O Brasil iniciou sua participação na Copa América com uma vitória tranquila por 3 a 0 sobre uma desfalcada Venezuela, neste domingo (13). Em um torneio desprestigiado, com rivais afetados pela covid-19 e por outros problemas, a seleção brasileira vê seu caminho facilitado para a conquista de mais um título. Porém, fica a dúvida: até que ponto estas partidas realmente colocam a equipe à prova e a preparam para a disputa da Copa do Mundo?
No Fim de Papo, live pós-rodada do UOL Esporte - com os jornalistas Isabela Labate, Mauro Cezar Pereira, Milly Lacombe e Renato Maurício Prado - os comentaristas discutiram sobre como o futebol de seleções perdeu relevância na América do Sul nos últimos tempos, e como isso pode afetar o desempenho do Brasil em um Mundial.
"O futebol de seleções é totalmente dominado pelos europeus hoje. Com a criação da Liga das Nações, ficou muito complicado. Eles jogam entre eles, não tem calendário. Você fica sem uma régua para medir o real tamanho da sua seleção e qual futebol você consegue praticar. Jogar contra Venezuela, Peru, não serve. E não existe muita alternativa. O Brasil vai chegar na Copa do Mundo com um pé nas costas, possivelmente campeão dessa 'gloriosa' Copa América, mas sem um parâmetro para saber qual é a qualidade do seu jogo e seu potencial", observou Mauro.
Nas últimas quatro Copas do Mundo, apenas uma seleção sul-americana disputou uma final - a Argentina, derrotada pela Alemanha em 2014. Em 2006, 2010, 2014 e 2018, o Brasil foi eliminado por diferentes seleções europeias (França, Holanda, Alemanha - com direito ao icônico 7 a 1 - e Bélgica, respectivamente).
Renato prevê dificuldades para o Brasil no Mundial-2022, no Qatar, exatamente por não enfrentar adversários de alto nível até lá. "Minha única dúvida é até que ponto esses jogos contra os sul-americanos são de fato testes que valham alguma coisa. É o que a gente tem, não adianta se iludir. Desde que criaram a Liga das Nações, a chance de fazer jogos contra europeus passou a ser reduzidíssima. E também é reduzidíssima nossa chance de chegar em uma Copa do Mundo com capacidade de enfrentar os grandes europeus. Sou um pessimista em relação à próxima Copa. Não vejo como esse time encaixar e sabendo jogar contra os europeus", comentou.
Para Milly, a seleção brasileira precisa recuperar sua essência de jogo para ter maiores chances de sucesso contra adversários de maior calibre. "A gente passou a ser diferente a partir do momento que começou a imitar a maneira como eles jogam. A gente tenta fazer um futebol de passes, de toque lateral, de cruzamento na área, que nunca foi o nosso jogo. Decidiu-se que era uma boa ideia continuar a ser colonizado e a gente fica tentando imitar esse jogo. Uma seleção nacional deveria representar o que somos culturalmente. O Brasil é vibrante, pulsante. É drible, irreverente, inovador", completou.
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