A Allegra Pacaembu, concessionária que vai administrar o estádio do Pacaembu pelos próximos 35 anos, iniciou ontem a demolição do tobogã após liminar obtida na Justiça, um trabalho que vai levar cerca de três meses para dar lugar a um prédio, que será construído no local de acordo com o projeto vencedor da licitação.
Em sua participação no programa UOL News Esporte, com Marcelo Hazan, José Trajano lamenta a demolição após ter visto as imagens gravadas das máquinas trabalhando no local, cita a história do futebol brasileiro no estádio e critica a concessão feita pela prefeitura de São Paulo.
"Essa imagem que correu nas redes sociais chocou a todos os amantes do futebol e amantes da história da cidade de São Paulo. O Pacaembu, como o locutor de antigamente falava, era o próprio da municipalidade, ali teve jogo de Copa do Mundo, teve bicicleta do Leônidas da Silva, Pelé fez muitos e muitos gols, Garrincha jogou pelo Corinthians. É muita história", diz Trajano.
"Eu fico muito triste quando vejo um patrimônio nosso, patrimônio da cidade ser entregue por 35 anos à iniciativa privada e coroou com essas imagens tristes dos guindastes arrebentando o tobogã", completa.
Demétrio Vecchioli explica como se deu o processo para o início da demolição após uma série de liminares devido ao fato de o estádio ser tombado como patrimônio de São Paulo, tendo sido usada a interpretação de que o tobogã não estava no projeto inicial, já que substituiu a concha acústica e que por isso poderia ser derrubado.
"O que é triste disso tudo é que saiu a autorização no Diário Oficial de manhã e de madrugada as máquinas já estavam esperando para demolir o tobogã e o sol nasceu, elas já começaram a fazer esse serviço. Por que isso? Porque existe uma discussão se é legal ou se é ilegal derrubar o tobogã. O Pacaembu é um estádio tombado, tombado por dois órgãos, estadual e municipal, Conpresp e Condephaat, e a Justiça entendeu que era necessário que Condephaat falasse que não era ilegal derrubar o tobogã", conta Demétrio.
"Ficou um vai e vem de sentenças, liminar concedida e liminar derrubada, até que na sequência, na semana passada a Allegra Pacaembu, que é a concessionária, conseguiu uma liminar, derrubando a que proibia, ou seja, permitiu e eles não tiveram dúvida, no primeiro momento em que eles puderam, começaram a demolir. Agora não adianta mais discutir se é legal ou se é ilegal, já não existe mais o negócio. São três meses para derrubar, quase quatro meses, mas já não tem mais tobogã", conclui.
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