Presidente do Bahia descarta virada de mesa com nova liga: 'sem jeitinho'
Os clubes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro anunciaram na última semana a união para formarem uma liga de clubes com o intuito de organizar o campeonato nacional, como ocorre em países como Inglaterra, Alemanha, Itália e Espanha, e que não é novidade no futebol brasileiro em termos de tentativa, ainda que a ideia não tenha avançado no país, além da desconfiança do torcedor a respeito das chamadas viradas de mesa para o resgate de clubes tradicionais em divisões inferiores.
Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, que é um dos dirigentes ligados ao plano de criação da liga, explica que a iniciativa atual é acompanhada de avanços no futebol brasileiro, como a estabilização do formato de pontos corridos e o fim das viradas de mesa, descartando a hipótese de resgate de clubes como Botafogo, Cruzeiro e Vasco, que hoje estão na Série B.
"Quando as pessoas falam assim que o futebol brasileiro não evolui, eu não concordo com isso. Eu acho que há uma evolução numa velocidade menor do que poderia ter e até uma evolução numa velocidade menor do que a gente precisa, mas o futebol brasileiro evoluiu sim por uma estabilidade. Hoje, a ideia, por exemplo, de formar uma liga e ela não ter no primeiro ano apenas os clubes que estavam na primeira divisão no ano anterior, retirando os quatro que caíram no ano anterior e incluindo os quatro que subiram no ano anterior", explica Bellintani.
"É meio óbvio, qualquer coisa diferente disso me parece uma assalto à mão armada ao futebol brasileiro, portanto, não há espaço para nada que seja considerado um jeitinho, um ajuste diferente do que o futebol brasileiro conquistou até agora. Eu acho que um grande valor da liga vai ser se apropriar desse avanço que o futebol brasileiro teve nos últimos anos e negar de forma muito veemente todo o avanço que foi escondido, digamos assim, que poderia ter acontecido e não aconteceu", completa.
O dirigente afirma que os erros cometidos nas tentativas anteriores de criação de uma liga nacional são observados para que não ocorra com o projeto atual o que se deu com a Copa União e a Primeira Liga, que tiveram disputa de poder e pouca duração.
"Acho que todas as lições, seja no Brasil, que a gente mesmo viveu, a Copa União de 1987, a Primeira Liga, a própria Liga do Nordeste aqui que a gente tem e que tem um funcionamento bem razoável, apesar de poder evoluir muito ainda, mas não só os exemplos brasileiros, os exemplos da América do Sul, exemplos da Europa e da Ásia estão servindo para nós, estamos pesquisando muito isso, tomando muitas referências, estudando muito quais foram os erros e fundamentos positivos de cada uma dessas ligas, para tomar isso como experiência", afirma Bellintani.
"O momento e as circunstâncias são muito diferentes do futebol brasileiro, a gente tem hoje mais do que um pensamento de que é bom fazer a liga, a gente tem o pensamento de que está na hora de fato e que a gente está maduro o suficiente. Repito, os erros que foram cometidos nas formações de liga no Brasil estão sim na nossa mesa de cabeceira, estão acompanhando aqui do lado, não dá para esquecer isso, mas ao mesmo tempo, a gente está com o pensamento muito claro assim de que dá para fazer diferente", conclui.
O Dividida vai ao ar às quintas-feiras, às 14h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no Youtube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.
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