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Geração vice-campeã mundial ainda não mudou futebol da Venezuela

Yeferson Soteldo, da Venezuela, é um dos jogadores que foi vice-campeão do Mundial Sub-20 - Mauro Pimentel/AFP
Yeferson Soteldo, da Venezuela, é um dos jogadores que foi vice-campeão do Mundial Sub-20 Imagem: Mauro Pimentel/AFP

Marinho Saldanha

Do UOL, em Brasília (DF)

13/06/2021 04h00

Virou clichê. A cada duelo do Brasil com a Venezuela, como ocorre hoje (13), na abertura da Copa América, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, se repete que o "futebol venezuelano evoluiu", citando o vice-campeonato do Mundial Sub-20 de 2017. Porém, até agora a geração que perdeu a final para Inglaterra mudou bem pouco o cenário da "Vinotinto", que repete posicionamentos distante do topo.

É verdade que em comparação com ela mesma, a Venezuela cresceu. Antes, a equipe era o "saco de pancadas" do continente, sofrendo goleadas e derrotas seguidas tanto nas Eliminatórias quanto na Copa América. Sua melhor classificação histórica foi um quarto lugar, que ocorreu apenas uma vez e nunca mais se repetiu.

E o crescimento, ainda que pequeno, aconteceu. Depois do vice-campeonato sub-20, a geração foi sendo agregada ao time principal e na Copa América de 2019, com vários jogadores daquele elenco, como Peñaranda, Soteldo e Fariñez, a equipe avançou até as quartas de final, caindo para Argentina. Foi segunda colocada no grupo do Brasil, com 5 pontos, e graças ao empate em 0 a 0 com a seleção de Tite é que acabou a fase de grupos na frente do Peru, que avançou como terceiro mas acabou sendo vice-campeão.

Nas Eliminatórias, porém, a evolução ainda não é tão clara. Última colocada na disputa por vaga para Copa do Mundo 2018, o time hoje é penúltimo na briga por uma vaga no Mundial-2022, com quatro pontos em seis jogos. A mesma pontuação do lanterna, Peru, mas na frente por que tem saldo melhor: -6 contra -8.

Não bastasse os problemas que já tem naturalmente, a Venezuela foi atingida por um surto de covid-19. Ao todo, 13 membros da delegação, entre jogadores e comissão técnica, testaram positivo para o novo coronavírus. Um grupo de 15 atletas foi convocado às pressas para que a equipe consiga seguir na competição.

"É uma seleção que nos causou muitas dificuldades nas eliminatórias, mas infelizmente foi atingida com um surto (de covid-19). O elenco tem atletas de reposição à altura e nos preparamos para um início de competição. Todo o início de qualquer competição é tenso. Mas o momento em que vivemos traz segurança de iniciarmos bem", disse o auxiliar técnico César Sampaio.

"Lastimo muito, gostaria que todos tivessem condições iguais na competição. É uma equipe que tem evoluído nos nossos últimos encontros", completou Tite.

Nos últimos cinco jogos contra a Venezuela, o Brasil venceu três e empatou um. Foram oito gols brasileiros e apenas dois venezuelanos.

Problemas além do comum

Se a Venezuela já teria dificuldades naturalmente, a situação ficou ainda pior com o surto de covid-19 na delegação. Foram 13 casos, ao todo, entre atletas e membros da comissão técnica. Ontem, 15 jogadores foram chamados às pressas para compor o grupo.

"Isso vai afetar o grupo, sem dúvida. Se não fosse a covid, só dois que jogarão contra o Brasil estariam em campo", revelou o técnico José Peseiro. "Se não fosse o covid e as lesões, seríamos mais fortes. Perdemos jogadores importantes. Mas quem terá oportunidade precisa mostrar que merece e quer estar aqui", finalizou o treinador.

Exportação aumentou

Se a evolução venezuelana em resultados ainda é pequena desde o vice-campeonato mundial sub-20, a exportação de atletas aumentou bastante. Daquele time, Fariñez joga na França, Peñaranda na Bulgária, Ferraresi em Portugal, Hernández e Soteldo na MLS, Herrera na Espanha, Córdova na Alemanha, entre outros.

Quem sabe, no futuro, mais experientes, os jogadores que estiveram perto da conquista mundial na base não possam atingir o esperado grau de evolução, que ainda não aconteceu.