Prefeito sobre Copa América em Cuiabá: "Continuo achando desaconselhável"
Presente em Cuiabá (MT) na Copa América, o UOL Esporte entrevistou na última sexta-feira (18) o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB-MT) sobre a escolha da cidade como sede e também os desdobramentos do acordo firmado com o Ministério da Saúde para a obtenção de doses extras de vacinas contra o coronavírus.
Antes da realização da competição, Pinheiro já havia demonstrado ser contra a disputa do torneio em solo cuiabano, mas acabou sendo voto vencido em relação aos governos Federal e Estadual, além da CBF. Passados já três jogos do torneio continental em Cuiabá, ele manteve o seu posicionamento contrário.
"Sem dúvida alguma. Não mudou em nada, é o mesmo posicionamento. Eu continuo achando que foi desaconselhável a Copa América em Cuiabá, principalmente por ter sido feito tudo de uma hora para outra. Fomos pegos de surpresa, não fizemos um planeamento, medidas preventivas... Apesar de Cuiabá mostrar bons resultados no enfrentamento à covid-19, ainda vivemos em meio a uma pandemia. Então um torneio dessa magnitude, que seria um orgulho em outras épocas, é preocupante num momento como esse", declarou.
Ao todo, Mato Grosso contabiliza 442.382 casos confirmados de covid-19, dos quais 91.594 foram em Cuiabá. O número de óbitos no Estado é de 11.752, com 41 registrados nas últimas 24 horas.
No complemento de seu raciocínio, Emanuel Pinheiro lembrou a contrapartida sugerida ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), feita uma semana antes da Copa América e que tinha como solicitação doses extras de vacinas por Cuiabá ter se tornando sede da competição. Após algumas reuniões que contaram também com a presença e articulação de seu filho, o deputado federal Emanuelzinho (PTB-MT), o prefeito obteve no dia 12 de junho a promessa do Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de que receberão mais lotes.
"Olhem os casos de jogadores e dirigentes que chegaram infectados ou se contaminaram aqui. Não sabemos ao certo. As notícias estão se espalhando a nível nacional agora. Tudo isso era previsto. São delegações inteiras estrangeiras, imprensa estrangeira...Muda a rotina de uma cidade e não tivemos tempo para planejar. Então o mínimo que o Governo Federal poderia fazer, com apoio da CBF, era compensar, dar essa contrapartida à Cuiabá por ter sido escolhida sede sem ter o direito de opinar", avaliou.
Chegada tardia de vacinas da Janssen pode ter atrasado entrega
A promessa feita publicamente pelo Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de doses extras à Cuiabá despertou ansiedade na população, que agora tem cobrado um prazo para que isso aconteça. Segundo Emanuel Pinheiro, uma agenda está marcada para esta semana com o intuito de se definir a quantidade a ser doada à cidade.
Ainda de acordo com o prefeito, a entrega tardia das vacinas da fabricante Janssen —que chegou somente ontem (22) ao Brasil— pode ter contribuído para o atraso das doações à capital mato-grossense.
"O deputado federal Emanuelzinho, que é o interlocutor de Cuiabá junto ao Governo Federal, tem mantido contato com a CBF, com o general Ramos, Ministro da Casa Civil, e com o Queiroga, Ministro da Saúde. Ficou acordado uma agenda com o Ministro da Saúde para finalizar essa articulação e definir, por parte do Governo, a quantidade de doses extras. Inclusive ficou acordada uma visita do ministro à Cuiabá, com o deputado, para dar as boas novas à população cuiabana. Um dos motivos que eu sei que atrasou um pouco foi o atraso da vacina da Janssen, que é de dose única e que foi uma das alternativas que oferecemos em oficio entregue ao senhor Presidente da República [Jair Bolsonaro]", declarou ao UOL Esporte.
Cuiabá vacinou mais de 42% de sua população adulta com a primeira dose das vacinas contra o coronavírus. Em relação à segunda dose, quase 14% já receberam.
A capital do Mato Grosso já recebeu três jogos até aqui na Copa América: Colômbia 1 x 0 Equador, no dia 13.jun; Chile 1 x 0 Bolívia, no dia 18.jun e Uruguai 1 x 1 Chile, no dia 21.jun. Faltam ainda Uruguai x Bolívia, amanhã (24.jun) e Argentina x Bolívia, no dia 28.jun.
A cidade tem sido o epicentro das polêmicas das seleções durante o torneio. Os jogadores do Chile, por exemplo, furaram a "bolha" sanitária ao ingressarem com um cabeleireiro dentro do hotel. Já a concentração do Uruguai virou caso de polícia quando um segurança foi acusado de assédio sexual por uma funcionária contratada da Conmebol. Ele foi preso em flagrante e solto somente após o pagamento de fiança de R$ 5 mil.
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