Lesões, improvisações, falta de gols: o que explica a má fase do São Paulo?
O empate com o Corinthians fez com que o São Paulo atingisse a inédita marca de nenhuma vitória nos oito primeiros jogos no Brasileirão. Com apenas cinco pontos somados, a equipe de Hernán Crespo ocupa a 17ª posição, abrindo a zona de rebaixamento da competição.
Os maus resultados começam a incomodar a torcida, e alguns pontos podem ajudar a explicar por que o time campeão paulista entrou em má fase no início do Brasileirão.
Lesões abundantes
O alto número de jogadores machucados nas primeiras rodadas é apontado pela diretoria como o grande problema neste início de campeonato. A avaliação é de que o esforço feito para ser campeão paulista e sair da fila de oito anos sem título está cobrando seu preço neste momento.
O São Paulo chegou a poupar jogadores na Libertadores para focar no Paulistão. Além disso, o calendário congestionado por causa da pandemia da covid-19 fez com que alguns jogos acontecessem em um espaço de menos de 48 horas entre si, o que exigiu mais do físico dos jogadores.
O time do Morumbi deixou cinco dos oito jogos do Brasileirão com jogadores machucados. Os dois últimos foram Luan e Miranda, substituídos no duelo com o Corinthians após sentirem desconfortos musculares. Antes disso, Léo já havia sido cortado minutos antes do duelo contra o Ceará por um incômodo na coxa, enquanto Luciano sentiu uma lesão muscular contra o Santos. O próprio Miranda já tivera um estiramento na coxa contra o Atlético-MG.
A única lesão que pode ser apontada como sem relação com o desgaste físico é a de Gabriel Sara. O meia sofreu uma entrada de Camilo durante o empate contra o Cuiabá e saiu de campo sem conseguir colocar o pé no chão. Os exames não apontaram fratura, mas ele ficou de fora dos dois últimos jogos do São Paulo.
Jogadores improvisados
As lesões criaram um outro problema: a necessidade de improvisar. Hernán Crespo não abriu mão da linha com três zagueiros mesmo sem poder contar com os titulares Miranda e Arboleda. No clássico contra o Santos, o argentino decidiu colocar Reinaldo na posição, com Welington jogando na ala. O camisa 6 sofreu para marcar Marinho, no jogo que acabou com vitória santista por 2 a 0. Esse expediente já havia sido testado em partida contra a Chapecoense, em casa —a diferença é que Gabriel Sara ficou na ala pela esquerda.
Nesse mesmo período, Crespo não contava com Luan, se recuperando de um edema na coxa esquerda. Um dos destaques do título paulista, ele desfalcou o São Paulo em cinco rodadas do Brasileirão. E o time do Morumbi sentiu muito a ausência de seu volante.
Sem ele, a linha de três zagueiros, ainda desfalcada, ficou desprotegida. O resultado se mostrou nos números. O time tomou o dobro de gols na temporada quando Luan não esteve em campo. Apesar de ter feito um bom jogo contra o Cuiabá, Liziero não possui as mesmas características de marcação que o camisa 13.
Erros individuais
Liziero entra no outro ponto que ajuda a explicar os maus resultados. Diante do Santos, o camisa 14 sofreu com a saída de bola. No lance em que o problema ficou mais evidente, errou o recuou para Tiago Volpi e deu de presente o gol para Pirani.
Quando questionado sobre o meia, Crespo evitou apontar problemas individuais para justificar a má fase. "Liziero é um grande jogador. Esse resultado não está chegando e o único culpado está aqui [apontando para si], não está nos jogadores. É um grandíssimo jogador, de grande personalidade, que pode errar porque a vida é saber errar, ter muita personalidade para continuar a jogar. Acredito que é um jogador muito importante como todos os outros. Se tem um culpado, sou eu", disse, depois do jogo contra o Cuiabá.
Mas não foi apenas Liziero que cometeu erros que atrapalharam a equipe. Diante do Atlético-GO, Galeano também errou na saída de bola. Ao tentar o passe, ele entregou a bola para João Paulo, que bateu por cima de Volpi e fez o segundo gol do time goiano.
Diante da Chapecoense, um lance impediu a vitória são-paulina. O time de Crespo dominava o jogo e havia aberto o placar quando, aos 37 minutos do primeiro tempo, Rodrigo Nestor esticou a perna e acertou o rosto de Léo Gomes. O árbitro decidiu dar cartão vermelho ao meia, após revisão do VAR, gerando muita reclamação por parte do São Paulo.
Com um a mais em campo, a Chapecoense equilibrou o jogo e conseguiu o empate aos 24 minutos da segunda etapa.
Nervosismo
Conforme os resultados não apareciam, o São Paulo passou a apresentar cada vez mais nervosismo em campo. O jogo em que isso ficou mais evidente foi contra o Cuiabá, na última semana, em pleno Morumbi.
O São Paulo começou bem o jogo e abriu o placar com Benítez. Um erro de marcação em uma cobrança de falta permitiu que o Cuiabá empatasse o jogo. E aí o time se desesperou. Se antes o São Paulo conseguia chegar facilmente ao gol adversário tocando a bola por baixo, depois do gol começou a forçar jogadas em velocidades para buscar o segundo gol de qualquer maneira. Acabou levando a virada em um contra-ataque.
A sorte são-paulina foi que, ainda no primeiro tempo, Rigoni cruzou e Gabriel Sara empatou o jogo. No segundo tempo, com o Cuiabá fechado na defesa, o São Paulo não conseguiu mais criar jogadas para fazer o terceiro gol.
Falta de poder ofensivo
A dificuldade apresentada contra o Cuiabá é o último ponto que pode explicar a má fase do São Paulo. O melhor ataque do Paulistão desandou no Brasileirão. Foram apenas quatro gols em oito jogos, sendo que deixou o campo sem balançar as redes em cinco rodadas.
A explicação para isso, novamente, pode estar nos desfalques. Luciano se machucou na quinta rodada. Desde então, Vitor Bueno, Rigoni e Benítez foram escalados como parceiros de ataque de Eder. Antigamente titular, Pablo tem entrado cada vez menos nas partidas - ele ficou na reserva durante os 90 minutos do empate com o Corinthians.
Um dos momentos mais marcantes do problema ofensivo aconteceu no final da partida contra o Santos. O goleiro John machucou o joelho após choque com Welington, mas teve que continuar em campo, já que Fernando Diniz havia feito as três paradas. O São Paulo não ameaçou o Santos nem com o goleiro adversário machucado. A partida terminou sem nenhum chute de perigo.
No clássico de quarta-feira (30), o auxiliar-técnico Juan Branda mexeu na escalação para tentar fazer o ataque do São Paulo ser mais efetivo. Daniel Alves foi deslocado para o meio de campo, e Benítez ficou mais avançado. Não deu resultado.
"Tratamos de buscar, tanto com o Dani quanto com o Liziero e Benítez, ocupar o meio de campo com as chegadas dos meio-campistas. Acreditamos que poderia ter acontecido mais", explicou depois do jogo.
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