Atacante prefere basquete ao futebol e pouco sabia sobre Ronaldinho Gaúcho
Um dos maiores nomes da história do tênis, André Agassi revelou em sua biografia que não gostava de praticar o esporte da bolinha amarela, mesmo assim, atuou em alto rendimento por duas décadas. Ele pretendia ser jogador de futebol, algo que milhares de jovens pelo mundo almejam. Já o atacante brasileiro Markão, que defende o Hebei Fortune (CHN), conseguiu este feito, mas sonhava mesmo viver do basquete e, hoje, só joga futebol apenas por profissão.
Ele é tão blasé sobre o que ocorre no mundo da bola que revelou que pouco sabia sobre a trajetória de Ronaldinho Gaúcho — teve que pesquisar no YouTube sobre a carreira do R10 antes de encontrá-lo pessoalmente — e que não tinha ciência quem era Fabio Cannavaro.
Atualmente com 27 anos, Marcos Vinicius Amaral Alves, o Markão, é natural da cidade de Tietê (SP) e escolheu o futebol porque era o esporte que lhe dava mais chances de poder ajudar a mãe financeiramente.
"Todo mundo sempre falou que eu jogava melhor basquete do que futebol. Achei que jogaria basquete. Meu pai falou que daria um jeito de pagar universidade para eu jogar nos Estados Unidos. Fiz uma promessa de largar o basquete, que era o sonho, e fui para o futebol apenas para ganhar dinheiro e comprar uma casa para minha mãe", disse em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
"Respeito futebol como trabalho, não entendo tanto de futebol, não assisto. Tenho carinho pelo futebol, mas não é algo que eu amo, amo mais basquete", acrescentou.
Com 1,96 m de estatura, Markão passou a infância dividido entre as duas modalidades. Filho de professor de educação física, jogava mais futebol para chamar atenção do genitor, mas acabou se destacando e chegou a despertar o interesse do São Paulo. Mas, como ainda não havia completado 11 anos, não poderia morar no Centro de Treinamento de Cotia, destinado à base do Tricolor.
"Treinava em Piracicaba, e o São Paulo pagava. Ficava com uma tia. Minha mãe e meu pai eram separados, os via uma vez por mês", comentou. A distância e a saudade da família o fizeram largar os gramados.
"Não era fã de jogar futebol, gostava de brincar de bola, mas fazia para o meu pai me ver, ele era juiz de futebol. Pelo fato de eu não ter mais contato com meu pai, desisti do São Paulo e voltei para minha cidade. Comecei a jogar basquete porque meu pai era treinador de basquete e professor na escola, era para ter contato com ele", acrescentou.
Pouco conhecimento, ou nenhum, sobre ícones do futebol
Apesar de ter convivido por anos no meio do futebol, Markão pouco sabia sobre a carreira de Ronaldinho Gaúcho, eleito duas vezes o melhor jogador do mundo (2004 e 2005), pentacampeão mundial pela seleção brasileira em 2002 e com passagem de grande brilho pelo Barcelona.
Ele foi buscar informações sobre os feitos do R10 pouco antes de encontrar pessoalmente do craque por intermédio de Negueba, que havia jogado com o Gaúcho no Flamengo.
"Peguei amizade com o Ronaldinho Gaúcho pelo Negueba [seu ex-companheiro no Gyeongnam]. O R10 achou eu o máximo, e o Negueba falou que eu não entendia nada. O Ronaldinho perguntou se eu conhecia ele, se havia visto ele jogar. Eu disse que sim, que havia visto o jogo Santos x Flamengo [5 a 4 para o Rubro-Negro, na Vila Belmiro, pelo Brasileirão 2011]. O Ronaldinho devolveu: 'e na época do Barça?' Disse que só havia visto pelo YouTube e que havia pesquisado antes de encontra-lo caso ele me perguntasse", recordou.
Markão, no entanto, não conseguiu evitar a gafe quando encontrou o ex-zagueiro Fabio Cannavaro, campeão do mundo pela seleção italiana e eleito o melhor do planeta em 2006.
