Topo

Lesões e Copa América: os motivos para o desempenho ruim dos grandes de SP

Thiago Braga

Colaboração para o UOL, de São Paulo

16/06/2021 04h00

A largada dos grandes clubes paulistas pelo Campeonato Brasileiro 2021 é das piores. Ainda que a competição esteja apenas em sua terceira rodada, o desempenho de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, até aqui, é indiscutivelmente fraco. O time do estado mais bem colocado até aqui, aliás, é o Red Bull Bragantino: com cinco pontos em três jogos, ocupando a sexta colocação.

Palmeiras, Corinthians e Santos têm quatro pontos cada até aqui e ocupam, respectivamente, a 9ª, 10º e 12ª posição. O pior de todos até o momento é o São Paulo. Com um ponto em três jogos, o Tricolor ainda não venceu no Brasileirão, não marcou nenhum gol e, como consequência, ocupa a 17ª posição, na zona de rebaixamento.

Até aqui, o Trio de Ferro da Capital, mais o Santos, conquistou apenas três vitórias em nove jogos, todas elas pela segunda rodada (Santos 3 x 1 Ceará; Palmeiras 3 x 1 Chapecoense e América-MG 0 x 1 Corinthians).

São Paulo: do título à zona de rebaixamento

Único dos grandes paulista a ficar entre os quatro primeiros no Campeonato Brasileiro de 2020, o que lhe valeu uma vaga direta na fase de grupos da Libertadores, o São Paulo optou por iniciar a temporada 2021 com o pé no acelerador. O Paulistão foi tratado pela nova diretoria, que assumiu o clube no fim do ano passado, como uma "Copa do Mundo". Para isso, contratou o argentino Hernán Crespo e investiu em jogadores como Martín Benítez, Orejuela, Éder, Miranda, entre outros.

Priorizar o Estadual deu certo, mas custou ao time a liderança da chave na Libertadores, já que Crespo optou por jogar com o time reserva na derrota para o Racing-ARG no Morumbi. Além disso, o desgaste da maratona enfrentada cobra seu preço, uma vez que Daniel Alves, Benitez, Hernanes, William, Luan e Miranda estão lesionados.

"Ainda estou aprendendo como é no Brasil, pois são pequenas diferenças", falou Crespo após a derrota para o Atlético-MG no último fim de semana. "Perdemos pontos importantes, mas temos tempo de recuperar. O Brasileirão é muito difícil, mas é uma maratona, não é uma corrida de 100 metros. Sempre queremos melhorar", completou o argentino.

Palmeiras: campeão de tudo, mas pressionado

Abel Ferreira chegou ao Palmeiras no início de novembro do ano passado e em poucas partidas ganhou a admiração dos torcedores. Com jogadas ensaiadas e uma competitividade poucas vezes vista, o Verdão se transformou em uma máquina de anular os adversários e capaz de aproveitar todos os erros cometidos pelos rivais.

Assim, em pouco mais de três meses, conquistou a Libertadores e a Copa do Brasil sem dar chances a Santos e Grêmio, respectivamente.

Mas as derrotas nos pênaltis para Flamengo, na Supercopa do Brasil, e Defensa y Justicia-RG, pela Recopa Sul-Americana, chamaram a pressão sobre a equipe. A perda do título paulista para o São Paulo e a queda precoce na Copa do Brasil (novamente nas penalidades, dessa vez contra o CRB, da Série B) fizeram com que as críticas ao trabalho e ao nervosismo recorrente de Abel virassem uma constante.

Além disso, o Palmeiras também sofre com a ausência de jogadores importantes. Weverton, Gustavo Gómez e Matías Viña disputam a Copa América por Brasil, Paraguai e Uruguai. Abel também não tem contado com os lesionados Danilo, Danilo Barbosa, Patrick de Paula e Gabriel Veron. Alan Empereur, com problemas contratuais, também tem ficado de fora.

"Quando se joga neste nível, você nunca vai criar muitas oportunidades. São jogos de intensidade, rivalidade, contra equipes de qualidade individual e coletiva. Apesar das muitas ausências e de termos menos opções, a equipe continuou competitiva. Nossos recursos não são os mesmos que eram há um mês, mas os jogadores têm dado boa resposta. Mesmo no último jogo em casa, que foi duro pela quantidade de oportunidades que criamos e não conseguimos fazer", justificou Abel Ferreira.

Corinthians e Santos: correções de rota com a temporada em andamento

Para a temporada 2021, com problemas financeiros, o Santos foi até o Chile buscar o argentino Ariel Holán, um especialista em treinar jovens jogadores. A aposta da diretoria do Santos parecia certeira para poder aproveitar a quantidade de talentos formado nas categorias de base santistas.

Durou pouco. Para retomar o rumo, o Santos foi atrás de Fernando Diniz, que levou o São Paulo à liderança do Brasileiro do ano passado, mas acabou demitido antes do fim do torneio por conta da queda abrupta de desempenho.

"O Juventude se negou até a contra-atacar. Os dois jogadores da frente mais marcavam que jogavam e isso dificulta muito a competir. E o Santos teve circulação baixa, pouca profundidade. Juntando esses fatores, não tivemos muitas oportunidades", argumentou Diniz quando questionado sobre a atuação do Santos no empate sem gols com o Juventude, na Vila Belmiro.

Durante o Brasileiro de 2020, o Corinthians se viu em uma situação pouco confortável e chegou a rondar a zona de rebaixamento. Para se livrar da queda, buscou a competitividade e a eficiência defensiva do técnico Vagner Mancini.

Em pouco tempo o time se transformou, ganhou jogos importantes, bateu rivais e até chegou a flertar com uma vaga na Libertadores, que acabou não se concretizando. Por conta desse desempenho, a diretoria alvinegra resolveu manter Mancini para a temporada atual. Só que as boas partidas deram lugar a uma inconstância que Mancini não conseguiu reverter.

O time então foi buscar no seu passado a solução. Trouxe o técnico Sylvinho, formado no terrão do Corinthians, por onde atuou como lateral esquerdo e, anos depois, chegou a ser auxiliar do técnico Tite.

Depois de uma sequência de confrontos contra o Atlético-GO, que renderam ao clube duas derrotas e uma eliminação da Copa do Brasil, o Corinthians venceu o América-MG e empatou o dérbi contra o Palmeiras, ambos os jogos fora de casa, dando sinais de que o time pode estar evoluindo nas mãos do treinador.

"Os atletas têm respondido bem, entendendo que a gente busca uma organização de time. Nos vídeos, nos treinamentos, e pouco a pouco eles têm entendido essa parte de organização geral de time. O melhor que tenho visto é a entrega de todos eles, de corpo e alma ao trabalho. Estão entendendo, estão comprando, é uma parte muito positiva também. Acredito que esse processo de evolução, buscar esse padrão, conexões, entregas, tem muita coisa e leva tempo. Estamos trabalhando para que isso vire um padrão de time", afirmou Sylvinho.

Na próxima rodada, o Corinthians recebe o Red Bull Bragantino; o Palmeiras vai até o Rio Grande do Sul enfrentar o Juventude; o Santos viaja ao Rio de Janeiro para enfrentar o Fluminense, enquanto o São Paulo joga com a Chapecoense, no Morumbi.