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Pesadelo de Tite na última Copa América, gramados incomodam seleção de novo

Tufos de gramado saíram durante toda a partida entre Brasil e Peru no Nilton Santos - Lucas Figueiredo/CBF
Tufos de gramado saíram durante toda a partida entre Brasil e Peru no Nilton Santos Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Danilo Lavieri e Gabriel Carneiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

21/06/2021 04h00

Antigo pesadelo de Tite e da seleção brasileira, os gramados voltam a atrapalhar o desempenho dos donos da casa na Copa América. Assim como aconteceu em 2019, quando a competição também foi disputada por aqui, os tapetes —ou algo longe disso— dos estádios viraram alvo de críticas de jogadores e membros de comissões em geral.

Na vitória contra o Peru por 4 a 0, o Brasil deixou o Nilton Santos bastante insatisfeito com a qualidade do piso. Houve reclamação pública e também interna, sem nem contar posts em redes sociais como o de Neymar, que colocou a hastag #porfavorarrumaocampo. Na estreia, contra a Venezuela, no Mané Garrincha, em Brasília, as críticas foram mais ponderadas.

Uma das estratégias do Brasil foi não fazer o aquecimento do jogo contra o Peru no gramado da arena do Botafogo para poupar o desgaste. Na partida anterior disputada no mesmo palco, entre Argentina e Chile, os atletas subiram a campo minutos antes de a bola rolar para os primeiros trabalhos e lamentaram bastante que logo no início do duelo a grama já não resistia às chuteiras.

Em 2019, a Copa América foi organizada com antecedência, contou com os clubes cedendo seus estádios semanas antes para a Conmebol e, mesmo assim, lidou com críticas diárias. Na ocasião, os estádios criticados ainda faziam parte da elite do futebol nacional: Arena Grêmio, em Porto Alegre, Fonte Nova, em Salvador, e Maracanã, no Rio de Janeiro.

Em diferentes entrevistas, os gramados eram criticados pelas principais estrelas da competição como Lionel Messi, da Argentina, Luis Suárez, do Uruguai, e James Rodríguez, da Colômbia, que dispararam contra as condições oferecidas. Além de Tite, outros técnicos também usavam os microfones para disparar contra a Conmebol. Neste ano, o técnico argentino Lionel Scaloni repetiu o discurso.

Como não conseguia consertar o gramado a tempo, a alternativa da Conmebol naquela ocasião foi não permitir que os times aquecessem no gramado e até que fizessem o reconhecimento do estádio um antes dia de a bola rolar. Tite e membros de sua comissão adotaram como hábito visitar as arenas na véspera e não escondiam a insatisfação em todos os momentos. O técnico da seleção, inclusive, chegou a perder a compostura em uma das coletivas, algo que normalmente ele evita.

Agora, com a Copa América organizada às pressas e em estádios que não estão entre os principais do país, o pesadelo se repete. A seleção brasileira considera a qualidade do gramado como fundamental para o estilo de jogo, devido à necessidade de toques rápidos e velocidade para tentar aumentar a vantagem técnica que já existe por ter os melhores jogadores. Isso sem nem contar que os atletas estão habituados a jogar na Europa, onde esse tipo de problema normalmente não acontece.

No sábado (19), Flamengo e Red Bull Bragantino jogaram no Maracanã, palco da final da Copa América, e enfrentaram dificuldades com o gramado. A final ainda está longe no calendário, mas a questão já preocupa a organização do torneio e as eventuais seleções finalistas.