"Fui jantar com o Mascherano e o Lavezzi depois de jogarmos contra o Guangzhou. Encontramos o Cannavaro no restaurante e ele veio conversar, me cumprimentou pelo nome. Eu falei que lembrava dele porque era o técnico do outro time", contou. "Mandei mensagem para o meu empresário perguntando quem era o tal do Cannavaro, e ele me falou que foi campeão da Copa do Mundo, melhor do mundo e tal. Fui pesquisar mais quem era ele, com o celular debaixo da mesa, só que o Mascherano viu e ficou inconformado que eu não o conhecia", completou.
Confira outros trechos da entrevista com Markão:
UOL Esporte: Como ocorreu a sua volta aos campos, depois de ter ficado dividido entre futebol e basquete?
Markão: O Toninho Oliveira [ex-lateral da Ponte Preta e do Santos] precisava de um jogador da minha idade, para completar o time. Fazia uns seis anos que eu não jogava bola, literalmente. Falei que ia, sem problemas. No dia era contra o Ituano e os olheiros gostaram de mim e perguntaram: 'qual é a idade do negão?'. Voltei para casa com a cabeça quente, não sabia o que fazer, eu amava o basquete, mas eu e minha mãe passávamos necessidade. Fiz uma promessa de largar o basquete, que era o sonho, e fui para o futebol apenas para ganhar dinheiro e comprar uma casa para ela.
UOL Esporte: Você deslanchou no Ituano após disputar o Campeonato Paulista e boa campanha na Série D de 2016. Como recebeu a oferta de jogar na Coreia do Sul, no Gyeongnam FC?
Markão: Pensei que fora iria ganhar mais. Se eu conseguisse ir bem e ganhar em dólar ou em euro, ficaria mais próximo de conquistar a casa da minha mãe. Sempre tive o psicológico forte para esse tipo de situação. Na Coreia foi uma experiência nova, língua diferente. Estava deslumbrado com tudo. Não ligava para o frio, só a comida que foi difícil. Mas eu pensava: 'caramba, estou em outro país' e comecei a me empenhar.
UOL Esporte: Você teve mais episódios inusitados com outras personalidades do futebol?
Markão: Eu briguei com um que jogou no Manchester City, [John Obi] Mikel [na verdade, jogou no Chelsea]. Ele falou que tinha que respeitar, falei que respeitar o que, nem te conheço, e o povo tudo olhando. O El Sharawaay veio falar comigo, ficamos conversando, batemos um papo, trocamos número. Só depois que eu fui descobrir com quem eu estava conversando. Um amigo meu falou: 'mano, você é amigo do El Sharaway?' Falei que nem sabia.
UOL Esporte: Você disse uma vez em entrevista que não gostaria de ficar muito famoso com o futebol. Por quê?
Markão: Tenho muitos amigos famosos, artistas, e vejo que eles têm dificuldades de muita coisa. As pessoas querem tirar fotos. Eles não conseguem andar na rua, se pegar bebendo em algum tipo de festa, bêbado, pega mal para as pessoas famosas. Eu nunca quis ser famoso, quis ser uma pessoa que conquistou as coisas para a minha família e que passou despercebido. Fui famoso na Coreia, até hoje todo mundo quer foto. Quando tive essa experiência, não quis ter essa experiência no Brasil, quero fazer o que eu quiser, não ser conhecido. Sou muito simples, não quero assédio, tenho medo de perder essa liberdade.
UOL Esporte: Você almeja jogar em algum grande clube do Brasil?
Markão: Quando estava no Brasil, sim. Depois que vim para fora, não pensei mais em jogar em times grandes. Se eu tivesse a oportunidade de jogar em algum clube do Brasil, eu não descartaria. Não vou dizer qual porque não acho legal, mas se algum quiser me contratar, poderia ver a possibilidade.
UOL Esporte: Voltaria a se arriscar no basquete?
Markão: Se recebesse uma proposta do NBB, eu ia dizer que vou assistir, porque passou da idade para jogar já. Nas minhas férias eu só jogo basquete, com meus primos e meu pai, tem uma rivalidade de família nessa parte do basquete. Meu maior sonho hoje é assistir jogos da NBA. Já era para eu ter ido assistir, mas aí começou a pandemia e está difícil ir.
UOL Esporte: Torce para algum time específico da NBA?
Markão: Não tenho, gosto de ver o show que o time dá. Há dois, três anos gostava de ver o Golden State Warriors e o Lebron James. Hoje, o time sensação é o [Brooklyn] Nets, das bolas de três. Acho que por uns dois, três anos vai levar tudo.
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