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Regida por Messi, Argentina usa 3 esquemas e não tem medo de se retrancar

Messi é o destaque absoluto da seleção argentina que joga a final da Copa América contra o Brasil - Alexandre Schneider/Getty Images
Messi é o destaque absoluto da seleção argentina que joga a final da Copa América contra o Brasil Imagem: Alexandre Schneider/Getty Images

Marinho Saldanha

Do UOL, em Brasília (DF)

08/07/2021 04h00

A Argentina finalista da Copa América tem Lionel Messi como regente, mas não tem vergonha de se retrancar e já usou três esquemas ao longo da competição. Resta saber qual será a cara da equipe que vai enfrentar a seleção brasileira no sábado (10), depois de uma classificação dramática, nos pênaltis, contra a Colômbia.

Desde a primeira rodada, a Argentina carrega dúvidas. Isso porque o técnico Lionel Scaloni jamais estabeleceu um padrão, uma rotina tática para equipe. Ao longo dos jogos, alterna jogadores, características e formações.

Há quem, por isso, critique o comandante. A falta de um modelo firme gerava interrogações desde antes da competição. Nas Eliminatórias para próxima Copa do Mundo, os hermanos veem o Brasil de longe. Seis pontos separam a seleção brasileira da argentina.

E não foi diferente na Copa América. O time de Scaloni definiu como estratégia inicial o 4-3-3, atuando com um quarteto defensivo com Molina pela direita, Otamendi e Romero (quando recuperado de lesão) como centrais e Tagliafico pela esquerda. Guido Rodríguez é o volante centralizado, De Paul e Lo Cels, os centrais que ligam ao ataque. Aberto pela esquerda atua Nico González, pela direita é Messi, enquanto Lautaro Martínez é o centroavante.

Ainda que outros jogadores tenham atuado eventualmente, como Papu Gómez, Di María, Aguero, Paredes e Acuña, a base da formação é esta e foi o modelo tático que mais vezes esteve em campo.

Porém, ao contrário do que o corre na maioria dos 4-3-3, os pontas não recuam juntos para linha de meio, montando um 4-1-4-1 na fase defensiva. Na Argentina, Messi não tem atribuições de retomada e escapa da linha de meio junto com Lautaro. Desta forma, De Paul abre pela direita, deixando o centro com Guido e Lo Celso, e Nico fecha pela esquerda, montando duas linhas de quatro.

Messi como figura central

Outro esquema adotado por Scaloni durante os jogos da Copa América começa a inclinar a Argentina para uma característica que lhe é habitual no torneio: a retranca. Ao longo dos jogos, o treinador costuma adotar o "doble cinco", como os argentinos chamam. Trata-se de dois volantes tradicionais na frente de uma linha de 3 e apenas um jogador mais adiantado.

Neste caso, Paredes costuma entrar no lugar de De Paul ou Lo Celso, deixando Messi atrás de Lautaro e montando um 4-2-3-1 bem firme. Quando isso ocorre, ou em momentos de maior ameaça —como contra a Colômbia no segundo tempo— ou para conter ações rivais por dentro —a exemplo do que aconteceu contra o Uruguai—, a equipe de Scaloni passa a "dar a bola" ao adversário e procura contra-ataques em velocidade. Normalmente a ação é combinada com a troca dos pontas, que entram descansados para atacar o espaço.

Três zagueiros

Outro esquema adotado pela Argentina ao longo da Copa América foi o 5-3-2. Neste caso, Nico González deixa o time para entrada de Martínez Quarta ou Pezzella. Mas como Romero ainda não está totalmente recuperado, Pezzella tem sido titular e restam poucas opções para utilizar esta disposição de peças.

Nela, o trio defensivo libera os laterais — Tagliafico e Molina — para se unirem ao trio de centro. Messi e Lautaro, assim, jogam mais próximos e são encarregados de buscar tabelas pelo meio para ameaçar o gol rival. Normalmente é a última instância adotada pela comissão técnica de Scaloni para "segurar o placar".

Sem medo de defender

A Argentina se caracteriza por ser um time que não se preocupa muito em marcar saída de bola. Pelo contrário, prefere começar sua busca pela retomada da intermediária para trás e ocupa bem os espaços na frente do gol de Emiliano Martínez. Uma vez em vantagem, abre mão totalmente da posse e trata de "espantar" qualquer ameaça que possa surgir.

Para combater a falta de velocidade de seus zagueiros, retrai as linhas tirando o espaço às costas deles. Deixando, portanto, o duelo individual entre zagueiro e atacante como única alternativa para buscar a criação.

Uma vez com a bola, todas as ações passam por Messi. Independentemente do posicionamento que esteja determinado flutua pelas diversas partes de campo. É o jogador que mais toca na bola, que mais proporciona ataques e que, quando sua equipe é atacada, já busca um posicionamento no qual possa levar alguma vantagem. Messi não participa da defesa, mas se coloca para receber a "primeira bola" reconquistada pela Argentina.

O jogo com Brasil vale o título da Copa América e está marcado para as 21h (de Brasília), de sábado, no Maracanã.