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A Liga já existe? O passo a passo de como clubes querem fundar a entidade

Carta de Intenções da Liga foi assinada por 36 presidentes que se reuniram ontem (28) em São Paulo - Arthur Sandes/UOL
Carta de Intenções da Liga foi assinada por 36 presidentes que se reuniram ontem (28) em São Paulo Imagem: Arthur Sandes/UOL

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

29/06/2021 04h00

"A Liga está criada", disse um cartola ao final do encontro que reuniu 36 representantes de clubes do futebol brasileiro ontem (28), em uma sala de conferências de um hotel em São Paulo. No entanto, ainda há muito o que fazer, e é a partir de agora que a coesão dos clubes será realmente colocada à prova.

Por ora, o que se tem de concreto é um combinado: na reunião de ontem (28), os 40 clubes das Séries A e B formalizaram "a intenção de constituir a Liga", como diz a carta de intenções assinada por todos os dirigentes presentes. O que todos concordam é ser necessário "uniformizar a atuação em negociações, mirando eficiência, transparência e igualdade de tratamento". É um movimento de robustez inédita, o que deixou otimistas todos os presidentes ouvidos pelo UOL Esporte.

Este, no entanto, é apenas o primeiro passo. A Liga enquanto ideia gregária, com força coletiva, foi criada na reunião de ontem, com assinaturas colhidas. No entanto, o campeonato (ou os campeonatos, afinal são 40 times) ainda não têm data para começar. Entre uma coisa e outra, os dirigentes ainda vão precisar entrar em consenso sobre muita coisa.

O próximo movimento, como consta na carta de intenções, é a formação de uma "Comissão de Trabalho" que será responsável por redigir os "Atos Constitutivos da Liga", ou seja, todos os documentos de fundação para uma entidade de futebol existir: um estatuto, regimentos interno etc. Ainda não foi definido quais e quantos clubes formarão esta comissão.

Os dirigentes voltarão a se reunir quando estes documentos estiverem prontos, em até 90 dias, justamente para debater e assinar o estatuto. É neste processo que a união entre os clubes será mais claramente colocada à prova, pois define toda a operação institucional da nova entidade (desde a política de governança até a divisão comercial, assuntos sempre controversos entre dirigentes).

O objetivo é definir o primeiro presidente da Liga em três meses —no caso, um dos dirigentes. Caberá a esta pessoa contratar os profissionais que vão compor a estrutura da entidade. Fala-se em CEO e diretores "do mercado do futebol", para que a administração não tenha ligação muito próxima com este ou aquele time (como era no Clube dos 13, por exemplo). Paralelamente, os clubes têm visto apresentações de empresas de auditoria e consultoria, pois mais à frente uma delas será contratada para prestar serviços à Liga.

Tudo isso faz parte da estruturação da Liga como entidade, sendo etapas essenciais para que a ideia se torne de fato viável. Só depois de subir esta montanha é que os clubes passarão a discutir assuntos mais próximos do futebol em campo, como por exemplo os patrocínios ao campeonato e o custeio do VAR.

Ainda não está claro nem para os dirigentes se haverá tempo hábil de inaugurar a Liga, o campeonato, em 2022. O sentimento geral é de que "não há pressa" para substituir o Campeonato Brasileiro, portanto o esforço não é para fazer já, mas fazer direito. Outra incógnita por enquanto é a relação da Liga com a CBF: não há intenção de rompimento, mas tampouco está definido como as duas entidades vão conviver.