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Futebol moderno é mais velocidade do que beleza, analisa Tite

Cleber Xavier e Tite durante entrevista coletiva da seleção brasileira, hoje (16), na Granja Comary - Reprodução/CBF TV
Cleber Xavier e Tite durante entrevista coletiva da seleção brasileira, hoje (16), na Granja Comary Imagem: Reprodução/CBF TV

Danilo Lavieri e Gabriel Carneiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

16/06/2021 19h05

Em meio às disputas simultâneas da Eurocopa e da Copa América, o técnico Tite foi perguntado hoje (16) sobre a dificuldade de imposição em campo das seleções mais fortes — teoricamente de mais qualidade técnica — contra equipes muito fechadas na defesa. O comandante da seleção brasileira fez uma longa reflexão sobre a possibilidade de a opinião pública ter que se habituar a uma nova forma de ver futebol.

"O que nós temos que nos acostumar é que aquela beleza e aquela plasticidade, que tínhamos o Clodoaldo aqui conosco [campeão do mundo em 1970, chefe de delegação da seleção durante as Eliminatórias], que havia um tempo de um olhar para o alto, de uma batida da bola mais cortada, do domínio, do timing, hoje não existe. Hoje a beleza tu tem que encontrar na rapidez de raciocínio e execução. É um passe com maior qualidade num campo bom, porque uma fração de segundo é o tempo da marcação", refletiu o treinador, que ainda falou mais:

"Futebol na sua modernidade é essencialmente tempo e espaço. Numa ação ofensiva não tem compactação, tu tem que alargar a equipe adversária, encompridar a equipe adversária, para que tu crie espaços de articulação, nos teus homens criativos, teus homens de frente, na tua melhor saída de bola. A compactação se dá, sim, quando rapidamente tu perde a bola e tu tem uma organização defensiva para que tu retire esses espaços e o tempo de raciocinar do adversário. Nisso estão todas as equipes evoluindo, tendo um melhor preparo físico, tendo uma velocidade maior na execução dos seus movimentos. Isso tudo acaba gerando essa falta de espaços."

Tite voltou até a época em que atuava profissionalmente, nos anos 1980, para embasar sua opinião sobre as dificuldades no futebol moderno: "Na época que eu jogava como segundo meio-campista tinha Edmar na frente e ele falava para verticalizar logo, porque quando aparecesse para jogar ia estar sempre marcado. Mas nessa fração de segundos, nesse passe forte que eu desse, nesse taquinho de golfe, nessa chapada que eu desse, ele ia ter tempo para virar e atacar. E nisso tem o exemplo do quanto a velocidade do jogo se dá e o quanto há a necessidade do bom gramado, da boa preparação, dos atletas de alto nível, da qualidade técnica, e hoje dessa compactação, dessa tirada de espaços, dessa relação tempo e espaço."

A seleção brasileira com Tite é dominante no futebol sul-americano. Ele assumiu o comando durante as Eliminatórias para a Copa da Rússia com o time na sexta posição e conseguiu a classificação em primeiro. No ciclo para o Qatar são seis vitórias em seis jogos, além do título invicto da Copa América de 2019 e agora da estreia com 3 a 0 diante da Venezuela na nova edição do torneio.

O próximo desafio é amanhã (17), às 21h, contra o Peru, no estádio Nilton Santos.