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Gabigol supera desconfiança de Tite, mas esbarra em concorrência na seleção

Gabigol retomou a titularidade da seleção brasileira após ficar no banco na estreia da Copa América - Wagner Meier/Getty Image
Gabigol retomou a titularidade da seleção brasileira após ficar no banco na estreia da Copa América Imagem: Wagner Meier/Getty Image

Danilo Lavieri e Gabriel Carneiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

19/06/2021 04h00

Destaque do país nos últimos anos, Gabigol demorou a ganhar uma sequência na seleção. O primeiro obstáculo que o atacante flamenguista precisou superar foi a desconfiança de Tite e de sua comissão técnica, especialmente no quesito comportamental. Agora, o desafio é estritamente técnico, enfrentando a concorrência forte na posição. Ao menos por enquanto, conta com a boa vontade do comando do Brasil.

A rusga começou durante as Olimpíadas de 2016. Naquela ocasião, o atacante não foi titular absoluto do time de Rogério Micale e mostrou um comportamento considerado inadequado em resposta. O contato entre comissão de base e profissional era constante, e os deslizes cometidos em um time eram ponderados na hora da convocação do outro.

Essa sombra, inclusive, acompanha o jogador desde o início de sua trajetória na seleção. No mundial sub-17, em 2013, ele teve problemas com o então técnico Alexandre Gallo também por não conseguir sequência como titularidade. Quando foi para a Inter de Milão, seu principais deslizes também diziam respeito aos momentos em que era substituído ou quando ficava constantemente no banco de reservas, o que gerou críticas públicas de Frank de Boer, ex-jogador e comandante da equipe italiana naquela ocasião.

Nas conversas com Micale, Tite ouviu que Gabriel tinha pouco interesse em exercer funções táticas fundamentais como acompanhar na marcação de laterais quando o time não tinha a bola. Mesmo com esses problemas, logo após o ouro no Rio, o técnico da principal deu uma chance para o hoje flamenguista, mas viu o jogador não lidar bem com o fato de perder a concorrência justamente para Gabriel Jesus.

A revelação palmeirense correspondeu instantaneamente, se tornou artilheiro no início de trabalho de Tite e dominou a posição sem dar chance para concorrência. Algo que também irritou o xará, que ficou com cara de poucos amigos no banco nos jogos das Eliminatórias. Quando foi dar chance novamente ao atacante, o técnico gaúcho chegou até a falar sem dar muitos detalhes do processo de amadurecimento do craque flamenguista e citou "processo importante" ao falar de como Gabigol evoluiu de 2016 em diante.

Agora na seleção, Gabriel tem mostrado nos treinos mais interesse em cumprir algumas funções táticas, mas enfrenta dificuldade no aspecto técnico com a concorrência com Richarlison, Gabriel Jesus e Roberto Firmino, mesmo com esse último longe de seus melhores dias. Diante do Peru, o flamenguista quase não tocou na bola, enquanto viu Jesus dar assistência para o primeiro gol. Ainda assim, ele ganhou carinho público de Tite.

O técnico afirmou que pe normal que os jogadores sintam dificuldades de adaptação por conta das mudanças de jogo para jogo —para a segunda rodada, foram seis trocas em relação à estreia. O treinador ainda ponderou que a criação do meio-campo não foi a quando o atacante flamenguista estava em campo. Ele pediu calma publicamente com o atleta, fato que também contou com o endosso de Cleber Xavier, seu auxiliar.

Até mesmo a sua relação com Neymar está melhor. Cada vez mais líder do vestiário e um dos homens fortes nas conversas com Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF, o jogador do PSG superou rixas do passado para lidar melhor com o atacante e, inclusive, comemoraram gol juntos. Ter o sinal verde do craque do time também é importante para Gabi.