CBF contrata empresa e acha escutas ilegais na própria sede
A sede da CBF está sob escrutínio. Uma empresa de segurança contratada pela diretoria localizou escutas ilegais no prédio da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
A reportagem apurou que havia aparelhos em pelo menos duas salas, uma usada para reuniões dos vice-presidentes e outra no espaço usado por um dos principais diretores da casa. A informação inicial foi publicada pelo Globo Esporte e confirmada pelo UOL Esporte.
O comando atual da CBF já tinha conhecimento desde a semana passada sobre os grampos na sede. O trabalho continua. Um dos membros do alto escalão, por exemplo, recebeu o pedido de deixar a porta da sua sala aberta porque a varredura seguiria na parte da noite.
A busca pelas escutas na CBF se dá logo depois do afastamento temporário do presidente Rogério Caboclo, alvo de uma denúncia de assédio moral e sexual contra uma cerimonialista da entidade. Funcionários da CBF desconfiavam que estavam sendo grampeados. Presidentes de federação, inclusive, suspeitam que Caboclo ainda esteja querendo gravar as conversas que tem com eles por telefone.
Mas foi o próprio Caboclo que virou alvo de vazamentos recentes. A ESPN publicou duas conversas dele, gravadas em 2018. Em uma, do então diretor executivo de gestão da CBF aparece conversando com Edu Gaspar, então coordenador da seleção, numa discussão sobre o futuro de Tite e da comissão técnica. O ex-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que já tinha sido banido pela Fifa, é citado por Caboclo como um agente na tomada de decisão. Na segunda gravação, Caboclo cita Del Nero como "presi".
A sede da CBF foi inaugurada em 2014, quando José Maria Marin era o presidente. À época, Marco Polo Del Nero era o principal vice da entidade e já dava as cartas. Del Nero já foi investigado pela Polícia Federal, que apurava a ação de um grupo que vendia informações sigilosas. Del Nero admitiu a contratação de detetives para espionar a então namorada.
Nota da assessoria de Rogério Caboclo
"O presidente da CBF, Rogério Caboclo, é o principal prejudicado por gravações clandestinas até o momento. Além do fato mais recente, envolvendo acusações de uma funcionária, também houve outro episódio, envolvendo o ex-diretor de seleções da CBF, em 2018.
Rogério Caboclo desconhece a suposta presença dos equipamentos ilegais na sede da entidade e tem todo o interesse de que o fato seja esclarecido e os responsáveis, punidos. A defesa de Caboclo tem confiança de que a autoria da conduta de instalar as escutas será investigada pelas autoridades competentes.
É importante que a apuração seja feita de forma auditável e independente dos interesses políticos que hoje permeiam a política interna da confederação. Só assim os resultados serão confiáveis e separados do discurso político dos interessados em tomar o controle da CBF."
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