carga que não foi minha, foi uma coisa além, mas agradeço a Deus por ter sido um momento de aprendizado e por ter conseguido vencer", disse o jogador ao UOL Esporte.

Naquela temporada, Diogo se revezou na meta com outros dois arqueiros vascaínos, mas nenhum dos três conseguiu se firmar. Diogo Silva e Alessandro somaram mais partidas, 24. Já Michel Alves atuou em apenas 12.

Goleiro ajudou a quebrar tabu histórico

Diogo Silva defende pênalti e é decisivo para eliminação do Palmeiras - Marcello Zambrana/AGIF - Marcello Zambrana/AGIF
Diogo Silva defende pênalti e é decisivo para eliminação do Palmeiras
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Diogo Silva, além de estampar seu nome na biografia do Galo da Praia, entrou na história do Palmeiras como carrasco e principal responsável pela primeira e única derrota da equipe paulista em casa contra um time alagoano.

No primeiro jogo, no estádio Rei Pelé, o Palmeiras venceu por 1 a 0, com gol de William Bigode, e precisava apenas de um empate para conseguir a classificação. Mas o gol de Ewandro e as defesas seguras de Diogo levaram a disputa para as penalidades. E novamente, o arqueiro brilhou e impôs ao Verdão o quarto revez nas penalidades apenas neste ano.

"Eu também já bati pênaltis em outros dois momentos decisivos, só que não com a grandeza como o de ontem. Eu sempre imaginei e me preparei para isso. Ontem Deus me abençoou com essa oportunidade e fui feliz em converter o pênalti. Com certeza ontem foi o melhor jogo da minha carreira. Já tive outras grandes partidas, mas com certeza não foi igual a ontem e só tenho a agradecer a Deus por esse momento."

Se levar em conta o retrospecto do Palmeiras contra times alagoanos em São Paulo, o torcedor alviverde tinha motivos de sobra para imaginar que o Palmeiras, jogando pelo empate ficaria com a vaga, afinal, o Verdão nunca havia sido derrotado por rivais alagoanos em jogos realizados em território paulista.

Ao todo, o Palmeiras já realizou 10 jogos contra equipes alagoanas em São Paulo. Em sete deles, saiu de campo vencedor. Em outros dois, ficou no empate. A única derrota foi na noite de ontem.

Agora, o CRB se junta ao ASA como os únicos times alagoanos que conseguiram eliminar o Palmeiras da Copa do Brasil. Em 2002, o Verdão perdeu fora por 1 a 0 e venceu em casa por 2 a 1. Assim, o clube de Arapiraca conseguiu se classificar pelo critério do gol fora de casa, que não existe mais na competição.

"Torci para ele escolher um lado"

Embora treine cobranças de penalidades com frequência, Diogo tinha à sua frente um dos maiores goleiros do Brasil, que defende a seleção e está no Verdão desde 2016. Ao UOL, Diogo contou como fez para superar o colega de posição.

"Eu sou um admirador do futebol do Weverton e naquele momento eu só busquei tranquilidade mesmo, concentrar e torcer. Para que quando eu chegasse perto da bola ele definisse um canto e foi o que aconteceu", detalha Diogo, que credita o rendimento da equipe ao novo treinador, Allan Aal.

O treinador chegou ao CRB no dia 24 de maio após a demissão de Roberto Fernandes. "CRB já tinha um grupo de jogadores qualificados, chegaram mais alguns, mas com o que ele tem pedido e estimulado a gente a fazer, é nítida a melhora do nosso time e vamos continuar nessa pegada para conquistar nossos objetivos", finalizou o arqueiro.