Como Peru virou adversário temido que fez Brasil repensar forma de jogar
Em cinco anos de trabalho de Tite, a seleção brasileira sofreu dois gols de algum adversário só três vezes: Bélgica, na Copa do Mundo de 2018; Colômbia, num amistoso no ano seguinte; e Peru, no último mês de outubro, pela segunda rodada das Eliminatórias para o Qatar. Hoje (17), a equipe que impôs esse último choque para a defesa estará de novo pela frente na Copa América, às 21h, no estádio Nilton Santos.
Junto com a própria Bélgica e a Argentina, o Peru também é uma das poucas seleções que já venceu o Brasil com o atual treinador, o que o faz um adversário respeitado e temido nos bastidores. Tanto é que já fez a seleção até mesmo repensar sua forma de jogar depois daquela partida do ano passado, como apurou o UOL Esporte. É a história por trás do jogo de hoje.
Desde o segundo semestre de 2019 que a seleção brasileira instituiu uma nova forma de jogar, que não é novidade para ninguém: quando tem a bola, o lateral-esquerdo aparece como um quinto atacante, o lateral-direito se alinha com os volantes e nasce o esquema tático 2-3-5. Venceu por 3 a 0 um amistoso contra a Coreia do Sul e depois fez 5 a 0 contra a Bolívia na primeira rodada das Eliminatórias.
Aí veio o Peru, em outubro do ano passado. Passou longe de ser um jogo simples, porque eles abriram o placar com cinco minutos de bola rolando. O Brasil empatou ainda no primeiro tempo, mas os peruanos voltaram a ficar em vantagem. O jogo foi resolvido só na etapa complementar, com gols aos 19, 37 e 48 minutos: 4 a 2 e muitas lições pela frente.
Considerando todos os sete jogos da seleção de 2020 até aqui, o duelo com o Peru destoa como a vez em que o Brasil cedeu mais chances para o adversário finalizar. Foram seis, com dois gols marcados. Nos outros duelos foram no máximo três chutes — e nenhum outro time vazou a defesa.
Por mais que as declarações públicas sejam no tom de que os gols do Peru foram ocasionais, como indicou o lateral-direito Danilo ontem, nasceu dali uma dúvida: como manter o volume ofensivo e a ocupação de espaços no ataque e ao mesmo tempo não passar perrengue defensivo, como aconteceu em Lima?
Surgiram assim as reflexões internas da comissão técnica que levaram, com mais tempo e estudo, a uma nova forma de jogar que tem sido usada em 2021. A base é um 4-4-2, em que o lateral-esquerdo fica mais preso e quem ganha liberdade é o segundo meio-campista. Alex Sandro tem atuado mais do que Renan Lodi neste novo modelo porque domina melhor as funções de defesa.
Na frente ficam dois jogadores de lado [Gabriel Jesus e Richarlison no plano ideal], dois meias [sendo um deles Neymar e o outro possivelmente até um segundo volante, como Fred] e um atacante [Gabigol, Firmino ou até Richarlison]. Também são cinco jogadores para atacar, mas com mais equilíbrio defensivo se o time perder a bola. A conclusão geral é de que esse novo modelo de jogo diminuiu os riscos e deixou a seleção mais imprevisível.
O que se espera de hoje, quando a seleção peruana se tornará o time que o Brasil mais enfrentou sob o comando de Tite, é uma equipe que não fique só se defendendo. Apesar de geralmente marcar em bloco baixo, ou seja, com praticamente todos os jogadores no campo defensivo, é um time de meio-campo forte e entrosado sob o comando de Ricardo Gareca, muito agressivo na marcação pelo setor e que aposta na velocidade para tentar os resultados.
O Brasil conhece bem.
Jogos Brasil x Peru com Tite no comando:
16/11/2016 - Peru 0 x 2 Brasil (Eliminatórias)
21/6/2019 - Brasil 5 x 0 Peru (Copa América)
7/7/2019 - Brasil 3 x 1 Peru (Copa América)
11/9/2019 - Brasil 0 x 1 Peru (amistoso)
13/10/2020 - Peru 2 x 4 Brasil (Eliminatórias)
FICHA TÉCNICA
BRASIL x PERU
Local: estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro (RJ)
Data/hora: 17 de junho de 2021, quinta-feira, às 21h
Árbitro: Patricio Loustau (Argentina)
Assistentes: Gabriel Chade e Ezequiel Brailovsky (ambos da Argentina)
Quarto árbitro: Facundo Tello (Argentina)
VAR: Mauro Vigliano (Argentina)
BRASIL: Ederson; Danilo, Éder Militão, Thiago Silva e Alex Sandro; Fabinho, Everton Ribeiro (Fred) e Neymar; Gabriel Jesus, Éverton Cebolinha e Gabigol. Técnico: Tite.
PERU: Gallese; Aldo Corzo, Christian Ramos, Luis Abram e Marcos López (Trauco); Renato Tapia, Yotún, Sergio Peña, Cueva e André Carrillo; Gianluca Lapadula. Técnico: Ricardo Gareca.
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