O empate por 2 a 2 entre Alemanha e Hungria, nesta quarta-feira (23), teve ingredientes quentes tanto dentro como fora de campo. A partida, que valia uma vaga para as oitavas de final da Eurocopa, foi disputada sob clima tenso nos bastidores. A Uefa rejeitou o pedido alemão para que o Allianz Arena, palco do jogo, fosse iluminado com as cores do arco-íris, que representam o movimento LGBTQIA+. A ação seria um protesto à criação de uma polêmica lei pelo governo húngaro.
No podcast Futebol sem Fronteiras #7 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade discutiram o tema e condenaram a atitude da Uefa. Eles consideraram que a entidade tomou uma decisão que ficará 'manchada' ao evitar atrito com o governo húngaro, de extrema-direita.
Jamil resumiu a polêmica. "Semana passada, foi aprovada uma lei na Hungria pelo governo de Viktor Orbán, primeiro-ministro de extrema-direita, populista e com uma agenda anti-gay declaradíssima. A lei diz que menores de 18 anos não podem ter acesso a material que fale da homossexualidade. Algo muito complicado em uma Europa que reconhece essa população como repleta de direitos. Essa lei tem uma segunda parte. Para fazer publicidade na Hungria, as empresas têm que respeitar essa questão de não fazer promoção da homossexualidade", explicou.
Como Alemanha e Hungria se enfrentariam na Allianz Arena, a prefeitura de Munique pediu permissão à Uefa para iluminar o estádio com as cores da comunidade LGBT, o que foi negado pela entidade - que alegou tratar-se de "um ato político". A decisão causou uma discussão ainda maior.
"O movimento LGBT e os governos europeus começam a questionar o governo Orbán e aproveitam justamente a Eurocopa para fazer uma manifestação em defesa dessa parcela da população. É uma atitude de direitos humanos. Orbán ia ao jogo, mas não faz isso e pressiona a Uefa para que não permita qualquer tipo de manifestação. A Uefa vai lá e chancela os húngaros. Ao proibir [o protesto], a Uefa prova que é uma entidade hipócrita", criticou Jamil.
Julio também questionou a postura da Uefa, que sugeriu aos alemães fazer a manifestação em outra data. "Quando você faz um protesto, precisa chamar a atenção, incomodar. Se não, ninguém está vendo e segue tudo igual. De que adianta fazer o protesto em um jogo que não seja contra a Hungria? ", questionou.
A ideia da Uefa, porém, deu errado, como ilustrou Jamil. "O tiro saiu pela culatra. O [Manuel] Neuer [goleiro da Alemanha] veio com uma braçadeira com as cores LGBT. Todos os outros grandes estádios alemães foram iluminados com essas cores para marcar a data. Deu tudo errado para a Uefa e para os húngaros. A alegação dos húngaros é de que 'não podemos fazer política no futebol'. Ao não fazer esse gesto, o que se permite é justamente que o Orbán faça política no futebol. A Uefa cometeu algo que vai ficar manchado nessa Eurocopa e ela vai ter que lidar com isso", comentou.
Dada a repercussão negativa após a proibição da Uefa, Julio brincou que a entidade pode ter conseguido o que queria. "Na teoria da conspiração, a Uefa pode ter sido brilhante. Ao fazer isso, obviamente se falou muito mais do tema. Acho que, involuntariamente, trouxeram muito mais holofotes para o tema do que ele teria", concluiu.
Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também o debate sobre a polêmica em torno da movimentação maciça de torcedores para acompanhar os jogos da Eurocopa, além da projeção para o mata-mata do torneio.
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