Neto de ex-zagueiro que encarou Pelé, sueco faz intercâmbio no Fluminense
Ao andar pelo CT das categorias de base do Fluminense, em Xerém, é possível ouvir um sotaque diferente, com um português ainda arranhado. As roupas leves em meio aos companheiros encasacados e o sobrenome com junção de letras incomuns à nossa língua são mais elementos que chamam a atenção, mas logo compreensíveis. Victor Lundqvist é sueco e, aos 21 anos, passa por um período de intercâmbio no Tricolor.
O jovem zagueiro busca espaço no futebol brasileiro e tem a missão de levar à frente a herança que ganhou do avô, o ex-defensor Gert Lundqvist, zagueiro que atuou no Malmö FF e, inclusive, já enfrentou Pelé.
Victor não pôde ter muito contato com o avô, que faleceu quando ele tinha apenas um ano. Porém, ouviu dos familiares as histórias vividas no mundo da bola. Além destas palavras, um acervo de materiais conquistados ao longo da carreira, como flâmulas do Bangu, Flamengo, Fluminense, Vasco e da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), entidade que precedeu a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
"Meu avô foi descoberto na escola, quando jogava futebol nos intervalos. Ele era muito teimoso e tinha uma enorme força de vontade. Era conhecido por ser um adversário difícil e resistente. Ainda hoje as pessoas brincam comigo e me dizem que meu avô era durão. As pessoas costumavam me contar sobre as cicatrizes que ele tinha por todo o corpo por causa dos jogos. Lembro-me de como minha avó me disse que ficou apavorada depois de um jogo, quando saia sangue do seu rosto e não parava", contou, ao UOL Esporte.
Com o esporte no DNA, o zagueiro deu os primeiros passos ainda bem novo, em um clube local chamado Vellinge. Depois, passou pelo Malmö FF e Trelleborgs, da Suécia, e Messina, da Itália, antes de desembarcar no Brasil. A decisão de vir ao "país do futebol" foi em conjunto com os empresários, que são brasileiros e acharam que poderia ser uma boa oportunidade.
O Fluminense, por sua vez, tem um programa de intercâmbio que, através de parceiros internacionais, oferece a oportunidade para jovens e delegações de todo o mundo de treinar por um período em Xerém. Além de valores em contrapartida, o Tricolor entende que esse contato com pessoas de outras culturas é importante na formação dos jogadores.
"O jeito de tocar é um pouco diferente do que estou acostumado. Existem algumas coisas táticas que são diferentes, mas não vejo nenhum problema nisso. No final das contas, é futebol, todos nós nos entendemos", disse.
O branco, verde e grená, porém, já eram cores familiares a Victor antes mesmo de chegar a Xerém:
"Eu já conhecia o Fluminense. É um clube bem conhecido, que produziu jogadores fantásticos. Meu avô também jogou no Brasil quando defendeu o Malmö FF. Em minha casa, tenho umas coisas do Fluminenses que têm cerca de 60 anos, da época do meu avô. Então, eu sabia sobre o clube antes de chegar aqui".
O futuro de Victor Lundqvist ainda é incerto, mas a ideia dele é permanecer no Brasil.
"Meu plano é ficar aqui no Brasil. Eu me sinto muito bem aqui e as pessoas me receberam de uma forma fantástica. Definitivamente, quero ficar. Com certeza, existem algumas diferenças, é claro, mas não acho que seja algo difícil. Acho as pessoas aqui muito acolhedoras", indicou.
Duelo com o melhor da história do futebol
Gert Lundqvist já teve aquela que deve ter sido a missão mais difícil da careira: marcar Pelé, o melhor jogador da história do futebol. Em em 8 de maio de 1960, o Malmö FF recebeu a seleção brasileira para um amistoso no Malmö Stadion, em comemoração pelo 50º aniversário do clube.
O Brasil, que havia conquistado a Copa do Mundo dois anos antes, venceu por 7 a 1, com gols de Quarentinha, Chinesinho (2), Pepe (2) e Pelé (2), enquanto Lars Granström marcou para o time da casa.
Triangular de Caracas está na história do Bangu
Um dos torneios que Gert Lundqvist participou pelo Malmö FF foi o Troféu Triangular de Caracas de 1958, que contou com o clube sueco, o Osasuna, da Espanha, e o Bangu. O Alvirrubro sagrou-se campeão com vitórias sobre os dois adversários e o título, até hoje, é um dos mais exaltados na História do clube.
Recentemente, inclusive, a memória do torneio voltou à tona quando o Botafogo passou a considerá-lo como Mundial — venceu as edições de 1967, 1968 e 1970. Além do Alvinegro e do Bangu, o Cruzeiro também tem esta taça.
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