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Brasil é a única seleção da Copa América sem número 24. CBF não explica

Seleção brasileira posa para foto antes do duelo com a Venezuela, que marca a abertura da Copa América 2021 - DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Seleção brasileira posa para foto antes do duelo com a Venezuela, que marca a abertura da Copa América 2021 Imagem: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Danilo Lavieri, Gabriel Carneiro e Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/06/2021 04h00

A seleção brasileira é a única entre as participantes da Copa América que não tem um jogador vestindo o número 24. Contatada pela reportagem, a CBF não quis explicar o motivo dessa decisão.

Na numeração, a Amarelinha pula da 23 do goleiro Ederson para a 25 do volante Douglas Luiz. Nos outros nove países que participam do torneio, há um atleta inscrito com a 24 nas costas. A Conmebol não faz imposições sobre a numeração e deixa a critério das delegações.

Geralmente, o 24 não entra em discussão em competições oficiais da seleção porque o limite de jogadores inscritos costuma ser 23. Mas o cenário da pandemia fez a Conmebol alterar o regulamento, permitindo a inclusão de até 28 nomes, com possibilidade de troca.

Atual dono da 25, Douglas Luiz já vestiu a 8 e a 18 em convocações anteriores, mas acabou "sobrando" com a chegada de Fred. Como o zagueiro Felipe está machucado, Douglas foi relacionado contra a Colômbia e ficou no banco de reservas.

O número 24 é historicamente relacionado ao homem gay no Brasil por causa do Jogo do Bicho, que associa a numeração ao veado - animal é usado de forma homofóbica como ofensa à população LGBT+. Por conta disso, o futebol brasileiro já viveu diversos episódios de homofobia. O mais recente deles ocorreu na chegada de Cantillo no Corinthians, quando o então diretor de futebol e hoje presidente, Duílio Monteiro Alves, disse "24 aqui não" no meio da apresentação. Ele usava o número no Júnior Barranquilla. Duilio classificou a própria fala como "brincadeira infeliz". Menos de um mês depois de ser apresentado, Cantillo foi a campo com o 24 nas costas.

Nos últimos anos, no embalo de outras campanhas contra a homofobia, o futebol também viu diversos pedidos para que o número fosse normalizado em ações publicitárias e em redes sociais. Embalado por uma homenagem a Kobe Bryant, que morreu em janeiro de 2020 e usava essa camisa na NBA, o Bahia trocou o número de um de seus atletas para o 24 e disse que "esse mito já está na hora de ser ultrapassado".

Apesar das campanhas, o futebol mundial ainda enfrenta resistência para se livrar da homofobia. Durante esta semana, por exemplo, a Uefa vetou que a Allianz Arena, em Munique, fosse iluminada no dia de jogo da Alemanha da Eurocopa com as cores do arco-íris. Seria um protesto da Prefeitura de Munique contra um ato do Parlamento da Hungria, que restringia o acesso à informação sobre homossexualidade. A federação considerou a ideia dos alemães como ato político.

Quem usa a camisa 24 na Copa América

Argentina - Papu Gómez
Bolívia - Jaume Cuéllar
Chile - Luciano Arriagada
Colômbia - Jeison Lucumí
Equador - Luis Fernando León
Paraguai - Hector Martínez
Peru - Raziel Garcia
Uruguai - Fernando Gorriarán
Venezuela - Bernaldo Manzano