Empresários apontam S.A. como solução e reafirmam insolvência do Cruzeiro
Clube "quebrado" e que tem tempo reduzido de sobrevivência se o atual modelo em que opera for mantido, associativo e sem fins lucrativos. Essa é a opinião de dois grandes empresários, Aquiles Diniz e Vittorio Medioli, sobre o Cruzeiro, que vive a maior crise de sua história e soma dívidas de quase R$ 900 milhões.
Aquiles Diniz, ex-sócio do mecenas atleticano Rubens Menin no Banco Inter, deseja criar um fundo internacional no intuito de captar pelo menos R$ 500 milhões para o Cruzeiro. No entanto, para que isso seja possível, o clube celeste terá que alterar sua formatação do modelo associativo para clube-empresa. Na próxima segunda-feira (21) está marcada uma reunião entre o próprio Aquiles e o presidente celeste para tratar do tema.
"Eu me coloco à disposição para ajudar no projeto do clube empresa, de colocar o fundo de R$ 500 milhões. Ele [presidente Sérgio Santos Rodrigues] vai encaminhar ou não. Se ele não caminhar, não tem chance [de o Cruzeiro sobreviver]", garantiu Aquiles Diniz em entrevista ao canal do jornalista Jaeci Carvalho, no Youtube. "Ou faz o clube-empresa ou o Cruzeiro acaba. Essa é a teoria."
Sobre o encaminhamento do projeto, pensou-se, inicialmente, em 500 cotas de R$ 1 milhão, segundo Aquiles, porém a ideia é ainda embrionária.
Duas soluções
Ex-CEO do Conselho Gestor, grupo que geriu o Cruzeiro entre o fim de 2019 e o meio de 2020, o megaempresário Vittorio Medioli aponta duas soluções para a salvação da agremiação estrelada.
"Uma seria criar uma S.A., mantida pelos critérios de Sociedade Anônima, que já estão estabelecidas, e migrar o futebol para dentro da S.A.. É possível fazer uma cisão. E deixar no clube todas as dívidas, criando um fundo de credores. Esse bilhão se transformaria num fundo para pagar os credores. E a S.A. seria imediatamente e facilmente capitalizada e reservaria uma parte das suas receitas, das suas entradas, que iriam para pagar o fundo credor. Nesse momento era relativamente fácil de se fazer, não foi feito. De lá pra cá, houve mais uma degradação do Cruzeiro", opinou Medioli em entrevista à Rádio Itatiaia.
Sobre o consórcio de credores citado pelo empresário, a intenção, segundo ele próprio, seria usar entre 10% e 20% das receitas do futebol para quitar os compromissos.
A outra solução apontada por Medioli é extremamente polêmica e motivo de contestação por parte de torcedores. Ainda como CEO ele já havia levantado essas possibilidade, a de decretar falência do clube, que recomeçaria suas atividades brigando por vaga na Série D do Campeonato Brasileiro.
"Outra coisa, a solução de falir o Cruzeiro, ninguém vai me dar nada. Se o Cruzeiro vai à falência, a dívida vai a 0. Só que tem que voltar à Série D. Ninguém quer voltar à Série D. Mas, entretanto, viver três, quatro anos nessa 'pitimba', caindo todo ano, daqui a pouco vai (para a Série D). Voltar para a Série D seria recomeçar da estaca 0. Teria que ter apoio da torcida (...) O clube seria facilmente recapitalizado", explica.
"O clube não é um ambiente sustentável", completou Medioli.
Clube-empresa
O Cruzeiro se respalda no Projeto de Lei Federal (PL) 5516/2019, de autoria do senador por Minas Gerais, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que trata da criação do "Sistema do Futebol Brasileiro, mediante tipificação da Sociedade Anônima do Futebol, estabelecimento de normas de governança, controle e transparência, instituição de meios de financiamento da atividade futebolística e previsão de um sistema tributário transitório". Esse PL passou em votação no Senado e agora será discutido na Câmara dos Deputados.
Mudança de pensamento
Apesar de hoje pensar diferente, em junho do ano passado, em entrevista à Revista Placar, o presidente do Cruzeiro acreditava que era possível salvar o clube mantendo as fundamentações do modelo associativo no clube.
"É preciso aprovar estatutariamente a mudança para S/A e o simples fato de implementá-la não resolveria os nossos problemas. A adoção da falência não seria permitida pela natureza jurídica do Cruzeiro. Falência e recuperação judicial não seriam saídas, até porque não atingiríamos os nossos créditos perigosos que estão na Fifa", explicou o presidente.
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