"Sou sabotado, humilhado. São covardes comigo", diz Cleber Reis, do Santos
Gabriela Brino
Colaboração para UOL, em Santos
24/06/2021 04h00
11 de Junho de 2017. Essa foi a última vez em que Cleber Reis, atualmente afastado, entrou em campo representando o Santos. Atualmente, o jogador está fora dos planos, e a direção negocia uma rescisão, mas ela está longe de ser amigável.
O defensor não mede palavras ao falar sobre sua situação, diz que está sendo sabotado e acusa os cartolas santistas de agirem de forma covarde. Cleber treina em horário alternativo, sozinho, e separado do elenco principal. Até o momento, de acordo com o atleta, ninguém do clube o procurou para justificar esse afastamento.
"Me sinto sabotado, humilhado. Os caras são covardes comigo. Não estão sendo verdadeiros, honestos. Me frustra. Meu filho me pergunta "pai, você não vai jogar mais não?" e eu respondo que vou. Isso é algo que me deixa muito mal, quando meu filho pergunta. Eu não ligo quando gente de fora pergunta. Mas dentro de casa, meu filho... que sempre me viu jogando, não me envolvendo em nenhum problema. Fui esfaqueado pelas costas, né? Sigo sendo. Mas eu sou temente a Deus, sou focado naquilo que eu quero. Vou sair dessa. Logo logo estou jogando de novo. Quando menos esperarem vão ver a reviravolta", disse Cleber Reis com exclusividade ao UOL Esporte.
Hoje, o técnico Fernando Diniz tem um setor defensivo cheio de opções. Luan Peres e Luiz Felipe são os titulares absolutos. O comandante santista ainda conta com Danilo Boza, recém-contratado, Kaiky, em processo de renovação de contrato, Alex, e Robson Reis, além de Alison, que faz a posição de forma improvisada.
Deixado de lado, Cleber se mostra incomodado com o afastamento. Um dos seus focos de revolta é um boato que se espalhou na Baixada: problemas no joelho o impediriam de jogar. Ele garante, entretanto, que está à disposição, mas que sequer teve a oportunidade de conhecer melhor Diniz.
"É muito ruim pra mim. A forma que eles estão querendo me tratar, expondo minha imagem. O modo que falam que eu não tenho "pensamento ou pose de querer jogar mais bola", que não penso no meu futuro. É uma coisa muito negativa. Eu treino todos os dias. Eu não dou entrada no departamento médico faz mais de ano. Eles colocaram algo na minha vida, isso me perturba até hoje. Dizem que tem coisa no meu joelho. Não tem nada, eu sou mais forte do que muitos jogadores que eles têm. Meu joelho não me dá problema, eu trabalho, treino todos os dias. Tenho horário alternativo, não reclamo. Sou humilhado, mas clamo a Deus, que guia minha vida. Me apego na minha família. Mas isso me cansa", explica.
"Dentro do clube, onde falam que eu sou a peça negativa, tem pessoas que estão todos os dias comigo. Seguranças, faxineiras, estão vendo meu trabalho. Não tem valor maior do que esse, ser reconhecido na visão do ser humano. Por que os diretores, eles não querem ouvir meu lado. A única meta que eles têm é tirar o Cleber de lá. Eu não sirvo. Como dizem que o treinador não me quer, se eles nem me deixam treinar com o treinador", acrescenta.
A reportagem entrou em contato com o Santos no início da tarde desta quarta-feira para ouvir o lado do clube na história, mas até o momento não obteve resposta. Caso o clube se manifeste, as declarações serão incluídas no texto.
Apesar de não estar tendo visibilidade pela falta de jogos no Alvinegro praiano, Cleber afirma que dois clubes se interessaram por seu trabalho: Vasco e Goiás, ambos por empréstimo. Ele soube por meio de seus empresários, mas afirmou que o Santos não teria o liberado. Para o zagueiro, a intenção do clube é forçar sua saída por meio da rescisão.
"Aí chegou o Diniz, os caras dizem o quê? "Não, Rodrigão e Clebão não vão treinar com os caras [grupo principal]. E eles [diretoria e futebol do Santos] falam que eu quem não quero jogar bola. Mas tem sondagem e eles não querem fazer acordo. Querem só me mandar embora. Pagam para eu treinar separado, mas não para jogar bola. Querem me minar. Teve proposta do Vasco e do Goiás, meus empresários conversaram comigo, mandaram mensagens para eles, do Santos. Disseram que não aceitariam, que só aceitariam a rescisão. Que não estavam dispostos a me liberar. Forçando minha saída", explica.
"Isso é muito ruim, prejudica minha carreira, prejudica minha vida. Fica ruim na visão das pessoas, acham que sou eu que não quero jogar bola. E não sou eu! Estou num clube onde estão impedindo de praticar meu futebol. Mas eu não posso ter mágoa ou rancor, tenho que trabalhar. Não posso abaixar minha cabeça", conclui.
Pelo Santos, Cleber atuou em apenas 10 jogos, em 2017. Foram seis vitórias, dois empates e duas derrotas. De lá para cá o zagueiro foi emprestado ao Paraná, Oeste e Ponte Preta. Ele retornou ao Peixe nesta temporada e não está nos planos. Hoje, ele treina no CT Rei Pelé e à parte por conta própria.