Políticas conflitantes criam jogo de 'torcida única' da Inglaterra na Euro
Entre uma restrição sanitária e outra, a seleção da Inglaterra terá o Estádio de Wembley lotado em meio à pandemia de covid-19 e ainda com o benefício da 'torcida única' nesta reta final de Eurocopa. Até 60 mil torcedores estarão na semifinal contra a Dinamarca, amanhã (7), mas os dinamarqueses não podem ir.
O cenário da torcida única é efeito de duas políticas conflitantes na contenção do coronavírus no Reino Unido: uma de cuidado redobrado contra a variante delta, que tem feito os casos de covid-19 aumentarem muito no país; a outra, nem tanto. Quem chega de outro país precisa fazer quarentena, mas quem já estiver em Londres pode se aglomerar aos milhares tanto nas semifinais de hoje (6) e amanhã quanto na final de domingo (11).
Neste cenário, os 60 mil torcedores que estarão no jogo contra a Dinamarca serão ingleses em sua esmagadora maioria. O mesmo vale para a final, ainda mais se a Inglaterra se classificar. Na prática, os dinamarqueses, italianos ou espanhóis só podem ver sua seleção em Wembley se já estiverem no Reino Unido há mais de dez dias —portanto desde antes das oitavas de final da Euro, duas fases atrás— e com dois testes negativos para covid-19.
Além de tudo isso, desde o Brexit a Inglaterra já não faz parte da União Europeia, de modo que o deslocamento de estrangeiros já teria suas dificuldades mesmo que não houvesse uma pandemia em curso.
Além dos riscos sanitários em meio ao aumento de casos, o resultado esportivo de tudo isso é uma vantagem incomum para a Inglaterra. É claro que o país anfitrião tende a ter a torcida a seu favor em qualquer competição internacional, mas as semifinais e a final em Wembley com grande público e sem visitantes, durante a pandemia, acentuam esta vantagem. A Euro está sendo disputada em 11 sedes, mas a seleção inglesa só jogou fora de Londres uma vez em cinco jogos (nas quartas, contra a Ucrânia).
Variante delta aumenta temor com aglomerações
O Reino Unido registrou cerca de 161 mil novos casos de coronavírus na semana passada (28/junho a 4/julho), um aumento de 146% em 15 dias e o maior número de diagnósticos positivos no país desde janeiro, quando a segunda onda da covid-19 perdia força por lá. Também na última semana, o Brasil teve 364 mil novos casos registrados —os números são da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Há preocupação no Reino Unido por causa da variante delta, uma mutação do coronavírus que se mostra mais contagiosa. Especialistas têm alertado ainda ser cedo, mas o primeiro ministro Boris Johnson anunciou ontem (5) a suspensão da obrigatoriedade do uso de máscaras e do distanciamento social a partir do dia 19.
Na Escócia, o Ministério da Saúde relacionou cerca de 2 mil casos de covid-19 aos jogos da Eurocopa: dois terços dessas pessoas diagnosticadas (1.294) viajaram a Londres para um jogo contra a Inglaterra, incluindo 397 pessoas que teriam entrado no estádio de Wembley já infectadas, mas ainda sem sintomas.
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